Ontem, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou estável, com uma queda de apenas 0,04%, aos 112.273 pontos. O dólar também se manteve estável, com leve alta de 0,06%, encerrando o dia cotado a R$ 5,11. O volume negociado foi raquítico: apenas R$ 20,6 bilhões. Tudo isso revela uma cautela dos investidores.
Nos Estados Unidos, houve a mesma cautela: as bolsas fecharam em queda. Por exemplo: a Nasdaq, que é a bolsa das empresas de tecnologia, fechou em queda de 1,95%.
O que chamou a atenção no pregão de ontem foram as ações da Americanas. No último dia 20, elas valiam R$ 0,77; ontem, elas subiram 20%, fechando o dia cotadas a R$ 1,45.
E muita gente, principalmente pequenos investidores, ganhou dinheiro com essa alta, que foi motivada pela percepção de que os três principais acionistas da Americanas - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira - trabalham para levantar o dinheiro necessário para garantir a Recuperação Judicial da empresa.
Essa cautela tem a ver, primeiro, com a super quarta-feira: amanhã o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil decidirá sobre a taxa de juros Selic, que deverá ser mantida nos atuais 13,75% ao ano.
Mas o interesse do mercado está voltado para o comunicado que será divulgado depois da reunião do Copom, cujo texto sinalizará a posição da autoridade monetária em relação à política fiscal do governo do presidente Lula.
Nos Estados Unidos, também o Federal Reserve, que é o Banco Central de lá, reunir-se-á para tratar do mesmo tema: a taxa de juros da economia norte-americana. Há consenso no mercado de que o FED subirá os juros em 0,25%, o que levará a taxa a oscilar entre 4,5% e 4,75% ao ano.
O que está pegando neste momento são as demissões em massa que estão fazendo as gigantes da tecnologia, como Google, Amazon, Microfoft e Apple, que, juntas, estão dispensando perto de 40 mil pessoas em todo o mundo. Essas empresas temem que o futuro próximo da economia mundial traga más notícias.
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Durante o encontro, eles trataram da substituição do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, e isto foi visto pelo mercado como tentativa de interferência do governo na independência da autoridade monetária. Resultado: os juros futuros subiram.
O presidente Lula reuniu-se ontem em Brasília com o chefe de governo da Alemanha, chanceler alemão Olaf Scholz.
Após a reunião no Palácio do Planalto, Lula disse que espera que o acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia seja aprovado até o próximo mês de julho.
Algo impossível: para que isso aconteça, esse acordo terá de ser aprovado, antes, pelos parlamentos de todos os 27 países da União Europeia, o que pode levar até dois anos.
Lula também disse ao chanceler alemão que o Brasil tem interesse em entrar na OCDE – a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento, mas sabendo de antemão que papel desempenhará na organização, na qual não quer ser apenas “um cidadão menor”.
O presidente brasileiro quer discutir as condições de entrada “de um país do tamanho do Brasil na OCDE”.