Crise na TI do Ceará: falta mão de obra

Cearenses que dominam a Tecnologia da Informação já trabalham em "home office" para empresas estrangeiras, que pagam até 3 vezes mais. E mais: AJE debate 5G com Anatel e Brisanet; 2) A Reforma Administrativa e os absurdos adquiridos

Na inauguração da BS Innovation, uma, digamos assim, desenvolvedora de startups, encontraram-se ontem à noite, no Mezanino Sul do edifício BS Design, os sentimentos de entusiasmo e preocupação.
 
O primeiro foi saudado, literalmente, por fortes aplausos e gritos do auditório, 90% do qual eram jovens das 12 startups que atenderam às exigências do primeiro edital da empresa, à qual se associou o empresário Beto Studart depois de ouvir uma sugestão do consultor Eduardo Gomes de Matos.

O sentimento de preocupação emergiu ao fim da inauguração do espaço em que foi instalada a BS Innovation, uma aérea de 200 metros quadrados ambientada de modo disruptivo, exatamente igual às similares norte-americanas.

“Minha situação é de quase desespero”, disse José Carlos Fortes, sócio e CEO da Fortes Informática, desenvolvedora de softwares de gestão e uma das mais antigas e eficientes empresas cearenses do setor.
 
“Falta mão de obra”, acrescentou ele, quase aos gritos, falando para o secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado, Maia Júnior, para Beto Studart, para o consultor Gomes de Matos e para este também surpreso colunista. 

Fortes passou a narrar seu drama, que, em resumo é o seguinte:

Sua empresa tem um time de 800 técnicos, muitos dos quais são graduados em informática, dominando o idioma inglês na fala e na escrita. Sobre esse contingente de talentos, avançam concorrentes brasileiros e estrangeiros, oferecendo-lhes salários até três vezes maiores. 

José Carlos Fortes causou espanto ao trio que o ouvia, ao dizer que, hoje, aqui no Ceará, há profissionais da Tecnologia da Informação trabalhando em “home office” para empresas estrangeiros, inclusive dos Estados Unidos. Ele admitiu que essa é uma concorrência brutal, quase impossível de ser barrada. Quase.

O secretário Maia Júnior animou-o, repetindo o discurso de 15 minutos que acabara de pronunciar para os que acorreram à inauguração da BS Innovation:

“Estamos criando cursos especiais para a qualificação da mão de obra para o setor de TI, que enfrenta mesmo esse gargalo”, disse Maia, sem, contudo, amenizar a preocupação de José Carlos Fortes, para quem “o futuro do mundo chegou, e é tecnológico”.

Na fala com que, em nome dos mantenedores da BS Innovation, saudou os mais de 50 jovens das startups encubadas, Fortes dissera, minutos antes, que no caminho das empresas nascentes na área de TI “haverá fracassos e sucessos”, mas aqueles serão as sementes que gerarão o êxito. 
 
“Vários de vocês ficarão milionários, mas isso não se dará da noite para o dia. Vocês não devem desanimar se as coisas não acontecerem no primeiro nem no segundo ano. A tecnologia é assim mesmo, exige paciência, perseverança e plena dedicação”.

Saudado por um curto pronunciamento do presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, que o considerou “uma mente inquieta”, Beto Studart, sócio majoritário da BS Innovation, animou a vocação tecnológica da juventude presente ao evento e prognosticou que, muito brevemente, aquele espaço será pequeno para abrigar os sonhos de outros jovens que se engajarão ao projeto.

E Maia Júnior entusiasmou o público ao anunciar que, neste momento, sua Secretaria está iniciando o trabalho de criação de “Clusters de Inovação” em diferentes regiões do Ceará, sendo seu primeiro objetivo o de preparar e qualificar a mão de obra de que necessita o setor tecnológico, principalmente o de TI.

Ele falou também sobre a posição estratégica do Ceará na área de TI, citando os 16 cabos submarinos de fibra ótia que fazem de Fortaleza o maior entrocamento do mundo, com a presença física, aqui, de gigantes do setor, como o Google.


AJE DEBATE 5G COM ANATEL E BRISANET

Imperdível o Almoço Empresarial On-line que a Associação dos Jovens Empresários de Fortaleza promoverá hoje, tendo como convidados o superintendente de Outorga e Recirsos àprestação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Vinícius Caram, e o empresário cearense José Roberto Nogueira, fundador e CEo da Brisanet, maior empresa de telecom do Norte e Nordeste do país.

Tema do encontro: “Implementação e Oportunidades do 5Gno Brasil. 
“A tecnologia 5G está sendo implementada no Brasil e irá chegar aos mais diversos setores, comvelocidades altíssima para integrar ainda mais o mundo da indústria 4.0. O novo formato do almoço empresarial da AJE on-line está dando a oportunidade de mantermos ativos os nossos eventos, trazendo empresários para compartilhar experiências com nossos associados”, diz Igor Pinheiro, coordenador da AJE Fortaleza.

O Almoço Empresarial é feito em parceria com o Coco Bambu Meireles, que enviará, por delivery, o almoço de cada participante do evento de hoje.

A REFORMA E OS ABSURDOS ADQUIRIDOS

Nos países de economia organizada, os gastos do governo com o funcionalismo público correspondem, em média, a 9% do PIB. 

No Brasil, onde as corporações do serviço público agigantaram-se a tal ponto que hoje dominam a estrutura da administração dos três poderes da República nos seus níveis federal, estadual e municipal, esse porcentual alcança 13,4%, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Pois bem, o Congresso Nacional está analisando a proposta de Reforma Administrativa encaminhada pelo Execuivo, que, entre outras coisas, põe fim a uma série de “absurdos adquiridos” pelo funcionalismo, readequando o serviço público aos padrões internacionais.

Mas essas mudanças, que afetam os altos vencimentos e proventos dos servidores ativos e aposentados, os quais serão reduzidos, só valerão para os futuros funcionários. Os atuais não terão qualquer prejuízo, permanecendo com seus direitos adquiridos.

Relator da PEC da Reforma Administrativa, o deputado Artur Maia, do DEM da Bahia, anunciou que retirará do texto original da proposta a contratação de servidores sem concurso, “para evitar a intromissão indevida da política na administração púbica”.

Esta coluna, ouvindo muitos galos a cantar sobre a Reforma Administrativa e diante dos últimos acontecimentos políticos que só fazem acentuar a polarização da política brasileira, está pessimista com relação à possibilidade de sua aprovação neste e no próximo ano.

A reforma mexerá com interesses poderosos no Congresso Nacional, no Judiciário e no Executivo, contra o que já se erguem os partidos de oposição, com o PT à frente, os quais – na antevéspera de uma eleição geral – não permitirão a votação de algo que poderá prejudicar os atuais e os futuros servidores públicos. 

Ainda não foram eleitos o governo e o Parlamento que mudarão este país do ponto de vista ético, moral, econômico, financeiro, social e cultural. 

O Brasil continuará por muito mais tempo ainda sendo o que é, o paraíso da fisiologia, da troca de favores entre os que negociam o verbo do voto pela verba do erário – se alguém duvida, passe os olhos na crônica política dos últimos 15 anos e anote o que fizeram os mais de 100 políticos indiciados por corrupção e as dezenas de empresários e executivos de empresas públicas e privadas que, pelo mesmo motivo, foram indiciados na Operação Lava Jato, que hoje morre sob a asfixia mecânica do Judiciário. 

SUDENE TERÁ EDITAL PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS

Para incentivar projetos de geração de energias renováveis, a Sudene lançará, em setembro, um edital de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de empreendimentos no setor.

Ontem, em Recife, o superintendente da Suene, Evaldo Cruz Neto, e o diretor de Planejamento e Articulação de Políticas, o cearense Raimundo Gomes de Matos, reuniram-se com o secretário de Estruturas Financeiras e de Projetos do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcelo Meireles, com os quais trataram do tema.

No ano passado, a Sudene aprovou, para a região nordestina, projetos de geração de energia eólica e solar que receberão financiamentos de R$ 8 bilhões dos fundos regionais.

CRISE: CONTA DE LUZ FICA MAIS CARA

Diante de uma crise hídrica que, segundo autoridades do Ministério de Minas e Energia, é a mais grave dos últimos 90 anos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu aumentar em 52% o valor da tarifa correspondente à bandeira vermelha grau 2, que passa de R$ 624 para R$ 9,49 por 100KW consumidos.

Pesará no bolso do consumidor e, mais ainda, no IPCA, o índice do IBGE que mede a inflação oficial no país.

Por falta de chuvas, o nível de água das barragens das usinas hidrelétricas baixou muito, razão por que o Operador Nacional do Sistema Elétrico despachou a operação de todas as termelétricas, incluindo as movidas a gás natural, a óleo diesel e a carvão mineral, entre as quais estão as instaladas no Pecém.

O governo deveria aproveitar esta crise para incentivar projetos de geração de energias renováveis, e uma das maneiras de fazê-lo, por exemplo, é orientar a Chesf e a Cemig para que invistam em empreendimentos eólicos e solares, cujos custos de instalação estão praticamente iguais aos da fonte hidráulica.

SITUAÇÃO DO GOVERNO PIORA COM NOVA DENÚNCIA

A denúncia de que o diretor de Logística do ministério da Saúde, Roberto Dias, cobrou propina para comprar 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca, pode erodir a base parlamentar que ainda tem o governo do presidente Bolsonaro.

A denúncia não é grave. É gravíssima.

O hierarca do ministério da Saúde, demitido ontem à noite, teria cobrado, como propina, US$ 1 por cada dose da vacina.

Dias teria sido indicado para o cargo pelo deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara dos Deputados e ex-ministro da Saúde e, ainda, envolvido em casos anteriores de irregularidades.