IA de varejo: como chegamos ao ponto de inflexão e por que isso revoluciona o mercado

Nas empresas, a adoção de Inteligência Artificial tornou-se inescapável. Descubra o que impulsionou essa revolução silenciosa e como líderes visionários se adaptam

Legenda: A recente ascensão do ChatGPT colocou a IA em destaque nos mais diversos campos
Foto: Banco de imagens

Era uma sexta-feira à noite e eu estava em busca do filme para relaxar após uma semana agitada. Como de costume, a Netflix sugeriu um título que parecia ter sido escolhido especialmente para mim. Enquanto me acomodava para assistir, uma reflexão me ocorreu: não era apenas na escolha de filmes que a Inteligência Artificial influenciava (e até decidia) minha vida. Era a playlist personalizada que o Spotify criava todas as semanas, o assistente virtual que otimizava a agenda e até as análises de mercado que produzia, repletas de insights gerados por algoritmos.

Em um mundo onde a IA se tornou tão intrínseca ao nosso cotidiano, comecei a ponderar:

Como essa revolução silenciosa se infiltrou tão profundamente em nossas vidas pessoais e, mais crucialmente, em nossos negócios?

A ascensão da IA

A ideia de máquinas pensantes tem fascinado a humanidade por décadas. Embora a Inteligência Artificial possa parecer uma inovação do século XXI, suas raízes se aprofundam na história da tecnologia, com visionários sonhando com máquinas que poderiam emular a capacidade humana de pensar e aprender.

Em 2011, esse sonho começou a tomar forma de maneira palpável. Lembro-me quando o Watson, da IBM, não apenas competiu, mas venceu campeões humanos no "Jeopardy!". Mais do que um simples computador, Watson simbolizava a promessa da IA - uma máquina que podia entender e processar linguagem natural.

A partir daí, a revolução ganhou força. Assistimos à ascensão de assistentes virtuais como Siri e Alexa, que incorporaram a IA em nossas rotinas diárias, tornando a tecnologia mais pessoal e acessível.

Mas foi com o surgimento do GPT, da OpenAI, que a IA realmente começou a mostrar seu potencial transformador. Com a habilidade de gerar texto de maneira coerente e contextual, o GPT não apenas demonstrou o avanço da IA, mas também sinalizou sua migração do laboratório para a rotina diária dos executivos.

E, agora, estamos em um momento decisivo. Acredito que, com o GPT, atingimos o "ponto de inflexão" da IA. Como Everett Rogers observou em sua Teoria da Difusão de Inovações, a adoção de inovações não é instantânea, mas um "processo ao longo do tempo". O GPT exemplifica isso, marcando a transição da IA de uma ferramenta especializada para uma força acessível e onipresente.

Quando me refiro a IA de Varejo, me refiro justamente a essa democratização de acesso que não apenas permitiu que muitos pudessem utilizá-la, mas também capitalizar sobre ela, criando novas funcionalidades e até novos negócios.

Disrupção antecipada: Gen AI

A Inteligência Artificial generativa, ou gen AI, está redefinindo os paradigmas tradicionais de negócios e inovação. Esta forma avançada de IA não se limita a responder perguntas com base em dados existentes; ela é capaz de criar novos conteúdos, soluções e ideias. Imagine uma ferramenta que não apenas fornece respostas, mas, também, propõe novas questões, abrindo portas para inovações inexploradas.

A gen AI está se tornando um pilar fundamental para empresas que buscam manter-se à frente da curva de inovação. Seu potencial para transformar setores inteiros é imenso, desde a otimização de processos de negócios até a criação de novos produtos e serviços que antes eram sequer considerados.

A empresa americana de consultoria empresarial Mckinsey estima que a IA generativa poderá gerar o equivalente a US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões anualmente em faturamento para indústrias, em 63 casos de uso analisados. [The Economic Potential of Generative AI, Mckinsey, junho 2023].


Em outra recente pesquisa da McKinsey, de agosto de 2023, em menos de um ano após a introdução de diversas ferramentas baseadas em IA generativa, um terço dos entrevistados confirmou a implementação desta tecnologia em ao menos uma vertente de seus negócios. Adicionalmente, 79% dos participantes da pesquisa reconheceram ter tido algum tipo de interação com a gen AI, seja no ambiente profissional, ou em suas vidas pessoais.

Além disso, de forma impressionante, cerca de um quarto dos executivos de alto escalão admitiu que estão incorporando ferramentas de gen AI em suas atividades diárias.

No entanto, nem tudo são flores. Menos da metade dos respondentes sinalizou que suas organizações estão ativamente abordando o que veem como o principal desafio da IA: a possibilidade de imprecisão nos resultados e a cautela com a segurança da informação. A IA, antes um tema técnico discutido principalmente em departamentos de TI, agora ocupa a agenda estratégica dos líderes empresariais. Atualmente, ela se posiciona como uma força determinante, remodelando a forma como as empresas operam, inovam e competem.

Acesse a pesquisa completa aqui: https://www.mckinsey.com/capabilities/quantumblack/our-insights/the-state-of-ai-in-2023-generative-ais-breakout-year

Em face desses avanços e desafios, é evidente que a IA já não se limita a ser uma tecnologia para nichos específicos. Atualmente, ela é uma parte essencial da estratégia dos mais diversos setores do mercado. Enquanto as empresas buscam capitalizar sobre suas vantagens, também devem ser cautelosas e proativas na mitigação de riscos. A jornada da IA no mundo dos negócios é tanto promissora quanto complexa, e os líderes visionários serão aqueles que equilibram inovação com responsabilidade.

So What da IA:

  1. Compreensão profunda: primeiro, é essencial entender que a IA não é mais uma ferramenta de nicho; é uma força dominante que está redefinindo setores inteiros. Empresários devem investir para compreender suas nuances e potenciais aplicações em seus respectivos campos.
  2. Investimento estratégico: não se trata apenas de adotar a tecnologia, mas de integrá-la estrategicamente em operações, produtos e serviços. Isso pode envolver a formação de equipes dedicadas, parcerias com startups de IA ou investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
  3. Mitigação de riscos: como a pesquisa da McKinsey apontou, a imprecisão é uma preocupação. Portanto, enquanto se adota a IA, é crucial estabelecer protocolos para validar outputs e mitigar riscos relacionados à segurança da informação.
  4. Educação contínua: o campo da IA está em constante evolução. Oferecer treinamento regular para a equipe e manter-se atualizado sobre os avanços mais recentes é vital para manter a competitividade.
  5. Visão de futuro: A IA está aqui para ficar. Empresários devem começar a visualizar um futuro em que a IA não é apenas uma ferramenta, mas um parceiro estratégico. Isso envolve repensar modelos de negócios, estratégias de mercado e até mesmo a cultura organizacional.

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