Luiz Otávio é muito ídolo do Ceará, daqueles incontestáveis. A partida contra o Oeste, nesta quarta-feira (19), serviu para exemplificar a grandeza do atleta na história recente alvinegra. Em campo, o zagueiro falhou nos lances capitais do adversário, mas terminou aplaudido, ou melhor, ovacionado pelos torcedores presentes.
A reação é de respeito com quem tanto se doou ao clube de Porangabuçu. O simbolismo cresce porque o momento do Vovô está longe do ideal, peca na qualidade técnica e, por isso, Luiz Otávio é um respiro de confiança. A regularidade o configura como pilar em tempos de crise, a presença transmite confiança para um zagueiro que aprendeu a causar euforia sem gol, apenas com raça e entrega.
Na verdade, há umas três temporadas que desfila, atua acima da média do futebol nacional. De longe, é um dos melhores da posição e só não tem o destaque proporcional pelo CEP - a tônica que ofusca o brilho dos representantes nordestinos e os esconde inclusive da Seleção.
Assim, o crédito é vasto, em abundância. Os números de 2019, apenas na Série A do Campeonato Brasileiro, o qualificam como tal.
- Jogos: 26
- Gols: 2
- Assistência: 1
- Média de toques: 51
- Aproveitamento dos passes: 88%
- Lançamento certo: 65%
- Desarmes: 36
- Duelos no chão ganhos: 59
- Total de duelos ganhos: 139
- Cortes: 119
- Interceptações: 49
O apoio é um gesto nobre, de erguer quem nunca cai. O reflexo de sinergia se impõe ao ser abraçado pela arquibancada - naquele jogo específico, por centenas que transformaram a Arena Barueri na casa do Vovô.
Aos 31 anos, o auge de Luiz Otávio não é finito, se constrói dia após dia. Em 2020, a apresentação tem oscilado, faz parte do início de trabalho. No time centenário, o carioca está no rol das lendas como Dimas Filgueiras, Fabrício, Lula Pereira e tantos outros. Em São Paulo, os poucos representaram milhares em um abraço coletivo. Luiz Otávio sempre merece respeito.
Que sirva de caminho para o sentimento positivo. Antes, Mateus Gonçalves também havia sido vaiado, no jogo com o Bahia, e conseguiu o tento de empate. Como a principal torcida organizada do clube informou: "Existe local e hora para protesto. Durante os 90 minutos é apoio 100%". Quem faz o Ceará é grande.
Ascensão no futebol
Luiz Otávio chegou ao Ceará em 2017 para defender o 13ª clube na carreira. A recepção não foi de gala e o status era de aposta, uma vez que o defensor acabara de ser rebaixado para a Série C do Brasileiro com a camisa do Sampaio Corrêa, onde havia feito 50 jogos na temporada.
No início foi reserva sob o comando de Gilmar Dal Pozzo. O zagueiro aproveitou uma lesão do titular Sandro para estrear pelo Vovô ao lado de Rafael Pereira, apenas na 8ª rodada do Campeonato Cearense - vitória sobre o Ferroviário por 1 a 0, com gol de Magno Alves. A atuação impressionou e foi determinante para a sequência da idolatria: dois títulos estaduais e um acesso para a elite do futebol brasileiro no currículo, únicas conquistas do jogador como profissional.
O curioso é que o Alvinegro não foi o único manto cearense vestido por Luiz Otávio. Em 2013, foi peça chave no Icasa, semifinalista do Campeonato Cearense e 5º colocado na Série B do Brasileiro, maior campanha nacional da história do Verdão.
O resto é história. Cobiçado por Flamengo e Grêmio, Luiz Otávio tem contrato com o Ceará até o fim de 2021.