Ceará lança plano para tornar-se autossuficiente em milho e sorgo
O Programa Ceará Grãos prevê, em dois anos, o cultivo de grãos em 50 mil hectares, mas a meta é chegar a 100 mil hectares. O BNB apoiará. Leia mais: 1) Pronto o Plano de Desenvolvimento da Indústria; 2) Cresce a produção de orgânicos; 3) Energia eólica bate novo recorde
No mesmo instante em que, ontem, a representação cearense da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) emitia sinais dúbios sobre a oferta de milho para os pecuaristas e os avicultores do Estado, uma comitiva de agricultores, da qual faziam parte o presidente do BNB, Romildo Rolim, e o secretário Executivo do Agronegócio da Sedet, Sílvio Carlos Ribeiro, reunia-se na Chapada do Araripe, após percorrer vastas áreas nas quais será implementado o programa Ceará Grãos.
O objetivo do programa, que será iniciado até o fim deste ano, é cultivar milho e sorgo, tornando o Ceará autossuficiente na produção desses insumos, essenciais para a avicultura e a pecuária cearenses.
Para isso, estão caminhando para a formalização de uma parceria o Governo do Estado, as federações da Agricultura (Faec) e da Indústria (Fiec), a Associação Cearense de Avicultura (Aceav), a Embrapa, o Ministério da Agricultura e outras entidades que congregam agricultores, pecuaristas e agroindustriais.
Será um investimento conjunto. Por exemplo, os avicultores da Aceav garantirão, por contrato, a compra da produção de milho e sorgo; o governo do Estado fornecerá a assistência técnica; os produtores caririenses farão o cultivo, mas os que o rejeitarem poderão arrendar suas terras para que outros o façam.
Inicialmente, a área a ser plantada está estimada em 100 mil hectares, metade da qual será alcançada nos próximos dois anos, toda ela no platô da Chapada do Araripe, 850 metros acima do nível do mar, com temperatura que varia de 15 a 23 graus centígrados e com uma pluviometria anual que garante a produção em regime de sequeiro (com água da chuva).
Amílcar Silveira, presidente do Sindicato Rural de Quixadá e do Eproce (Encontro dos Produtores Rurais do Ceará), presente à reunião de ontem, disse à coluna que está muito entusiasmado com os objetivos do programa e, principalmente, com o apoio que o Governo do Estado vem emprestando à iniciativa, que, segundo ele, é essencial para o seu sucesso.
Silveira é otimista e não esconde sua expectativa: “Será o maior programa de produção de grãos que o Ceará já viu”, diz ele.
Representantes de empresas que produzem semente de milho resistente ao estrese hídrico participaram, igualmente, da reunião de ontem, o que também entusiasmou o secretário Executivo do Agronegócio da Sedet, Sílvio Carlos Ribeiro, para quem “a soma dos esforços do governo e da iniciativa privada poderá, efetivamente, transformar o Ceará num grande produtor de grãos, livrando-nos da dependência que hoje temos de outras regiões”.
O programa começará nas próximas semanas com a implantação de áreas-piloto nas quais serão produzidos milho e soja.
Na Chapada do Araripe a média anual de chuva é de 1,2 mil milímetros, ou seja, água suficiente para qualquer projeto agrícola de sequeiro.
PRODUTOR DE LEITE DEIXA O RAMO
Por falar em milho, aqui vai uma informação desanimadora, colhida junto a uma fonte primária:
O pecuarista e industrial de lacticínios José Antunes Mota, presidente do Sindicato da Indústria de Lacticínios do Ceará (SindLacticínios), disse ontem a um grupo de agropecuaristas e avicultores que, por absoluta falta de milho, “vários produtores de leite estão abandonando a atividade, estão saindo do ramo”.
Ele explicou que o milho, assim como a soja, que também entra na composição da ração animal, é uma commodity cujo preço é ditado pelo mercado mundial.
Por causa do apetite da China e de sua população de 1,4 bilhão de consumidores, quase toda a produção brasileira de soja e milho tem sido comprada, antecipadamente, pelo governo chinês, levando para as nuvens os preços desses insumos.
Resultado: o produtor brasileiro, por óbvios motivos, prefere exportar o milho e a soja que produz, encarecendo o preço no mercado interno, que é agravado pela subida do dólar.
Para evitar que isso prossiga, a saída será o governo adotar providência para fixar quotas para a exportação de milho e soja, ideia que não passa pela cabeça do liberal ministro da Economia, Paulo Guedes, que teme acontecer aqui o que aconteceu na Argentina, que, simplesmente, reduziu a quase nada a venda de soja para o exterior, desestimulando a produção interna e desestruturando a cadeia produtiva de grãos do país.
EVENTO DO SINDIVERDE TERÁ LIMPEZA DE PRAIAS
Apoiado pela Fiec e pelo Sebrae, o Sindiverde promoverá nos próximos dias 16 e 17 (sexta-feira e sábado desta semana) um evento “on line”, que terá palestras técnicas e, ainda, uma ação prática de limpeza de praias em Fortaleza.
Objetivo do evento: tratar sobre os impactos da Covid-19 no meio ambiente e sobre como a pandemia pode servir de incentivo para o início de uma transição para um futuro sustentável e inclusivo.
As palestras, a primeira das quais será de Alcy Porto, diretor técnico do Sebrae, serão feitas na sexta-feira. A limpeza das praias, no sábado.
FORTALEZA NO BS INNOVATION
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza Esporte Clube, quarto colocado na Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol, será a atração do debate “A bola não Entra por acaso”, promovido pela BS Innovation, plataforma cearense de tecnologia e inovação.
Paz contará a história do tricolor de aço, que virou um “case” nacional.
Será quinta-feira, às 18 horas.
PAULISTA COMPRA HOSPITAL GASTROCLÍNICA
Está sendo vendido o Hospital Gatroclinica, localizado na Avenida Santos Dumont, em Fortaleza.
De acordo com a agência Estado, empresa Kora Saúde, com sede em São Paulo, por meio de sua vinculada Camburi Participações, acertou a compra de 100% do capital do Gastroclínica por R$ 80 milhões.
O valor estará sujeito a ajuste de acordo com a variação da dívida e do capital de giro da empresa que administra o hospital cearense, que é a Clínica de Endoscopia e Cirurgia Digestiva Dr. Edgard Nadra Ary.
A operação foi fechada e já comunicada ao público interno da Gastroclínica.
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA CEARENSE
Foi apresentada ontem, na Fiec, a segunda e última etapas do Plano de Desenvolvimento da Indústria Cearense Pós Pandemia, que lista as principais ações para o fortalecimento do setor industrial do Estado.
O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, que liderou a reunião, disse:
“Entregar a segunda etapa do Plano de Desenvolvimento da Indústria Cearense no Pós Pandemia me traz muita felicidade. Ele serve como uma espinha dorsal para que possamos cobrar as ações, atender demandas da Indústria e promover de forma estratégica o desenvolvimento regional de nosso estado, gerando emprego e renda”.
Estiveram presentes ao ato o vice-presidente da Fiec, Carlos Prado, que coordenou o Grupo de Trabalho que organizou o esforço de elaboração do plano; os colíderes Annette Castro (Mallory), Lauro Fiúza Júnior (Grupo Servtec), Marcos Soares (Centro Industrial do Ceará); Célio Fernando Bezerra de Melo, titular da Secretaria Executivo da Casa Civil para Modernização e Inovação Pós Pandemia; o coordenador do projeto e assessor econômico da Fiec, economista Lauro Chaves Neto.
ENERGIA EÓLICA: ONS REGISTRA NOVO RECORDE
Informa o Operador Nacional do Sistema (ONS): nesta segunda-feira, a geração de energia eólica bateu mais um recorde no Nordeste.
De acordo com ao ONS, houve, nos últimos dias três recordes.
O último, registrado hoje, às 9h28, alcançou um pico de 11.715 MW, potência suficiente para abastecer 106,8% de toda a região nordestina no momento do recorde!
Os números vêm de uma sequência inédita desde a última quinta-feira, 8, quando os ventos alcançaram o pico e levaram à geração de 11.548 MW, o suficiente para abastecer 99,2% de toda a região.
E não parou aí. Um dia depois, na sexta-feira, 9, a zero hora, a geração instantânea bateu 11.464 MW, valor correspondente ao fornecimento de 100,8% do consumo de energia da região Nordeste.
Quanto ao recorde de geração média, o último registro foi feito no dia 2 de julho, quando foram gerados 9.707 MW médios, potência suficiente para atender a 91,9% da demanda da região no dia.
De acordo com dados do ONS, a energia eólica hoje representa 10,7% da matriz elétrica brasileira e a expectativa é que chegue ao fim de 2025 alcançando 13,2%.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) e pelo planejamento da operação dos sistemas isolados do país, sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
PRODUÇÃO DE ORGÂNICOS CRESCE
O número de produtores orgânicos cresceu mais de 10% desde janeiro do ano passado, conforme o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura.
O avanço também foi registrado no campo: já são 1 milhão de hectares de área com produção orgânica, somando mais de 31 mil unidades de produção.
Para capacitar esse público de produtores conforme as melhores práticas, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou ontem a destinação de R$ 3 milhões para a assistência técnica por meio da Agência Nacional de Assistência Técnica (Anater).
“Os produtores estão dando resposta à demanda da sociedade, atendendo ao consumidor que busca um produto perto do seu ponto de consumo. Além das vantagens sociais e ambientais, temos uma grande oportunidade de negócios para a produção de orgânicos no Brasil. É um momento de celebração, de promoção para os consumidores e, principalmente, de valorização dos produtores”, declarou o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal.
A produção de alimentos orgânicos cresceu 30% em 2020, segundo dados da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis). Esse aumento de produção, consumo e procura por alimentos cultivados e processados de forma mais sustentável movimentou cerca de R$ 5,8 bilhões no mercado nacional.