Missão da Faec conhece hoje na Holanda tecnologia da Cultura Protegida

Na Serra da Ibiapaba, grandes empresas, como Rosas Reijers e Itaueira Agropecuária, e pequenos produtores já têm 350 hectares cultivados sob estufas

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 14:53)
Legenda: Cultivo protegido na região da Ibiapaba
Foto: Foto: Gabi Dourado
Esta página é patrocinada por:

Amsterdam (Holanda) – Depois de participar na semana passada, em Berlim, da Fruit Logística, maior feira mundial da cadeia produtiva de frutas, flores e hortaliças, a missão empresarial cearense integrada pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira; pelo empresário Fábio Régis, maior produtor de banana do Ceará, com fazenda de produção em Missão Velha; e pelo agrônomo Sérgio Oliveira, superintendente do capítulo cearense do Serviço Nacional de Aprendizagem Agrícola (Senar-CE), visitará hoje a Universidade de Wageningen, principal centro acadêmico holandês de ciências  voltadas para a vida e para pesquisas agrícolas.
Essa universidade – localizada a 100 km de Amsterdam, principal cidade dos Países Baixos, como é conhecida a Holanda – criou e desenvolveu a moderna tecnologia do cultivo protegido, que permite, sob estufas, a produção de flores, frutas  e hortaliças sem o uso de qualquer defensivo químico.
O Governo do Ceará, com a consultoria da Universidade de Wageningen, com a qual celebrou contrato, construirá em Barbalha um Centro de Desenvolvimento de Culturas Protegidas, que funcionará no mesmo local em que, durante muitos anos, operou a usina de açúcar de Barbalha.
No Ceará, mais precisamente na Chapada da Ibiapaba, já existem em operação, com absoluto sucesso, 350 hectares produzindo – sob a proteção de estufas – tomates, pimentões coloridos e flores. Essa tecnologia é utilizada não só por grandes empresas ibiapabanas, como a Reijers, que produz flores, ou a Itaueira Agropecuária, que produz pimentões coloridos, ambas em São Benedito, mas por pequenos hortigranjeiros da região.
Fábio Régis é um entusiasta da cultura protegida e pretende implementá-la em sua fazenda de Missão Velha, e esta é a razão de sua presença aqui. Ele quer conhecer “in loco” a tecnologia criada pelos pesquisadores de Wageningen, que conhecer qual a melhor maneira de desenvolvê-la em clima tropical e que culturas se adaptam a ela. 
O superintendente do Senar-CE, Sérgio Oliveira, por sua vez, está também muito curioso para conhecer o berço da tecnologia da cultura protegida, mas já está ciente de que ela pode ser facilmente dominada e desenvolvida por pequenos produtores rurais do Ceará, como já acontece. 
“É realmente grande a minha expectativa em torno da visita que faremos ao campus da Universidade de Wageningen e às áreas de suas pesquisas. Essa expectativa cresce à medida em que se amplia a possibilidade de levarmos para os pequenos produtores rurais do Ceará o cultivo protegido. Será um ganho de qualidade, não tenho dúvida”, comentou o superintendente do Senar-CE.
O presidente da Faec, Amílcar Silveira, é o mais entusiasmado integrante da missão cearense. Na sua opinião, “quanto mais tecnologia tivermos na agropecuária do Ceará, melhor será para o produto, para o produtor e para o consumidor”.
A missão empresarial cearense à Holanda foi toda organizada por Sílvio Carlos Ribeiro, secretário Executivo da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado e responsável pela parceria celebrada com a Universidade de Wageningen. Compromissos inadiáveis em Fortaleza impediram-no, porém, de estar aqui, mas ele mantém permanente contato com os integrantes da missão e com os pesquisadores holandeses que receberão os cearenses na manhã desta segunda-feira.
O governo estadual do Ceará espera iniciar ainda neste semestre as obras de construção do Centro de Desenvolvimento de Culturas Protegidas em Barbalha. Seu projeto arquitetônico, já elaborado, aproveitará algumas áreas da antiga edificação da extinta usina de açúcar. Essa usina faliu, desempregou centenas de pessoas e inviabilizou a cultura da cana no Sul cearense. O governo do estado, na gestão do governador Cid Gomes, tentou atrair compradores para a usina, mas esse esforço foi debalde.
Em junho de 2013, em leilão público, o governo cearense comprou a usina, pagando por ela R$ 15,4 milhões. Desativado há quase 15 anos, o que restou desse equipamento será agora transformado no núcleo central de um projeto que prevê – além do Centro de Culturas Protegidas – a instalação de “Unidades Demonstrativas (UD) em distintas regiões do estado para difundir as técnicas e realizar pesquisas com diferentes climas e culturas”, como disse o secretário Sílvio Carlos Ribeiro.
Ele adiantou a quem possa interessar: “O Baixo Jaguaribe certamente terá uma UD”.