Reconhecendo nossas injustiças e generalizações, mas também nosso amor pela vida, tenho uma proposta de acordo que acomodaria nossas convicções.
A trégua consistiria em três pontos: 1. nem eu nem você replicaríamos a ideia de que isolamento e vacina não funcionam; 2. eu e você ficaríamos em casa o quanto possível, e; 3. eu e você aceitaríamos vacinar nossos corpos e de quem amamos.
O ponto de partida seria admitirmos, eu e você, que a vacinação e o isolamento podem, hipoteticamente ser a) apenas uma grande mentira ou b) técnicas eficazes para salvar vidas. Se “a” estiver certo, será uma prova de que a trama globalista esquerdista existe; se “b” estiver certo, isso poderá nos salvar a todos. Não parece razoável aceitar?
Uso a lógica porque dirijo-me, humildemente, aos que, na maioria, já venceram na vida, em diferentes classes sociais e formas de sucesso, muitos dos quais nos criaram; àqueles que duvidam bem-intencionada e sinceramente do que eu acredito; aos eleitores cujo apoio político é tão disputado, por serem merecidamente tão influentes.
Falo àqueles que, na imensa parte, às vezes com trabalho, idade ou responsabilidades demais, sem tempo e ânimo para checagem de fatos e teorias, consomem, no máximo, o cardápio que as redes sociais oferecem para continuarmos navegando – um menu composto pelo que já acreditamos, pelo que atrai nosso fígado e toca nosso coração, numa lógica que também me faz vítima, mesmo me achando tão cuidadoso (e, muitas vezes, estudioso).
Exorto os irmãos que, algumas vezes, do mesmo jeito que eu, inobstante serem tão vigilantes em tantas situações, apressam-se em classificar todos os divergentes com algum rótulo político, e nominar todo o jornalismo discordante como mídia vendida, em adjetivar todos os que abandonaram as mesmas convicções como traidores.
Sendo a prudência a principal virtude do Conservador, pergunto: se (quando) essa catástrofe acabar por conta de isolamento e vacinação, os que se opuseram, impedindo de salvar tantas vidas, seriam absolvidos na História?
Neste hipotético caso, você imagina como a sua filha, neto, amigos e comunidade, no futuro, julgariam você pelo que defendeu na Grande Pandemia de 2021? Se o oposto de conversador é o revolucionário, e você não gosta desta pecha, suplico nova reflexão.
Assim como eu não seria absolvido se fosse provado que somos vítimas de uma conspiração histérica, esses opositores também não seriam se (quando) provado que centenas de milhares de mortes seriam evitadas com vacina e isolamento, mesmo sendo cidadãos tão elogiáveis.
Para usar um exemplo histórico, os lucradores da Segunda Guerra – Goebbles, Hitler et caterva – têm a maior parte da responsabilidade, mas não toda. Políticos contam com lucrativos bons pais de família para ter poder, e essa ajuda varia desde aquele que silencia até aqueles que, verdadeiros colaboracionistas, agem como franceses que ajudaram nazistas na França invadida.
Esse escrito, feito enquanto choro quem já perdi e a distância da família, é também um pedido de clemência àquele que está lucrando, e que, no fundo, sabe que vacinar e isolar resolverá o problema, mas colhe dividendos político-eleitorais, comerciais ou jornalísticos do negacionismo. Ora, senhores: o neodireitismo já venceu, não há sombra de dúvida! É possível experimentar pelo menos o silêncio! É o que suplico de joelhos, pelo Cristo em que dizem acreditar. Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.