Grandes eventos causam grandes impactos. O Big Bang, por exemplo, causou o surgimento de todo o universo ou Eva que comeu um fruto proibido para que tivéssemos o conhecimento sobre o “bem” e o “mal”. De certo modo, rupturas precisam acontecer para que coisas novas ganhem espaço.
As cisões da vida são a causa de muitas mudanças e é na imagem que a gente percebe as primeiras transformações.
Aqui eu lembro de um episódio do seriado Grey's Anatomy, em que a personagem Lexie Grey aparece um dia com o cabelo loiro após o término com o médico Mark Sloan. Foi, provavelmente, a pior decisão que ela já tomou na vida.
Na consultoria de estilo, a gente gosta de falar que o estilo pessoal se adequa à vida que levamos hoje, ou seja, ele se ajusta à maternidade, a uma transição de carreira, ao divórcio, a uma mudança de país, à pandemia. Porém, essas grandes rupturas não precisam sempre ser externas.
Quantas mudanças acontecem dentro da gente todos os dias? Quantas fendas a gente abre em nós mesmos todos os dias?
Uma vez li que “somos instantes”, estamos sempre acontecendo e vejo nisso uma ligação claríssima com o nosso estilo pessoal. Quando eu ouço as pessoas da moda falando que “estilo evolui”, percebo que não podemos atrelar essa evolução a algo necessariamente melhor, mas a algo que sinaliza muito bem os momentos que vivemos.
Penso também que mexer no próprio visual após uma grande cisão na nossa vida, interna ou externa, é algo como organizar a raiva e defender a alegria.
Raiva é uma força motriz, que nos impulsiona para a gente agir em direção à mudança e, quem sabe, a um novo conhecido.
Claro, você pode se vestir para o sucesso, para o cargo que você quer ter e para como você quer ser percebido, mas e para a pessoa que você quer ser, como você tem se vestido?
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora