Bernardo Rezende, popularmente e mundialmente conhecido como Bernardinho, um dos maiores campeões da história do voleibol, conquistou mais de trinta títulos importantes em vinte e dois anos de carreira como técnico nas seleções brasileiras feminina e masculina.
Pela Seleção Brasileira Feminina, conquistou seis medalhas olímpicas consecutivas (de 1996, em Atlanta, e a de 2016, no Rio de Janeiro): dois bronzes, duas pratas e dois ouros. Pela Seleção Brasileira Masculina, conquistou dois ouros olímpicos (2004 e 2016).
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Nesta semana, Bernadinho aceitou o convite da Confederação Francesa de Voleibol para comandar a Seleção Masculina de Voleibol da França, com a missão de levar o time para as Olimpíadas de Paris, em 2024.
Fui companheiro de Bernardinho nos anos 1970, eu jogava basquete, e ele vôlei no Fluminense Football Club.
Ele sempre foi um atleta que primava pela excelência, era muito dedicado e profissional, sempre foi o primeiro a chegar na quadra para treinar. Desde esta época, já demonstrava o quão disciplinado era, o que o diferenciava e chamava mais atenção nele.
Sempre foi um líder em suas equipes, era o capitão em todos os times em que jogou. No Flu, na Seleção Carioca e na Brasileira já apresentava o seu dom de liderança.
A firmeza e a plasticidade dos gestos do levantador Bernardinho eram bonitas de se ver, ele dominava o toque muito bem com deslocamentos sempre precisos e sóbrios, além de respeitar as regras e diretrizes do seu time.
No esporte em geral, os membros de uma equipe se tornam mais produtivos e jogam melhor quando seus treinadores e capitães os conduzem com respeito, sem serem autoritários, e esta é a forma de agir de Bernadinho que o diferencia de outros profissionais. É um estudioso do esporte, sempre levou muito a sério todas as atividades que desempenhou.
Quando começou a carreira como técnico, sempre voltou seu olhar para os atletas, mostrando o melhor caminho a ser seguido.
Ser líder é fazer com que seus atletas sigam seus passos e exemplos agindo de forma firme e severa, mas da maneira cordial, tratando o outro como gostaria de ser tratado.
O primeiro técnico de Bernardinho foi o Bené, que lhe mostrava a melhor maneira de agir através de seu próprio comportamento, com educação e generosidade.
O cuidado com o atleta e com o seu desenvolvimento integral é uma marca registrada deste monstro da liderança e de conquistas no voleibol. Quando interferimos de forma indevida no crescimento do atleta isso atrapalha a sua maturação e gera uma reação adversa e agressiva.
Nunca desrespeite o posicionamento de seus comandados, cada um tem uma vida e uma história que interferem com o seu jeito de ser. Como retribuição ao bom convívio e respeito que o Bernardo tem pelos atletas, ele é respeitado por todos os que comandou e é muito admirado.
É o maior treinador de esportes coletivos da nossa história!
Na década de 1970, a França passou a ter um Ministério dos Esportes e um olhar cuidadoso para esta área, que consequentemente passou a ser mais profissional. O sucesso esportivo do país foi fruto de um trabalho de estimulo à prática esportiva da infância até o alto rendimento, com uma política esportiva muito bem estruturada.
O trabalho ampliou o horizonte do esporte profissional, passou envolver e conectar os setores dos quais o esporte depende para trabalhar com alta performance, integrou a parte médica fisiológica, a psicologia, a nutrição, a fisioterapia e a gestão aos atletas e suas equipes para que a França se tornasse a potência olímpica que é hoje.
O bom acolhimento francês aos imigrantes também contribuiu no desenvolvimento e na diversidade de seus atletas. Os resultados obtidos com este trabalho em prol da política e valorização esportiva trouxe bons frutos e resultados em muitas modalidades esportivas francesas, tanto em mundiais como em olimpíadas foram glorificadas com muitas medalhas.
Posso citar alguns craques do franco esporte tanto no futebol: Mbappé, Zidade, Platini, como também no basquete: Rudy Gobert, Tony Parker, no judô: Teddy Riner, no tênis: Caroline Garcia, entre tantos outros.
O modelo francês pode ser um ótimo exemplo a ser aplicado aqui no nosso país, e assim poderíamos, certamente, ser o País do Esporte.
Bernardinho transcende e vai além das expectativas do que é ser um profissional perfeito do esporte. Está no Olimpo, é um Deus do Esporte!
A sinergia do Deus Bernardinho com a França se dá meio século após os primeiros passos deste gênio nas quadras e coincide com a mesma época em que houve uma mudança de mentalidade na forma de fazer esporte no país da cidade luz.
O salto deste amigo revolucionário no esporte mostra que, com fé e muito esforço, ele conquistou o título de ser a Nossa Excelência no esporte, as suas medalhas refletem, reluzem e trazem esperança e motivação para que novos atletas e técnicos possam se esmerar a trilhar o mesmo caminho vitorioso que o de Bernardinho.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.