Mais dificuldades para o governo do presidente Bolsonaro.
A nova dificuldade foi causada pela entrevista coletiva que o ministro da Saúde, o sulmatogrossense Luiz Henrique Mandetta, concedeu à imprensa na tarde de ontem, sábado, 28.
Ele confrontou o presidente - ambos têm opiniões opostas sobre como enfrentar a pandemia.
O confronto aconteceu pela manhã, no Palácio da Alvorada, durante reunião de Bolsonaro com vários dos seus ministros, entre os quais Mandetta, convocada para alinhar o discurso do governo sobre o coronavírus.
Nessa ocasião, o presidente da República ouviu o que jamais imaginou que ouviria de um dos seus auxiliares.
Luiz Henrique Mandetta pediu ao presidente que modere seu discurso que considera “uma gripezinha” a pandemia do coronavírus.
E pediu que Bolsonaro desincentive a campanha “O Brasil não pode parar”, que marcava para este domingo,29, carreatas convocada por seus seguidores para as capitais e grandes cidades do País.
O ministro Mandetta explicou ao presidente que o isolamento social – o “fique em casa” – é a providência correta na ante véspera do pico dos casos de infecção do coronavírus, previsto para o mês de abril, que começará na próxima quarta-feira.
Mandetta também disse ao presidente Bolsonaro – e o repetiu na entrevista realizada na sede do seu ministério – que as crianças não podem voltar agora às escolas nem os jovens às universidades, porque levarão o vírus para suas casas e infectarão seus familiares, principalmente os idosos.
Na reunião no Alvorada, o ministro chegou a perguntar ao presidente da República se ele queria ver os caminhões do Exército transportando cadáveres, como aconteceu, e ainda acontece, na Itália.
Neste momento, Mandetta é o mais destacado e popular ministro do governo Bolsonaro.
Quando fala, é didático – todo mundo entende o que ele diz – e é convincente – já convenceu os governadores de que o isolamento social é providência correta.
Por isto, Mandetta tornou-se o que se pode chamar de “ministro imexível”.
Neste instante de crise sanitária, econômica, financeira - e agora política - o ministro da Saúde tem, declaradamente, o apoio dos governadores, dos prefeitos, dos parlamentares da situação e da oposição e, principalmente, da população.
Demiti-lo agora será um grave erro, que custará caro a Bolsonaro e ao País.
Não é nem será fácil mexer com ele nesta pandemia.
Seria o mesmo que espalhar um vírus mais letal do que o Covid-19..