Esta quarta-feira, 15, será um dia agitado na economia e na Política, e o motivo – além da questão fiscal que se agravará com as consequências da tragédia que se abate sobre todo o Rio Grande do Sul – é a demissão do presidente da Petrobras, engenheiro Jean Paul Prates, exonerado do cargo ontem à noite por decisão do presidente Lula, após ouvir os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Silveira, de Minas e Energia.
As últimas 48 horas não têm sido boas para a maior estatal brasileira. Na segunda-feira à noite, foi divulgado o seu balanço financeiro relativo ao primeiro trimestre deste ano, que trouxe um Lucro Líquido de R$ 23,7 bilhões, bem abaixo dos 30,1 bilhões esperado pelo mercado. Ontem, na Bolsa de Valores brasileira B3, as ações da empresa caíram. Hoje, elas deverão desabar.
No meio da noite de ontem, na Bolsa de Nova Iorque, as ações da Petrobras caíram 6,89% no pós mercado, ou seja, depois do encerramento do pregão, quando as operações prosseguem.
Aqui no Brasil, o mercado, que já temia a interferência política na Petrobras, agora tem a certeza de que ela existe, pondo em risco o plano estratégico da empresa, mais voltado para a exploração de novas áreas, como a Faixa Equatorial – que se estende desde Roraima até o Rio Grande do Norte – e investimento na geração de energias renováveis, incluindo a eólica offshore (dentro do mar), para o que já fez medições no litoral potiguar e cearense.
Para o lugar de Jean Paul Prates, foi indicada a engenheira Magda Maria de Regina Chambriard. Essa indicação já foi oficialmente comunicada ontem mesmo, por ofício do ministro de Minas e Energia, à diretoria da Petrobras.
O nome de Chambriard passará, agora, pelos processos internos de governança companhia. Ela trabalhou durante mais de 20 anos na empresa, na qual ingressou em 1980. Atuou sempre na área de produção, tendo larga experiência no setor, o que será útil, tendo em vista que o foco da empresa é, pelo menos até ontem, a exploração e extração do petróleo em águas profundas, como a do pré-sal.
Ontem à noite, a Petrobras divulgou um Fato Relevante, cujo texto é o seguinte: ““A Petrobras informa que recebeu nesta noite de seu Presidente, Sr. Jean Paul Prates, solicitação de que o Conselho de Administração da Companhia se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada. Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras.”
A Petrobras está, assim, de volta à cena da economia e, novamente, em condição desfavorável à sua imagem nos mercados mundiais. No Brasil, os economistas e os operadores do mercado financeiro e de capitais temem, outra vez, que o presidente Lula, enfrentando um período de baixa em sua popularidade, venha a interferir na política de preços de sua maior estatal.
Os ministros do chamado núcleo político do governo, com assento no Palácio do Planalto, incentivados pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, entendem que o preço dos combustíveis no mercado interno brasileiro pode ser reduzido, o que vai na contramão do que diz a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), segundo a qual o preço da gasolina estabelecido pela Petrobras está quase 20% menor do que o do mercado internacional.
A indicação de Magda Chambriard para o lugar de Jean Paul Prates pode ser a primeira providência do Palácio do Planalto para mudar não só a atual política de preços da Petrobras, mas, também, a política de distribuição de dividendos da empresa. O governo não esconde que deseja reter boa parte dos dividendos para usá-la em investimentos, o que desagrada os acionistas minoritários.
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