No início de abril, o Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza haviam iniciado uma articulação que envolveu relações comerciais, políticas e diplomáticas com autoridades da China, país que virou o centro de produção de materiais de proteção e equipamentos médicos de alta complexidade. A produção do País asiático virou alvo de disputa internacional entre grandes potências mundiais diante do colapso do serviço de saúde com a chegada da pandemia do novo coronavírus.
As tratativas do poder público cearense surtiram efeito, embora com atraso, e o resultado mais visível da estratégia foi confirmado, ontem, com a chegada de um carregamento de equipamentos, entre eles 200 respiradores, os principais equipamentos de combate à Covid-19 para equipar a expansão de leitos de UTI em todo o Estado.
No diálogo
Na edição do dia 11 de abril, esta coluna detalhou as tratativas que envolveram a embaixada brasileira na China, o consulado chinês em Recife, as relações diplomáticas do Ceará e de Fortaleza com cidades daquele País e os entendimentos comerciais com a Meheco, a gigante chinesa que produz os equipamentos médicos. O diálogo foi aberto em um momento de alta tensão para a diplomacia brasileira, por conta de declarações polêmicas contra a China dadas por pessoas próximas ao presidente Bolsonaro, causando indisposição entre as nações.
A despeito de lados ideológicos, quando estão em jogo os interesses da população, as autoridades precisam agir para desatar os nós. No caso da China, a diplomacia se torna ainda mais importante pela própria natureza do regime político chinês e pela influência que o governo exerce sobre as empresas.
Acertaram os líderes cearenses na articulação, num momento em que vários países têm dificuldade de comprar equipamentos, mesmo pagando adiantado.
Trégua nas brigas
Por falar em relação, o presidente Bolsonaro e os governadores brasileiros terão que acalmar os ânimos de uma divergência política quase cotidiana para tratar de outro tema que vai refletir na vida das pessoas. Está marcada para esta quinta-feira (21), um encontro virtual entre as partes para tratar do projeto de socorro do Governo Federal a estados e municípios. O centro do debate é o congelamento dos salários de servidores públicos. O tema é polêmico, mas precisa de uma solução.