Aconteceu o que ninguém imaginava: as fontes de energia renováveis, como a solar e a de biomassa, perderam feio para as termelétricas a gás natural, de origem fóssil, ou seja, poluentes, que levaram 97% do leilão de contratação de energia de reserva de capacidade, realizado nesta segunda-feira, 25 de outubro.
O leilão foi promovido pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg), integrada por vários ministérios.
Resultado: a conta de luz dos brasileiros, que já está cara, ficará caríssima pelos próximos meses, enquanto durar a crise energética, pois o preço da energia gerada pelo gás natural é bem maior do que o das energias solar fotovoltaica e eólica.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), uma das razões para o baixo de nível de contratação no leilão de hoje e nos anteriores, sobretudo de energia mais competitiva, é a “sobrecontratação” das distribuidoras, que possuem contratos antigos de fornecimento de eletricidade de usinas que hoje não possuem condições estruturais de entregar os megawatts acordados, a chamada garantia física.
“Por isso, é necessária uma revisão da garantia física, para que os leilões possam ter contratações alinhadas com as necessidades de geração de energia do País”, diz o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia,
O leilão de hoje contou com a participação de empreendimentos solares fotovoltaicos, eólicos, termelétricos a biomassa, óleo combustível, óleo diesel e gás natural.
Ao todo, foram cadastrados 972 projetos, totalizando 62 gigawatts (GW) de potência, o equivalente a mais de um terço da potência atual da matriz elétrica brasileira.
A fonte solar fotovoltaica foi cadastrada com apenas 78 projetos, totalizando 1,86 GW de potência. A contratação das usinas a gás natural representou 97,1% do leilão.