A necessidade do entendimento em torno de uma candidatura presidencial como terceira via alternativa a duas candidaturas opostas e já postas para 2022 surge mediante a compreensão de que tais extremos opostos são igualmente nefastos.
A construção de uma opção moderada e democrática deve ter como pressuposto o fato de que tanto o populismo de esquerda, representado por Lula, quanto o populismo de direita, representado por Bolsonaro, são faces de uma mesma moeda: moeda do atraso, antiga, sem valor, que o Brasil precisa deixar para trás.
Dada a natureza desses populismos autoritários que se antagonizam, a terceira via pode ser chamada simplesmente "via democrática": via que requer paciência na sua construção, mas também alguma audácia.
Apesar das evidentes dificuldades, há espaço na sociedade e tempo hábil para que se viabilize. Porém, não se pode perder tempo com quem não se mostra disposto a construí-la, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O PSDB postula a candidatura de terceira via e já apresentou alguns dos seus quadros como opção. A liderança mais reconhecida do partido deveria, pois, trabalhar para fortalecer um nome no campo social-democrata ao invés de descer do muro para o chão da via populista-corrupto-autoritária ao confraternizar com Lula e adiantar-lhe voto em segundo turno, capitulando mais de um ano antes da eleição.
O que se espera das lideranças de centro, centro esquerda e centro direita é que deem um passo para a frente e não para trás. Se não querem que a crise da democracia venha a destruí-la, que busquem a atitude correta e as reformas adequadas aos novos tempos e não se acovardem a ponto de apoiar políticos e partidos obstinados em conseguir o privilégio da impunidade, colocar os brasileiros uns contra os outros, assaltar os cofres públicos e aparelhar instituições para se eternizarem no poder.
Não dá para defender a democracia fazendo de conta que Lula é um democrata.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.