No Ceará, homens em cargos de liderança recebem salários até 230% maiores do que suas colegas mulheres. É o caso de profissionais de extração de petróleo: predominantemente masculino, o setor paga até R$ 23 mil para os chefes, mas as líderes têm remuneração de apenas R$ 6,9 mil.
Os números constam na plataforma de inteligência da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), de 2022, último ano disponível.
A pesquisa contemplou ocupantes de cargos de alta gestão, incluindo diretores, gerentes e dirigentes públicos. Os dados comprovam que, embora haja progressos, as mulheres ainda enfrentam obstáculos para ascender e se consolidar em posições de liderança.
Diante dessa realidade, a adoção da agenda ESG pelas empresas se torna urgente para transformar o mercado de trabalho marcado pela desigualdade de gênero, complementando as políticas públicas.
O caso recente envolvendo o empresário Tallis Gomes, fundador do aplicativo Easy Taxi e CEO da G4 Educação, que vilipendiou da capacidade das mulheres de exercerem cargos de chefia, exemplifica bem o anacronismo detectado pelos dados e o papel do setor privado nesse processo.
A igualdade salarial entre homens e mulheres é garantida por lei desde a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), sancionada em 1943. No entanto, na prática, a realidade é outra, principalmente porque não havia fiscalização. Em 2023, foi criada a legislação nº 14.611/2023 para aplicar sanções mais duras a quem descumprir a regra.