Está cada vez mais comum a descoberta do diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em adultos, adolescentes ou mesmo idosos. A busca inicia-se com a sensação de que algo é diferente, onde há desafios sociais, emocionais ou comportamentais que não podem ser explicados facilmente. É crescente também a demanda de pais que chegam nos consultórios buscando o diagnóstico e tratamento para os filhos e acabam identificando os próprios sintomas.
Pesquisas apontam, que muitos adultos que são diagnosticados tardiamente, possuem autismo leve (nível de suporte 1), tendo em vista que os graus moderado e grave (níveis de suporte 2 e 3) são reconhecidos mais cedo.
Além disso, sabemos que, anteriormente, o diagnóstico era confundido com outras condições, eram considerados apenas tímidos demais, antissociais, ou recebiam outros diagnósticos, como esquizofrênicos.
O TEA é um espectro, o que significa que há uma ampla variedade de formas que ele pode se manifestar. Como trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento, os sintomas devem vir desde a infância. Porém, a depender da intensidade, alguns indivíduos podem ter sintomas mais evidentes desde o início, enquanto outros podem apresentar sintomas menos perceptíveis. Além disso, observamos que é comum ao longo do tempo, os adultos desenvolverem estratégias que mascaram e disfarçam o autismo, o que torna o diagnóstico ainda mais difícil.
Um sintoma muito frequente que ouvimos nos consultórios em adultos é a chamada “ressaca social”. Onde o indivíduo sente-se extremamente cansado, após uma exposição social, seja numa festa ou jantar.
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Embora os sintomas sejam diversos e expressos de maneira individualizada. No geral há dificuldades em:
Caso alguém se identifique com algum aspecto do transtorno, deve procurar um neurologista ou psiquiatra. Muitos solicitam a avaliação neuropsicológica para ajudar no diagnóstico. O tratamento é focado nos prejuízos mais aparentes, onde são feitos trabalhos como dessensibilização sensorial e psicoterapia. É realizado por uma equipe multidisciplinar, que além de psicólogos, podem incluir fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais. A depender do caso, o tratamento medicamentoso também é necessário.
Precisamos compreender que o diagnóstico tardio não define o indivíduo, mas sim marca o início de uma jornada de compreensão e adaptação. A revelação envolve um misto de emoções, onde há tristeza e ansiedade sobre o desconhecido, mas há também o alívio em finalmente entender o que estava acontecendo.
É uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida, onde o indivíduo e a família juntos, podem compreender e superar os desafios de forma mais consciente e resiliente.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora