El Niño impõe reuso urgente da água da Cagece e a redução das perdas

Para tornar rentável a futura usina de dessalinização na Praia do Futuro, a Cagece terá de diminuir ao mínimo possível as perdas de sua rede de distribuição, que estão em torno de 30%. Em Israel, a perda é de 10%.

Legenda: As perdas de água por vazamentos na rede de distribuição da Cagece chegam a 30%
Foto: Diário do Nordeste

Dois integrantes da Missão Empresarial do Ceará que, muito recentemente, visitou Israel, trouxeram de lá uma constatação importante, que é a seguinte: paralelamente à projetada construção da usina de dessalinização da água marinha na Praia do Futuro, a Cagece deve, com urgência, investir na redução das perdas de sua rede e, principalmente, no reuso da água do seu sistema de esgotamento sanitário.

“Como a rede de distribuição da Cagece perde cerca de 30% da água por vazamentos e outras causas, ela não terá retorno do investimento na usina dessalinizadora. Assim, essas duas imediatas providências devem ser adotadas agora para primeiro prevenir-se contra o que o El Niño poderá provocar em 2024 e, segundo, para viabilizar a operação da futura usina da Praia do Futuro”, disseram as fontes, pedindo o anonimato.

Essas fontes reuniram-se em Tel Aviv, cidade do Litoral israelense, com especialistas em dessalinização, que revelaram: em Israel, as perdas de água do seu sistema de distribuição estão em torno de 10 a 12%, mas a empresa responsável investe pesadamente na manutenção da rede, buscando diminuir as perdas. 

Investir na dessalinização da água do mar – algo que custa muito caro, mas é agudamente necessário naquele país de poucos recursos hídricos – é, no caso do Nordeste brasileiro, pelos mesmos motivos, uma providência vital e urgentíssima, tendo em vista a ameaça crescente do fenômeno El Niño, que provoca seca na Amazônia, secando os seus rios.
 
O El Niño, segundo revelam os institutos internacionais de monitoramento do clima, já age também no Nordeste, devendo estender-se, de acordo com os mesmos organismos, para além do primeiro trimestre de 2024, podendo reduzir o volume das grandes barragens nordestinas, inclusive a maior delas – Sobradinho. Se isso acontecer, efetivamente, a operação do Projeto São Francisco de Integração de Bacias poderá ser suspensa por falta de água.

Diante desse cenário que assusta e preocupa, as duas fontes desta matéria sugerem ao governador Elmano de Freitas que, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e da Cagece, adote, como medida emergencial, três medidas: 

1) uma blitz para reduzir ao mínimo possível as perdas da rede de distribuição de água da Cagece em Fortaleza; 

2) a imediata execução do projeto de reuso econômico da água que sai das Estações de Tratamento da própria Cagece nesta capital; e 

3) a construção, também em regime de urgência, de uma adutora tubular que leve para o Complexo do Pecém parte dessa água a ser reutilizada.

Outra providência será a celebração de outra PPP voltada para a instalação de uma usina dessalinizadora na área do Complexo do Pecém, mas com capacidade para, no mínimo, 5 m³/s (a da Praia do Futuro terá capacidade de 1 m³/s). 

Mas esse será um investimento muito caro, porém necessário diante da ameaça do El Niño.