Depoente diz estar sofrendo ameaça e denuncia uso político de associação militar; CPI precisa apurar

Elton Regis, que já foi tesoureiro da APS, disse que todas as decisões passavam pelo crivo do deputado Capitão Wagner. Segundo ele, Soldado Noélio e Reginauro também tinham poder; parlamentares rebatem

Legenda: O depoente apresentou aos parlamentares um papel escrito à mão com supostas ameaças; tudo isso precisa ser apurado

A reunião da CPI das Associações Militares desta terça-feira (19) era para ter como foco o depoimento do ex-tesoureiro da APS, sargento Rêmulo Silva, mas foi um testemunho de última hora, de outro membro da associação, no caso Elton Regis Nascimento, que virou o centro das atenções.

O depoente chegou pedindo para antecipar o depoimento por estar, supostamente, sofrendo ameaças de morte. Ele fez revelações contundentes, mas que precisam das devidas apurações.

Entre elas estão a informação de que todas as decisões da APS passavam pelo deputado federal Capitão Wagner (UB) e se referiu a uma suposta "santíssima trindade" que seria integrada por Wagner, pelo deputado estadual Soldado Noélio e pelo vereador de Fortaleza Sargento Reginauro.

Em outro momento, o depoente disse que no ano eleitoral de 2016, questionou o aumento considerável dos gastos com combustível pela Instituição e acusou um dos dirigentes de ter retirado os adesivos alusivos à APS de um carro institucional que poderia estar sendo usado para atos de campanha eleitoral, o que, naturalmente, é vedado por lei.

Denúncia carece de apuração

Nenhuma denúncia em um processo investigativo pode ser descartada, entretanto também não pode ser tomada como verdade. Ela deve ser alvo de apurações.

Elton Regis chegou à CPI com um papel escrito à mão com supostas ameaças. Entre as frases havia uma que dizia "cuidado com o que fala". Só isso, no entanto, é muito pouco para provar algo.

A CPI, por meio do presidente Salmito filho, solicitou proteção a ele, mas mais do que isso, precisa confrontar a versão do policial, que está afastado das funções por problemas psicológicos.

Parlamentares rebatem

Em entrevista à reportagem deste Jornal Diário do Nordeste, o vereador Sargento Reginauro rebateu as falas do depoente.

"É estatutário que todo associado pode participar de uma reunião de diretoria ou assembleia, mas sem poder de veto ou voto. O que tivemos aqui hoje foi o depoimento de um ex-diretor que colocou, como respondeu ao deputado Noélio, ser incapaz de exercer suas funções, já é afastado dos quadros, está com um laudo de interdição e com a perspetiva de se aposentar por isso".
Sargento Reginauro
Vereador de Fortaleza

O parlamentar ainda alegou que o ex-diretor agiu por interesses políticos. "Ele não aceitou não ter sido escolhido para ficar na diretoria e lamentavelmente tenta agredir, nas redes sociais, o grupo político a que ele se colocou como opositor, do Wagner, do Bolsonaro etc. Não entendo (esse depoimento) como algo que mereça relevância", concluiu.

As assessorias de imprensa dos deputados Capitão Wagner e Soldado Noélio foram procuradas pela reportagem, mas não houve posicionamento até a publicação desta matéria.