Futuro do Ceará será verde, graças ao H2V, diz engenheiro

Para José Carlos Braga, especialista em energia, a futura indústria eletroquímica que fabricará o Hidrogênio Verde no Pecém exportará commodities verdes, mas também atrairá um polo industrial para o retroporto da ZPE cearense

Legenda: O Hidrogênio Verde transformará Pecém em um Polo de produção mundial do H2V, segundo o engenheiro José Carlos Braga
Foto: Shutterstock

Diante do que esta coluna publicou nos últimos dias, o engenheiro em energia José Carlos Braga – que está pessoalmente envolvido em projetos de geração solar fotovoltaica e na produção de hidrogênio verde – manda dizer que a simples exportação de commodities não catapultará o Ceará a um patamar mais próspero e abundante. 

Isto quer dizer o seguinte: a economia digital tecnológica, as indústrias da mineração, do turismo, dos fármacos, da educação, da saúde e do bem-estar são fundamentais para esse salto que os cearenses desejamos, mas é o Hub do Hidrogênio e da Amônia Verdes do Pecém “que constituem hoje, certamente, a maior oportunidade deste século para fomentar a densa transformação social que o Ceará e o Brasil exigem”.

Braga pormenoriza o seu argumento:

“O Hidrogênio Verde tornar-se-á, inapelavelmente, o petróleo do século XXI já a partir de 2030, e nos próximos 25 anos, muito provavelmente, a transição energética para a economia de baixo carbono deverá estar totalmente efetivada, não somente pela escala de produção a ser alcançada, mas por uma questão de sobrevivência da biosfera, hoje terrivelmente ameaçada pelo aquecimento global e desrespeito à sustentabilidade.”

Nesse contexto, diz ele, a futura indústria eletroquímica que fabricará o Hidrogênio Verde no Pecém não terá apenas o papel de exportar commodities verdes, mas também será objeto de atração de um polo industrial pujante no retroporto da nossa ZPE, trazendo grandes corporações do Atlântico Norte e do Oriente, “que aqui se instalarão como trampolim para a exportação mundial de produtos e serviços genuinamente verdes, em todo o espectro que a sobrevivência vital exigirá”.

O Hidrogênio Verde – opina José Carlos Braga – também induz a produção de fertilizantes verdes que, juntamente com os insumos oriundos das minas de urânio fosfatato de Itataia (o projeto aguarda há dois anos o licenciamento ambiental), “poderão nos perfilar ao lado dos maiores produtores mundiais desses itens de alto valor agregado”.

Em síntese, acrescenta ele, apostar no Hidrogênio Verde significa visão de futuro, investimento em educação e produtividade, “sendo certamente o nosso ‘cavalo selado’ que poderá nos levar a uma justiça social mais rica e efetivamente ampla, a depender também, obviamente, da força e determinação do poder público no destravamento das amarras que ancoram investimentos nacionais e estrangeiros nessa direção”. 

Esta coluna pode até estar criando expectativas em demasia, mas o que surge, no fim do túnel do H2V do Pecém, é a perspectiva crescente de que o futuro da economia cearense, que prospera em outros setores, tem casamento marcado com o combustível limpo – o hidrogênio verde, produzido com energias renováveis.

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