A Assembleia Legislativa vai instalar, nesta quinta (26), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar uma possível atuação de associações de policiais militares em supostas irregularidades durante o motim ocorrido em fevereiro do ano passado.
Na teoria, buscar por respostas sobre as possíveis ilegalidades. Na prática, um confronto político que tende a ser de alta temperatura entre a base de apoio ao governo Camilo Santana e os aliados do presidente Jair Bolsonaro – que fazem a oposição no cenário estadual.
Aliás, os confrontos entre os dois grupos têm acontecido semanalmente na Assembleia, mesmo sendo um tema nacional. Sempre, o pano de fundo é a questão ideológica e, com frequência, descamba para agressões verbais e ataques pessoais. O nível está baixo mesmo.
A conjuntura exige ainda mais liderança ao presidente da Casa, Evandro Leitão. Ainda na semana passada, esta coluna entrevistou o presidente sobre a CPI que está prestes a ter os trabalhos iniciados.
A primeira questão foi o tempo para instalação da comissão. Já se passaram um ano e meio desde o motim dos policiais em fevereiro de 2020. Por que demorou tanto a criação do grupo? O presidente admitiu o lapso temporal, mas justificou que, no período, muita coisa mudou por conta da Covid-19.
“Demorou um certo tempo. Temos que levar em consideração a pandemia. Levamos um bom tempo para nos reunir presencialmente. Estamos aumentando o número de sessões agora. O contexto é outro”.
Arena política
Também questionamos ao presidente da Assembleia sobre as motivações políticas para criar o colegiado, tendo em vista o claro confronto entre base e oposição.
“Somos uma casa política e terá, sim, esse tensionamento. O que temos que ter é respeito, ser justos e investigar. Aquilo que, por ventura, tenha sido feito de forma ilícita (na atuação das associações), certamente virá à tona. Repito, temos que ser justos e dar as respostas à sociedade, que exige de todos nós”.
Base e oposição
As principais associações de policiais militares no Ceará têm pessoas ligadas a lideranças políticas como o deputado federal Capitão Wagner e o deputado estadual Soldado Noélio, ambos do PROS. Este último, aliás, é o único representante da oposição na CPI. Não há dúvidas que será um embate político. Há um jargão na política que se encaixa bem ao caso: em CPI se sabe como começa, mas nunca como termina. A conferir.
Clima quente
Desde a semana passada, em que foi informada pelo presidente Evandro Leitão a criação do colegiado, os debates na Casa estão mais acalorados. E é apenas uma prévia do que virá a acontecer nos trabalhos desta CPI. Isso vai exigir do comando da Casa uma liderança capaz de amarrar os ânimos aos ditames do regimento interno.