Fiec Summit: Empresas confirmam seus investimentos no Pecém

ArcelorMittal, Fortescue, Qair, Voltalia, Aeris, Casa dos Ventos e Stolthaven Terminals e Global Energy Storage mostraram seus projetos. E reafirmaram: o H2V a ser produzido no Pecém será o mais barato do mundo.

Legenda: Os CEOs das grandes empresas que investirão no H2V no Pecém posam com o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, na abertura do Fiec Summit
Foto: Fiec / Divulgação

Se tudo acontecer como está previsto, daqui a três anos o Ceará começará a produzir hidrogênio verde no Complexo do Pecém. E se todos os cinco primeiros projetos já prontos e com licença ambiental prévia forem implantados, a economia cearense receberá na veia do seu desenvolvimento uma injeção de US$ 30 bilhões, algo como R$ 155,3 bilhões no câmbio de ontem.

Esta é só uma das boas notícias geradas ontem, primeiro dia do Fiec Summit 2024, que se realiza no Centro de Eventos do Ceará. Hoje será o segundo e último dia. No primeiro painel de ontem, as grandes empresas interessadas em investir no futuro Hub do H2V do Pecém ratificaram seu compromisso de investimento.

A australiana Fortescue, pela voz do seu CEO Luís Viga, foi a primeira a apresentar-se. Líder da mineração no mundo, a empresa está comprometida com a descarbonização do planeta e tanto é assim que mostrou imagens de seus gigantescos caminhões usados nas minas, de seus longos trens utilizados no transporte do minério e de seus automóveis, todos já movidos a hidrogênio verde. 

Depois, Viga renovou o anúncio de que o Brasil foi eleito uma das áreas do mundo em que a Fortescue investirá na produção do H2V, citando o Ceará como prioridade. E revelou que, até o fim do primeiro semestre do próximo ano, a empresa decidirá sobre o investimento de US$ 5 bilhões no Ceará.

Após a Fortescue, foi a vez da ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo. Seu CEO Erick Torres também transmitiu informações e números da empresa, o primeiro dos quais arrancou aplausos das 2 mil  pessoas que lotavam o auditório: 15% do aço produzido pela ArcelorMittal no Brasil são fabricados na sua unidade de Pecém. A ArcelotMittal tem presença em mais de 60 países e seu aço é consumido em 140 países. 

A segunda informação também foi aplaudida: no Ceará, a empresa dá emprego a 6 mil pessoas, parte das quais é terceirizada. Erick Torres alegrou mais ainda o auditório, ao dizer que “não haverá no mundo preço mais barato do hidrogênio verde do que no Ceará por causa de todas as condições objetivas aqui existentes”. E finalizou dizendo que a ArcelorMittal Pecém consumirá o H2V a ser produzido no Ceará, com o qual passará a fabricar aço verde, de alto valor agregado.

Alexandre Negrão, sócio e CEO da Aeris, que tem fábrica de pás eólicas no Complexo do Pecém, falou em seguida, anunciando logo uma novidade: sua indústria começará a produzir, nos próximos meses, cilindros leves em carbono para o transporte de oxigênio. Os novos cilindros terão uma capacidade de carga 120% maior, um peso carregado 37% menor e um peso vazio 53% menor do que o dos cilindros atuais, feitos de aço. 

O CEO da Aeris alegrou-se com a notícia de que Fortaleza ganhará uma unidade do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). “Nossa fábrica no Pecém foi idealizada e projetada por engenheiros do ITA e da Embraer. Agora, não precisarei mais ir a São Paulo para contratar engenheiros do ITA. Farei isso no ITA do Ceará”, ele disse. 

A Aeris do Pecém começou em 2010 sua atividade no Pecém, ocupando uma área de 18 mil m². “Hoje, essa área é de 225 mil m² e abriga a maior fábrica de pás eólicas do mundo. Fabricamos hoje pás de 80 metros de comprimentos”, revelou Alexandre Negrão. 

Armando Abreu, CEO da Qair do Brasil, também com projeto pronto para produzir H2V no Pecém, apresentou sua empresa, que está presente em 20 países como produtora independente de energia, sendo que o Brasil representa 50% do seu mercado. 

Ele elogiou a interação do governo do estado com a Fiec e a Universidade, disse que a Qair tem 1.100 hectares adquiridos no Pecém para instalar seu parque industrial do H2V e assegurou que não há no mundo condições naturais ideais como as que existem no Ceará para a produção mais barata do hidrogênio verde, “e esta é uma enorme vantagem comparativa”. 

Pela Casa dos Ventos, falou seu diretor de Projetos, Mark McHugh. Ele confirmou, que o Pecém é “um dos locais mais competitivos do mundo para a produção do H2V”, mas se declarou surpreso ao conversar com investidores europeus, que conhecem pouco ou quase nada sobre o projeto do Ceará para o hidrogênio Verde. Na Europa, ele disse, há atrasos com a infraestrutura, razão pela qual sugeriu maior aposta do Ceará na divulgação do seu projeto de H2V no Pecém.

Depois, falou Marcelo Schmidt, gerente geral do Consórcio Stolthaven Terminals e Global Energy Storage (GES), que será o responsável pelo terminal de amônia verde a ser construído no Porto do Pecém. 

Schmidt disse que o terminal de amônia do Pecém deverá ter dois tanques de 65 mil m³ cada um, “e será 100% verde”. As empresas do consórcio têm experiência na construção de terminais desse tipo, já tendo construído na Malásia e em Roterdã.

Por fim, apresentou-se Robert Kelin, do grupo Voltalia, uma das pioneiras na geração de energias renováveis e produtora independente de energia. A empresa está presente em 20 países. No Brasil, ela tem em operação parques eólicos com 198 turbinas cuja potência instalada é de 1,6 GW, mas em desenvolvimento ela tem projetos eólicos e solares com capacidade instalada de 8 GW.  

Kelin informou que a Voltalia pretende produzir hidrogênio verde e amônia no Pecém. Para isto, seu projeto prevê duas fases: na primeira, entre 2029 e 2030, a produção de 1,6 GW e de 160 mil toneladas de amônia; na segunda fase, 3,6 GW. Mas ele mesmo advertiu: “Há desafios a enfrentar. A caminhada é longa e tem obstáculos a serem superados.