Camilo, Roberto Cláudio e Capitão Wagner disputam a liderança de um novo ciclo político no Ceará

Estado passa por um momento de transição de líderes. O resultado que sairá das urnas dará evidência a um destes nomes

Legenda: O petista, pelo que indicam as pesquisas, tem mais chances de liderar o processo a partir de 2023
Foto: Montagem

O embate eleitoral de 2022, que chega às urnas neste domingo, indica mais do que a disputa pelos cargos majoritários e proporcionais no Ceará. Mais, inclusive, do que quem ocupará a cadeira de governador do Estado. O resultado do pleito sinaliza para o início de um novo ciclo de liderança política sob a disputa de um dos três principais nomes: Camilo Santana (PT), Roberto Cláudio (PDT) ou Capitão Wagner (União). 

Os três são os líderes mais evidentes em um Estado que, claramente, atravessa um momento de transição de ciclo político. Camilo Santana e Roberto Cláudio, em lados opostos neste pleito por uma circunstância partidária, foram formados no ninho governista, cujo último ciclo foi comandado pelo ex-governador Cid Gomes.

Ambos, inclusive, foram lançados por pelo ex-governador e atual senador. Roberto Cláudio, duas vezes prefeito de Fortaleza, a principal cidade do Estado. Deixou o cargo bem avaliado, tanto que conseguiu eleger seu sucessor, José Sarto. Camilo Santana, duas vezes governador do Estado, deixou o cargo para concorrer ao Senado também com altos índices de aprovação.

Ciro Gomes e Tasso Jereissati, líderes de uma geração de políticos no Ceará, caminham para passar o bastão. Cid Gomes, ainda senador, está bem menos empolgado com a vida pública.

Favoritismo do petista

Por falar em Camilo Santana, as pesquisas do Ipec, contratadas pela TV Verdes Mares, mostram o petista a frente dos dois outros nomes, com chance de se eleger com folga ao Senado, ter maioria com o candidato a presidente, caso de Lula, e também levar seu candidato ao governo do Estado, Elmano de Freitas, ao segundo turno – esta, talvez, a mais difícil missão dele nesta eleição, após o rompimento com o PDT em julho passado. 

Governador por dois mandatos pelo PT, Camilo manteve, durante todo o período, lealdade aos irmãos Ferreira Gomes, parceria que veio a estremecer apenas nesta reta final. Para esse novo ciclo administrativo, caso seja eleito ao Senado e consiga fazer o seu sucessor no Estado, Santana terá um novo cenário à frente. 

Se isso acontecer, as circunstâncias políticas darão a ele a independência para exercer a liderança do ciclo de forma ainda mais concreta. Assim como aconteceu com Tasso Jereissati e Ciro Gomes, entre o fim da década e 1980 e os anos 2000 e Cid Gomes, a partir de 2006, para ficar nos casos mais recentes. 

Perfil de oposição

Os outros dois nomes com chances de liderar o processo têm, a julgar pelas pesquisas, missão mais difícil para alcançar a posição. Capitão Wagner surgiu para a política entre 2011 e 2012 por conta do motim dos policiais militares. Ganhou evidência, apareceu como líder do segmento e teve bons resultados nas urnas nas eleições proporcionais. 

Apesar de duas derrotas seguidas nas disputas à Prefeitura de Fortaleza, em 2016 e 2020, o candidato do União Brasil chegou forte para a eleição 2022. Conseguiu a liderança de um partido robusto, atraiu o apoio de lideranças conservadoras, o que deu mais robustez à chapa e, a julgar pelo que têm apontado as pesquisas, está consolidado como a liderança da oposição no Estado do Ceará.  

Caso alcance o cargo de governador do Estado, Wagner iniciará um novo ciclo de liderança no Estado, inclusive com viés ideológico diferente. 

Liderança da Capital

Roberto Cláudio começou a atuação política na Assembleia Legislativa, de onde virou presidente no seu segundo mandato. Em seguida, foi eleito prefeito de Fortaleza, concluindo uma gestão com realizações e boa aprovação em 2020. 

O ex-prefeito já exerceu essa liderança do processo político na Capital, onde mantem uma base de apoio coesa, com o prefeito e o presidente da Câmara, além de uma forte bancada de apoio parlamentar. Nesta campanha eleitoral, a campanha partiu da Capital para o Interior.  

A terceira posição na pesquisa Ipec na disputa ao governo, entretanto, revela o desafio de Roberto Cláudio de virar o jogo neste domingo para chegar ao segundo turno. Caso termine o pleito fora do segundo turno, ele terá de traçar novas rotas para reconstruir a atuação política e, inclusive, planejar novos pleitos. Outro desafio será reconstruir o PDT após o ambiente conturbado de 2022.