A uma semana da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Paris, os torcedores não escondem a ansiedade para que as disputam comecem.A delegação nacional será a quarta maior da história, com 276 atletas, atrás da Rio 2016 (quando, por ter participação obrigatória em quase todas as modalidades, o Brasil teve 462 atletas), de Tóquio 2020/21 (302) e de Pequim 2008 (277). Esse número ainda poderá crescer/diminuir em função de vagas herdadas/perdidas de última hora por causa de lesões, desistências, doping etc.
Assim como a delegação nacional, a participação do Ceará na Olimpíada também diminuirá. O Estado cairá do recorde de 10 representantes em Tóquio (incluindo dois cearenses “radicados”, ou seja, nascidos em outros estados, mas que moravam aqui à época) para cinco na capital francesa. Serão eles, a jogadora de handebol Adriana Cardoso, os triatletas Manoel Messias e Vittória Lopes, o tenista Thiago Monteiro e o velocista Matheus Lima, no atletismo.
Mas o que esperar da participação deles? Será que teremos chances de repetir o bronze de Juliana e Larissa em Londres 2012, última vez em que cearenses (no caso delas, nascidas fora, mas radicadas no Estado) subiram ao pódio? Ou as pratas de Shelda em Sydney 2000 e Atenas 2004 e de Márcio Araújo em Pequim 2008?
Os resultados do ciclo olímpico indicam que será muito difícil esse sucesso se repetir em Paris. Nossa melhor chance de uma zebra parece ser com Messias. O triatleta chegou a ganhar, em 2022, uma medalha de bronze em uma etapa do World Triathlon Championship Series (WTCS), o principal circuito internacional da modalidade. Foi em Cagliari, na Itália, em uma prova que teve um percurso de ciclismo ligeiramente menor (38km, quando a distância olímpica é de 40km). Messias também subiu ao pódio em outras duas etapas disputadas no formato de “sprint”, com metade da distância olímpica, o que dificulta que esses resultados sejam tomados como base. A falta de constância no pódio torna difícil acreditar que ele repita a dose em Paris, ainda que o potencial para isso já esteja demonstrado.
Vittória não subiu ao pódio no WTCS no ciclo e teve como melhor resultado o 6º lugar no Finals, em Abu Dhabi, também em 2022, quando ficou a apenas um segundo do bronze. Um top 10 para ela em Paris já será para comemorar. A dupla cearense vai disputar ainda o revezamento misto, ao lado de Miguel Hidalgo e Djenyfer Arnold, mas a não participação dos brasileiros nas provas mistas do WTCS e no mundial de revezamento dificulta melhores apostas – o ouro no Pan de Santiago 2023, com um ótimo tempo, porém, dá esperança de uma boa atuação.
No handebol, a seleção feminina chegou às quartas no Mundial de 2021, mas parou na 2ª fase na edição do ano passado, sendo eliminada no saldo de gols. O azar de ter caído num grupo com quatro europeus em Paris aumenta o risco de que a ponteira Adriana Doce seja eliminada, de novo, na 1ª fase. Se quiser avançar às quartas, o Brasil terá de fazer jogos perfeitos contra as fortes Espanha, Holanda e Hungria, além de confirmar o favoritismo contra Angola (bater a atual campeã mundial e olímpica França, na casa dela, parece impossível).
No tênis, Thiago Monteiro entra como azarão, mas está querendo nos iludir com seu avanço à 3ª rodada do Masters 1000 de Madrid, às oitavas de Roma e às quartas do ATP 250 de Bastad neste ano – todos disputados no saibro, assim como será o torneio olímpico de tênis, em Roland Garros. Na Espanha, chegou a vencer o grego Stefanos Tsitsipas, ex-número 3 do mundo (hoje, 12º). Na Suécia, dois dias atrás, bateu o norueguês Casper Ruud, ex-vice-líder do ranking mundial (hoje, 9º).
Nas duplas, a parceria com Thiago Wild não tem histórico de bons resultados, o que faz de ambos franco-atiradores no torneio.
Por fim, no atletismo, Matheus Lima, de apenas 21 anos, é um nome a ser lapidado para o próximo ciclo olímpico. O cearense vem tendo uma melhora fulminante de suas marcas nos últimos anos, mas ainda está longe do que deve ser necessário para alcançar as finais dos 400 metros rasos e dos 400m com barreiras – tem melhores marcas pessoais de 44s52 e 48s31, mas precisaria melhorar cerca de meio segundo em ambas. Duas semifinais já estarão de ótimo tamanho. Ele também deve integrar o time do revezamento 4x400m, no qual o Brasil fez 3min01s86 no último Mundial, enquanto os melhores quartetos do mundo correm abaixo dos 3 minutos.
Na próxima segunda (22), a gente divulga nas redes do Bolha Olímpica no Instagram e no X , a nossa projeção de medalhas do Brasil para Paris 2024. Fique ligado que a gente também vai repercutir esse conteúdo nas mídias do Diário do Nordeste.
Os fãs olímpicos já estão acostumados a isso desde Sydney 2000, mas não custa lembrar que alguns esportes começam antes mesmo da cerimônia de abertura. A participação brasileira inicia na quinta, 25, às 9h, com o handebol feminino – de Adriana Doce – estreando contra a Espanha. Às 14, tem futebol feminino, com Brasil x Nigéria.
Para quem gosta de ver tudo da Olimpíada até sem o Brasil em ação, as competições começam mesmo na quarta, com os torneios masculinos de futebol e rugby, a partir das 10h e 10h30, respectivamente.