Como se libertar das emoções que nos adoecem e nos destroem?

Higiene mental envolve compreender e analisar tudo aquilo que nos preocupa ou nos impede de viver em paz e harmonia, seja conosco ou com quem está ao nosso redor

Escrito por
Adalberto Barreto producaodiario@svm.com.br
Legenda: Cabe a cada um de nós filtrar, compreender e liberar sentimentos negativos, buscando cultivar emoções saudáveis como perdão, empatia, gratidão e serenidade.
Foto: Rido/Shutterstock

Não é o ambiente ao nosso redor que causa adoecimento e nos destrói, mas aquilo que permitimos entrar e permanecer em nossas mentes e em nossos corações. Muitas vezes, os fatores externos são inevitáveis, mas o que realmente nos afunda são as emoções que guardamos internamente.

A sabedoria popular nos alerta: quem guarda azeda, quando azeda estoura e quando estoura fede. São as mágoas, ressentimentos, raivas e frustrações que guardamos que nos adoecem e prejudicam profundamente nossa vida e a vida de quem convive conosco. Quando permitimos que essas emoções permaneçam em nós, elas acabam nos afetando mais do que qualquer situação externa.

Ninguém consegue impedir as tempestades que surgem em nossa história familiar. Porém, cada pessoa pode decidir o que será acolhido no próprio coração. Essa escolha é fundamental para manter o equilíbrio emocional e não permitir que os sentimentos negativos dominem nossa vida e que os vendavais dos conflitos destruam nossa paz.

Podemos escolher o que permitimos permanecer em nosso interior. Cabe a cada um de nós filtrar, compreender e liberar sentimentos negativos, buscando cultivar emoções saudáveis como perdão, empatia, gratidão e serenidade.

Essa escolha consciente nos fortalece diante das adversidades e nos permite viver de forma mais leve e equilibrada. No percurso da vida, é inevitável que enfrentemos momentos em que nos sentimos sobrecarregados, frustrados ou até mesmo perdidos. Passamos por dificuldades na convivência com os outros e, às vezes, perdemos o sentido da nossa caminhada.

Para seguir adiante de forma saudável, é fundamental que façamos paradas estratégicas para realizar uma verdadeira higiene interior, revisando nossas decisões, reconhecendo nossos equívocos e promovendo faxinas regulares em nosso ser.

É importante, nesse processo, evitar se culpar e se autopunir, boicotando sua própria felicidade. Somos todos imperfeitos, humanos com cicatrizes que nos identificam e revelam nossa trajetória de vida e humanidade.

Diferente dos anjos e santos, que habitam outra dimensão imaterial onde não há dor, nós vivemos em uma realidade marcada por desafios e aprendizados. Reconhecer e aceitar nossa condição humana é um passo fundamental para aliviar o fardo que, muitas vezes, carregamos por medo ou vergonha de nossas imperfeições.

Não desanime diante das dificuldades; siga sempre em frente, reconheça suas limitações e valorize cada avanço, por menor que pareça. Dê o passo que seus antepassados não conseguiram dar, promovendo mudanças que podem transformar não só sua vida, mas também a de quem está ao seu redor.

Assim como cuidamos da higiene física usando água e sabão, nossa higiene mental envolve compreender e analisar tudo aquilo que nos preocupa ou nos impede de viver em paz e harmonia, seja conosco ou com quem está ao nosso redor. A higiene social acontece quando respeitamos as diferenças de ideias, opiniões e atitudes presentes no ambiente em que vivemos, fortalecendo o respeito mútuo.

Por fim, a higiene espiritual se dá ao nos conectarmos com valores espirituais, cultivados por meio das diversas expressões religiosas, como preces, mantras e ensinamentos, que renovam nossa esperança e nos ajudam a encontrar sentido para a vida. Ao praticarmos essa higiene interior, é possível renovar nossas forças, ressignificar experiências dolorosas e abrir espaço para sentimentos mais positivos.

Esse processo exige autoconhecimento, disposição para o diálogo interno e coragem para enfrentar nossas próprias sombras. A cada limpeza emocional, nos aproximamos mais de uma vida plena, livre dos pesos que nos impedem de avançar e de construir relacionamentos mais saudáveis. Ao reconhecer a importância desse processo, percebemos que a verdadeira transformação vem de dentro.

É preciso coragem para olhar para si mesmo com sinceridade, identificar sentimentos nocivos e buscar formas saudáveis de lidar com eles. Estabelecer rotinas de autoconhecimento, como meditação, reflexão e até mesmo conversas honestas com pessoas de confiança, pode ser um caminho eficaz para promover essa limpeza emocional e tornar o coração um lugar mais acolhedor e leve.

Perdoar é ato de autocuidado

O perdão desempenha um papel essencial nesse processo de cuidar do que permitimos entrar em nosso coração. Ao perdoar, liberamos o peso das mágoas, ressentimentos e raiva, permitindo que sentimentos negativos não se acumulem e nem definam as condutas em nossa vida. O perdão não significa esquecer ou justificar o que aconteceu, mas sim escolher não carregar mais as dores do passado, abrindo espaço para a paz interior e o equilíbrio emocional.

Assim, perdoar é um ato de autocuidado e liberdade, ao impedir que emoções negativas controlem nossas ações e pensamentos, permitindo seguir em frente de forma mais leve e saudável. Além de perdoar o outro, muitas vezes precisamos aprender a nos perdoar pelas mágoas que causamos em pessoas que amamos ou por atitudes impensadas diante de pessoas vulneráveis.

Ser humano é reconhecer que, em momentos de fragilidade, impulsos inconscientes podem nos levar a comportamentos e palavras que geram dor e sofrimento em quem convive conosco. Cada um de nós é como uma terra fértil, carregando tanto sementes boas quanto ruins, herdadas de nossos antepassados.

Quando as ervas daninhas de sentimentos e atitudes negativas surgem, cabe a nós identificá-las e arrancá-las com coragem e determinação.

Se negligenciarmos esse cuidado, elas podem crescer e sufocar as boas sementes, impedindo que floresçam alegria, respeito e harmonia em nossas relações. Compreender essa dinâmica interna é fundamental para uma convivência mais saudável, pois cuidar do nosso terreno interior é um trabalho constante de autoconhecimento, aceitação e transformação, independentemente de nossa vontade inicial.

É importante lembrar que, ao longo da vida, todos cometemos erros e enfrentamos situações em que nossas atitudes podem ter causado consequências indesejadas. O processo de autoaceitação e perdão pessoal é essencial para aliviar o peso dessas experiências e seguir em frente com mais maturidade e serenidade.

Aprender a olhar para si mesmo com compreensão e gentileza nos permite transformar culpas em aprendizados, fortalecendo nosso crescimento emocional. É fundamental reconhecer que, ao nascer, trazemos conosco sementes e marcas deixadas por quem veio antes de nós, carregando não somente aprendizados, mas também sofrimentos e culpas herdados dos nossos antepassados.

Muitas dessas questões foram fonte de dor nas gerações anteriores e, se não forem transformadas, arriscamos repetir padrões que continuam prejudicando nossos relacionamentos e nossa convivência. Por isso, cabe à nossa geração assumir o papel de promover as correções e mudanças que eles não conseguiram realizar, utilizando o conhecimento aliado à consciência para eliminar aquilo que ainda nos fere e impede o florescimento de relações mais saudáveis e harmoniosas.

Nesse processo de cuidar das emoções internas, a tolerância, a compaixão e a empatia desempenham papéis igualmente fundamentais. A tolerância nos permite conviver com diferenças e compreender que nem todos agem ou pensam como nós, evitando julgamentos precipitados e ressentimentos.

Já a compaixão abre espaço para o acolhimento do outro, reconhecendo suas dores e fragilidades, favorecendo o perdão e a construção de relações mais saudáveis. A empatia, por sua vez, nos ajuda a enxergar as situações sob a perspectiva do outro, promovendo compreensão e respeito mútuo.

Ao praticar esses valores, criamos um ambiente interno mais harmonioso, facilitando o processo de liberar sentimentos negativos e fortalecer emoções positivas, como a serenidade e a gratidão. Assim, tolerância, compaixão e empatia são aliados importantes na busca pelo equilíbrio emocional e pelo bem-estar.

Nesse processo libertador, é muitas vezes difícil porque são questões acumuladas por gerações e, de repente, você é confrontado com uma montanha de entulhos que tornam a vida um fardo pesado. Exige um esforço hercúleo. Vale salientar que, quando superamos, a alegria e o sentimento de vitória são imensos também porque você libertou a todos que não conseguiram libertar-se e você ainda libera seus descendentes de ter que passar por essas situações frustrantes.

Cada passo dado por você foi seguido por outros passos invisíveis de pessoas que já se foram. Tua cura torna-se cura coletiva. Cresço com o universo. É importante ressaltar que, ao superar essas barreiras, a alegria e o sentimento de vitória são imensos.

Afinal, ao conquistar essa libertação, não somente nos libertamos individualmente, mas também liberamos todos que vieram antes e não conseguiram se libertar de tais situações frustrantes. Além disso, permitimos que nossos descendentes não precisem passar pelas mesmas dificuldades.

Cada passo que damos nesse percurso é acompanhado por outros passos invisíveis de pessoas que já se foram, mostrando que nossa cura é, na verdade, uma cura coletiva. Ao curar nossas dores, promovemos a transformação e o alívio de todo o grupo familiar e ancestral, tornando esse processo libertador um legado para as próximas gerações.

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