Metade final de 4° temporada de Rick & Morty traz verdadeiro potencial da série de volta

Nova leva de episódios já havia sido transmitida, mas foi disponibilizada na Netflix na última quinta

Legenda: Como todo mundo já deve ter visto por aí, a primeira metade da quarta temporada (que até semanas atrás era a única disponível no streaming) traz arcos fracos e histórias que não aprofundam os princípios básicos já construídos na série
Foto: Foto: reprodução/Adult Swim

Dias atrás fiquei pensado sobre o tema certo para a coluna dessa semana, já que, prestes a entrar de férias, é até complicado pensar em algo novo ou produção recente para comentar por aqui. Então, na quinta passada, a Netflix resolveu finalmente disponibilizar os episódios restantes da quarta temporada de Rick & Morty, o que além de me deixar feliz, me deu inspiração. Para quem acompanha as tais "aventuras" dos protagonistas, não deve ter sido uma grande novidade, visto que eles já haviam sido transmitidos na TV e poderiam ser encontrados facilmente na internet. No entanto, para a colunista que vos escreve, foi a oportunidade perfeita de escrever sobre algo que realmente gosto antes dessa pausa de um mês. 

Rick & Morty sempre foi meio uma surpresa para mim. Não comecei a vê-la por conta das resenhas abordando as piadas inteligentes e das construções de roteiro baseadas na ciência de forma genial. Na verdade, conheci meio na procura por algo bobo para ver e acabei gostando dos personagens desbocados ou até mesmo da forma auto-irônica com a qual os criadores da série retratam a própria obra. Talvez tenha, inclusive, sido esse o motivo pelo qual o início da quarta temporada não me pareceu tão auspicioso. Para além da quebra narrativa, já que a primeira parte foi lançada bem antes, ela tem claramente uma qualidade inferior ao já visto nas temporadas passadas, e falo disso com detalhes agora.

Mas vamos recapitular um tanto, não? Enquanto o terceiro ano finalizou de forma quase magistral, logo após ter que lidar com a pressão desenvolvida pelo público nas duas temporadas anteriores, agora os rostos principais parecem não ter uma definição completa. Basta, novamente, focar nesse início do novo ano. Enquanto na terceira, Rick & Morty se firmou como uma produção cheia de questões filosóficas, até mesmo onde o sci-fi está cercado de mitologia, a primeira parte foca nas aventuras semanais, nas quais nada realmente se conclui.

Legenda: O ressurgimento de arcos antigos da série também trazem o ponto alto para esta segunda parte da temporada
Foto: reprodução/Adult Swim

Para mim, somente com essa nova parte disponibilizada recentemente podemos enxergar um caminho até o último episódio. O destaque talvez fique, logo de cara, com o episódio Never Ricking Morty. Confesso que foi até difícil de assistir sem a expectativa: a confusão de entender sobre o que o episódio contava e perceber a metalinguística contida no audiovisual assustam nos primeiros minutos. Mesmo assim, este talvez seja o primeiro ponto positivo ao se enxergar no balanço do conjunto da temporada em questão. Na tentativa de não parecer tanto amarga, destaco também o fim do segundo episódio, como algo bom, e não posso deixar de citar a inutilidade do quarto.

Finale

Diante de tudo isso, a dúvida do espectador talvez tenha sido só uma: quando essa temporada vai me surpreender. Se você, como eu, ainda não tinha assistido até a última quinta, o recado é de que parte dos altos e baixos são compensados no fim. Quando todos os arcos pareciam fracos demais para sequer ganharem uma conclusão, os criadores da série entregaram algo único no derrareito episódio.

Mais uma vez, voltam as questões que cercam Rick nos últimos quatro anos, a melancolia por trás das piadas e aventuras vividas pelos personagens da série e até mesmo o relacionamento entre eles, que ganha um destaque maior agora. No fim das contas, quando nosso protagonista -não tão querido assim- perde parte da confiança, é que se sabe da profundidade do que pode vir pela frente por meio da animação. Resta aguardar mais Justin Roiland e Dan Harmon.