Aliados consideram que só há uma hipótese de Camilo Santana não renunciar para concorrer ao Senado

O governador, desde o fim do ano passado, vem pondo em prática uma estratégia para deixar tudo organizado e deixar o governo de olho nas eleições, mas algo pode mudar os planos

Legenda: É praticamente certa a renúncia de Camilo Santana para para disputar o cargo de senador nas eleições de outubro
Foto: Fabiane de Paula

Até o momento, tudo está correndo dentro do planejamento traçado pelo governador Camilo Santana (PT) para que renuncie ao cargo no início de abril, cumprindo a exigência da legislação eleitoral, e se candidate ao Senado. Até os aliados que ainda tinham alguma dúvida estão convencidos de que isso acontecerá. Há apenas uma questão que pode mudar a rota do governador. 

Desde o fim do ano passado, Camilo Santana está tomando uma série de providências para preparar sua saída do governo. Primeiro, ele comunicou aos secretários que pediria a entrega dos cargos no fim de dezembro passado para os que pretendiam sair candidatos. Havia reclamações na base de apoio de que algumas secretarias davam vantagem aos ocupantes de cargos. 

No mesmo sentido, o governador tem engajado a vice Izolda Cela (PDT) na agenda governamental, como que preparando terreno e a sucessão que deverá ocorrer em abril. Ela tem reforçado aparições nas agendas de entregas de obras e também nas questões internas do governo. Recentemente, em discurso na Assembleia, ele se referiu a Izolda e os principais auxiliares como uma “família”. 

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Do ponto de vista político, Camilo também faz investidas. Organizou e se empenhou diretamente na filiação de novos prefeitos ao PT, fazendo uma organização de um grupo, que fortaleceu a legenda para o início do embate eleitoral.

Preocupação com a pandemia

Ao preço de hoje, aliados próximos só consideram que há um assunto a preocupar o governador e que pode fazê-lo mudar a rota política: um severo recrudescimento da pandemia como o que aconteceu nas duas primeiras ondas da Covid-19 com números acentuados de mortos e necessidade, por exemplo, de isolamento social rígido. Pelo menos no horizonte de curtíssimo prazo, não parece razoável que isso aconteça. 

Caso deseje mesmo se candidatar ao Senado, o governador terá que deixar o cargo no próximo dia 2 de abril, seis meses antes do pleito que ocorrerá no primeiro domingo de outubro vindouro. 

As providências que vem tomando são no sentido de organizar a Casa para a continuidade das ações e também a acomodação de interesses dos diversos partidos aliados, principalmente PT e PDT os dois principais da aliança. Em todas as aparições públicas, Camilo tem repetido que a decisão de renúncia ocorrerá "no momento certo", assim como tem repetido a sua compreensão de "manutenção da aliança".

Disputas internas

Com Camilo concorrendo ao Senado, a tendência é que o cabeça de chapa na disputa ao governo seja do PDT e que os demais aliados disputem a indicação de vice-governador. No PDT, Roberto Cláudio, Izolda Cela, Evandro Leitão e Mauro Filho disputam a indicação do partido como pré-candidatos. 

Nos bastidores, outra disputa que ocorre no momento é para as duas vagas de suplente de senador de Camilo. Os suplentes constam na chapa, mas a rigor não fazem absolutamente nada na campanha eleitoral.  

A expectativa é que em um possível cenário de Lula ou Ciro vencedores da eleição à Presidência, Camilo, caso seja eleito, teria grandes chances de ser convocado ao Ministério e abrir espaço para o suplente. A política vive de conjecturas.