PIB surpreendente faz a festa da Bolsa. O agro é destaque de novo

No primeiro trimestre deste ano, o PIB brasileiro cresceu 1,9% e surpreendeu o mercado. A B3 fechou em alta de 2% e o dólar voltou aos R$ 5.

Legenda: O milho é uma das culturas de exportação do agro brasileiro que mais têm crescido
Foto: Agência Brasil

Dia de festa na Bolsa de Valores brasileira B3, que fechou ontem com expressiva alta de 2,06%, aos 110.564 pontos, depois de três sessões seguidas de queda. E o dólar caiu 1,31%, encerrando o dia cotado a R$ 5.

A forte subida da Bolsa B3 aconteceu por três bons motivos: primeiro, pela divulgação do PIB brasileiro relativo ao primeiro trimestre deste ano, que veio acima do esperado pelo mercado; segundo, pela decisão do Congresso dos Estados Unidos, que ampliou o teto da dívida norte-americana, que é de US$ 31,5 trilhões, o que evitou um inédito calote daquele país; terceiro, pela alta dos preços internacionais do petróleo e do minério de ferro, que são commodities que o Brasil exporta.

O PIB do primeiro trimestre, segundo o IBGE, alcançou 1,9%, superando todas as expectativas dos economistas dos grandes bancos, que esperavam algo em torno de 1,3%.

Por que o PIB cresceu tanto de janeiro a março deste ano? Resposta: porque o agronegócio teve um desempenho espetacular no período, registrando um crescimento de 21%, algo impressionante.

O agro melhorou a produtividade das culturas de exportação, como soja, milho e algodão. E, também, se aproveitou dos mercados internacionais, que estão aquecidos. A China continua comprando os produtos da agricultura e da pecuária brasileiras. O PIB do agro também foi influenciado pela forte redução das importações de insumos, como lembram os economistas.

Mas – e sempre há um “mas” – os mesmos economistas dos grandes bancos estão agora dizendo que esse forte crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2023 “não é sustentável” porque a agropecuária não deverá repetir a mesma performance nos próximos três trimestres do ano. Quando os economistas erram em suas previsões, eles sempre arranjam um motivo para justificar seus erros.

Eles também argumentam que a indústria, cujo desempenho foi raquítico no primeiro trimestre, seguirá atuando de maneira franciscana, ou seja, crescendo muito pouco ou quase nada, enquanto o setor de serviços, que teve bom destaque no PIB do primeiro trimestre, seguirá crescendo. 

Resumindo: para os economistas, foi a demanda externa e não a interna a responsável pelo PIB de 1,9% no primeiro trimestre. 

Apesar desse pessimismo, há economistas apostando num PIB de até 2% no fim deste ano, algo absolutamente impensável em janeiro passado. Mas essa previsão dependerá da saúde da economia mundial, que tem emitido sinais dúbios sobre sua performance tanto nos Estados Unidos quanto na Europa e na Ásia, onde novos casos da Covid-19 na China poderão atrapalhar a retomada mais forte da atividade chinesa.

Mudando de assunto: ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad informou que o presidente Lula aprovou o plano de redução de impostos federais incidentes sobre a venda de automóveis. Esse pacote tem o objetivo de tornar mais barato o preço dos automóveis cujo valor chega até R$ 120 mil.

A intenção do governo é, mais uma vez, ajudar a indústria automobilística, cujas vendas caíram extraordinariamente. Essa queda é causada pela redução da renda do brasileiro, pela diminuição da oferta de crédito, que é consequência da crescente inadimplência, e dos juros altos.

O governo, por meio da Casa Civil, está elaborando uma Medida Provisória para o lançamento do pacote, o que deverá acontecer na próxima semana. Os impostos federais serão reduzidos para permitir que o preço dos carros caia de 1,5% até 10,9%. 

O governo deixou de falar em carros populares, porque, na verdade, um automóvel que custa R$ 60 mil não é e não será um carro popular.