A economia, o G-20 e a nova geopolítica

Uma semana de poucos eventos econômicos no Brasi. A inflação no Reino Unido dispara; na Europa, também. O G-20 reúne-se hoje sob um novo cenário beligerante da geopolítica

Legenda: Hoje, na Indonésia, reúne-se o G-20. O encontro se dá sob uma nova e beligerante geopolítica
Foto: AFP

Esta será uma semana fraca de eventos no mercado financeiro. Por exemplo: amanhã, 15, dia da Proclamação da República, será feriado, e a Bolsa de Valores B3 não funcionará. Hoje, haverá a divulgação dos últimos balanços corporativos do terceiro trimestre deste ano, devendo ser destaque o da Embraer, terceira maior fabricante mundial de aviões. 

Hoje, logo cedo, será divulgado o IBC-BR, que é o índice da atividade econômica do Banco Central, espécie prévia do PIB relativo ao último mês de setembro. Os economistas estão prevendo uma alta de 0,3%. Se isto acontecer, o IBC-BR, anualizado, deverá cair de 4,9% para 4,4%.

Como há poucos eventos, o mercado continuará atento aos movimentos da equipe de transição do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e a novas declarações dele sobre política fiscal, ou seja, sobre os gastos da próxima administração federal.

Mas há eventos no estrangeiro que interessam a quem investe no mercado financeiro. Quarta-feira, depois de amanhã, o governo do Reino Unido divulgará seu Índice de Preços ao Consmidor relativo ao recente mês de outubro, e os economistas estão apostando em uma alta de expressiva de 1,7%, o que elevará a taxa de inflação dos britânicos para 10,6%, um verdadeiro escândalo para os padrões ingleses.

E na quinta-feira, será divulgado o índice de inflação na Zona do Euro, ou seja, na Europa. Será outro escândalo, pois o mercado está prevendo um aumento de 1,5% em outubro, com o que a taxa inflacionária dos europeus chegará a incríveis 10,7%.

Hoje sairão informações importantes sobre a economia da China relativos ao mês de outubro. Serão conhecidos os dados da produção industrial, vendas do varejo, emprego e investimentos. Várias cidades da China estão sob lockdown por causa de novos casos da Covid-19, e isto tem reduzido a atividade econômica do país, que é a segunda maior economia do mundo.  

E nos EUA, contrariando todas as pesquisas (sempre elas) que indicavam vitória do Partido Republicano, foram os democratas que ganharam o Senado, onde já conquistaram 50 cadeiras contra 49 dos republicanos. A última cadeira no Senado será motivo de disputa em segundo turno, no próximo mês de dezembro, no estado da Geórgia. Se os democratas ganharem, terão a maioria da cada; se os republicanos saíram vencedores, haverá empate de 50 a 50 cadeiras, mas o voto de minerva será dado pela presidente da casa, que é a vice-presidente dos EUA, Kamala Haris, doPartido Democrata. 

Traduzindo: Donald Trump é o perdeor dessas eleições. O novo nome republicano que surge é o do recém eleito governador da Flória, Ron DeSantis.

Mas o olhares do mundo voltam-se hoje para a reunião do G-20, o grupo das 20 nações que têm as maiores economias do mundo.

Será uma reunião diferente, pois ela se dará sob uma nova perspectiva de geopolítica: neste momento, há uma divisão militarizada que separa os Estados Unidos e seus aliados europeus da Rússia. 

Os norte-americanos e os europeus estão dando total apoio militar à Ucrânia, que desde fevereiro tem parte de seu território ocupado por forças da Rússia. 

Esse novo cenário geopolítico inclui, também, uma provável aliança da Rússia com a China, cujo presidente Xi Jiping tem reiterado seu desejo de anexar ao seu território a ilha de Taiwan, cujo governo é apoiado pelos EUA. 

Os diplomatas dos países do G20 terão muita dificuldade para redigir o texto do documento que será divulgado após a reunião, que tem a Indonésia como palco.  

E para terminar: no próximo ano de 2023, a Índia ultrapassará a China no número de habitantes. Hoje, as duas nações têm praticamente a mesma população: 1,4 bilhão de almas. 

Aí surge a pergunta: como dar comida a tanta gente em um mundo que já registra escassez de água doce e de alimentação básica?