O que esperar da participação cearense em Paris?

Os resultados do ciclo olímpico indicam que será muito difícil esse sucesso se repetir em Paris

Legenda: Jogos Olímpicos de Paris 2024 começam com a disputa do futebol masculino
Foto: AFP

A uma semana da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Paris, os torcedores não escondem a ansiedade para que as disputam comecem.A delegação nacional será a quarta maior da história, com 276 atletas, atrás da Rio 2016 (quando, por ter participação obrigatória em quase todas as modalidades, o Brasil teve 462 atletas), de Tóquio 2020/21 (302) e de Pequim 2008 (277). Esse número ainda poderá crescer/diminuir em função de vagas herdadas/perdidas de última hora por causa de lesões, desistências, doping etc. 

Assim como a delegação nacional, a participação do Ceará na Olimpíada também diminuirá. O Estado cairá do recorde de 10 representantes em Tóquio (incluindo dois cearenses “radicados”, ou seja, nascidos em outros estados, mas que moravam aqui à época) para cinco na capital francesa. Serão eles, a jogadora de handebol Adriana Cardoso, os triatletas Manoel Messias e Vittória Lopes, o tenista Thiago Monteiro e o velocista Matheus Lima, no atletismo. 

Mas o que esperar da participação deles? Será que teremos chances de repetir o bronze de Juliana e Larissa em Londres 2012, última vez em que cearenses (no caso delas, nascidas fora, mas radicadas no Estado) subiram ao pódio? Ou as pratas de Shelda em Sydney 2000 e Atenas 2004 e de Márcio Araújo em Pequim 2008? 

Alto nível

Legenda: Manoel Messias conquistou o ouro na etapa sprint de Valência da Copa do Mundo de Triatlo
Foto: Arquivo Pessoal

Os resultados do ciclo olímpico indicam que será muito difícil esse sucesso se repetir em Paris. Nossa melhor chance de uma zebra parece ser com Messias. O triatleta chegou a ganhar, em 2022, uma medalha de bronze em uma etapa do World Triathlon Championship Series (WTCS), o principal circuito internacional da modalidade. Foi em Cagliari, na Itália, em uma prova que teve um percurso de ciclismo ligeiramente menor (38km, quando a distância olímpica é de 40km). Messias também subiu ao pódio em outras duas etapas disputadas no formato de “sprint”, com metade da distância olímpica, o que dificulta que esses resultados sejam tomados como base. A falta de constância no pódio torna difícil acreditar que ele repita a dose em Paris, ainda que o potencial para isso já esteja demonstrado. 

Legenda: Vittoria Lopes foi a brasileira melhor colocada na competição teste para as Olimpíadas de 2020
Foto: Foto: Vittoria Lopes

Vittória não subiu ao pódio no WTCS no ciclo e teve como melhor resultado o 6º lugar no Finals, em Abu Dhabi, também em 2022, quando ficou a apenas um segundo do bronze. Um top 10 para ela em Paris já será para comemorar. A dupla cearense vai disputar ainda o revezamento misto, ao lado de Miguel Hidalgo e Djenyfer Arnold, mas a não participação dos brasileiros nas provas mistas do WTCS e no mundial de revezamento dificulta melhores apostas – o ouro no Pan de Santiago 2023, com um ótimo tempo, porém, dá esperança de uma boa atuação. 

No handebol, a seleção feminina chegou às quartas no Mundial de 2021, mas parou na 2ª fase na edição do ano passado, sendo eliminada no saldo de gols. O azar de ter caído num grupo com quatro europeus em Paris aumenta o risco de que a ponteira Adriana Doce seja eliminada, de novo, na 1ª fase. Se quiser avançar às quartas, o Brasil terá de fazer jogos perfeitos contra as fortes Espanha, Holanda e Hungria, além de confirmar o favoritismo contra Angola (bater a atual campeã mundial e olímpica França, na casa dela, parece impossível). 

Legenda: Thiago Monteiro nas Olimpiadas de Paris
Foto: © Reprodução Instagram/@thiagomonteiro94

No tênis, Thiago Monteiro entra como azarão, mas está querendo nos iludir com seu avanço à 3ª rodada do Masters 1000 de Madrid, às oitavas de Roma e às quartas do ATP 250 de Bastad neste ano – todos disputados no saibro, assim como será o torneio olímpico de tênis, em Roland Garros. Na Espanha, chegou a vencer o grego Stefanos Tsitsipas, ex-número 3 do mundo (hoje, 12º). Na Suécia, dois dias atrás, bateu o norueguês Casper Ruud, ex-vice-líder do ranking mundial (hoje, 9º). 

Nas duplas, a parceria com Thiago Wild não tem histórico de bons resultados, o que faz de ambos franco-atiradores no torneio. 

Por fim, no atletismo, Matheus Lima, de apenas 21 anos, é um nome a ser lapidado para o próximo ciclo olímpico. O cearense vem tendo uma melhora fulminante de suas marcas nos últimos anos, mas ainda está longe do que deve ser necessário para alcançar as finais dos 400 metros rasos e dos 400m com barreiras – tem melhores marcas pessoais de 44s52 e 48s31, mas precisaria melhorar cerca de meio segundo em ambas. Duas semifinais já estarão de ótimo tamanho. Ele também deve integrar o time do revezamento 4x400m, no qual o Brasil fez 3min01s86 no último Mundial, enquanto os melhores quartetos do mundo correm abaixo dos 3 minutos. 

 

RÁPIDAS 

Projeções 

Na próxima segunda (22), a gente divulga nas redes do Bolha Olímpica no Instagram e no X , a nossa projeção de medalhas do Brasil para Paris 2024. Fique ligado que a gente também vai repercutir esse conteúdo nas mídias do Diário do Nordeste. 

Já tem Brasil na quinta 

Os fãs olímpicos já estão acostumados a isso desde Sydney 2000, mas não custa lembrar que alguns esportes começam antes mesmo da cerimônia de abertura. A participação brasileira inicia na quinta, 25, às 9h, com o handebol feminino – de Adriana Doce – estreando contra a Espanha. Às 14, tem futebol feminino, com Brasil x Nigéria. 

A Olimpíada começa na quarta 

Para quem gosta de ver tudo da Olimpíada até sem o Brasil em ação, as competições começam mesmo na quarta, com os torneios masculinos de futebol e rugby, a partir das 10h e 10h30, respectivamente.