Um cearense revela: o mundo quer ser dominado pela China

Ex-presidente da Semace, José Maria Pimenta esteve na China durante um mês a convite do convite do governo chinês. E lá ouviu uma explicação que justifica a diferença entre aquele país e o Brasil.

José Maria Pimenta, agrônomo e agropecuarista cearense com fazenda de produção em Quixeramobim, fez ontem a esta coluna uma revelação a respeito do comentário aqui divulgado sobre o crescimento político, econômico, financeiro, científico, cultural e social da China – algo que o Brasil poderia ser, também, se tivesse outra elite política e não a de hoje.

Pimenta contou que, quando era presidente da Ematerce, foi convidado pelo governo chinês a visitar o país. E durante uma semana, conheceu a agricultura, a pecuária e as grandes e pequenas cidades da China, em cuja zona rural aprendeu como tirar do solo o que ele pode dar.
Ao guia de sua excursão, “um jovem de 26 anos, fluente em seis idiomas”, Pimenta perguntou:

“Vocês querem dominar o mundo?”

O chinês respondeu:

“Não, absolutamente. O mundo é que deseja ser dominado pela China”.

E emendou com uma pergunta, só uma:

“Quantas horas vocês trabalham por dia, no Brasil?”

“Oito horas”, respondeu José Maria Pimenta.

Ato contínuo, o chinês sentenciou:

“Então, como é que vocês pensam em ser como a China, se nós aqui trabalhamos 12, 13, 14, 15 horas por dia? Não há a menor possibilidade de vocês nos acompanharem enquanto cumprirem essa curta jornada de trabalho”, concluiu o guia. 

Ele, porém, não disse em que condições trabalha o operário na China. No Brasil, uma democracia que ainda luta para ser consolidada, mas com fortes instituições, o povo elege seus governantes de dois em dois anos. 

Na China, eleição não existe, pois lá o que há é uma ditadura ferrenha, de partido único, o Partido Comunista, que casa e batiza, inclusive nos costumes – é o governo que determina o número de filhos que deve ter um casal, e ponto, assunto encerrado.
 
Na economia, a China é exótica: há um modelo para o consumo externo – a presença de grandes empresas estrangeiras, que lá produzem a um custo reduzidíssimo de mão de obra e usam a melhor tecnologia disponível, além de larga oferta de matérias primas, e exportam quase tudo com grande lucro; e há um modelo política e ideologicamente centralizador que impõe ao mercado de trabalho um salário vil. 

Houve na China, recentemente, algumas conquistas, todavia nada comparado, por exemplo, ao 13º salário, nem ao FGTS, nem à licença  maternidade com os quais conta o trabalhador brasileiro.

Mas, lembrem-se, se fosse na China, a Linha Leste do Metrofor – o metrô de Fortaleza – já estaria pronta. No Brasil, faz 10 anos que ela começou a ser construída e só escavou até agora 1 dos 7,4 quilômetros que terá quando concluída – e ninguém sabe em que prazo.

Lição: cada macaco no seu galho.