Recuperação do Aeroporto de Fortaleza será lenta e tímida após pandemia do novo coronavírus

Legenda: Diretor-executivo e CEO da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), Luis Felipe de Oliveira
Foto: Foto: Divulgação/Alta

As perspectivas para a recuperação do movimento de passageiros no Aeroporto Internacional de Fortaleza não são nada animadoras. Com um tombo de 90% no tráfego e a suspensão de voos internacionais, por conta da pandemia do novo coronavírus, a retomada na Capital será lenta e tímida

A estimativa do diretor-executivo e CEO da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), Luis Felipe de Oliveira, é que os voos domésticos devem retornar em um primeiro momento. Já os voos internacionais voltariam integralmente apenas no fim do ano.  

"Os voos domésticos devem começar a recuperação em Fortaleza de uma forma mais tímida, pois no início não teremos as operações de passageiros em trânsito, já que os voos internacionais só voltariam em uma segunda etapa. Hoje é difícil prever quando o hub estaria completamente recuperado, pois temos que considerar que, além da retomada dos voos internacionais, teríamos que contar com a recuperação da economia. A redução de poder aquisitivo dos passageiros e a desvalorização do real, somados à insegurança de voar, podem interferir na retomada do hub", afirma.

Pelas estimativas da Alta, os voos internacionais serão os últimos a serem retomados em Fortaleza. "Novamente afirmo: tudo vai depender da evolução da Covid-19 e das respostas sanitárias a ela. O que temos neste momento é uma previsão de que tráfego aéreo internacional entre a região e outros continentes seja retomado apenas depois do doméstico e do regional, ou seja, mais para o fim do ano de 2020", reforça.

Luis Felipe também reforça que a crise econômica afeta a indústria da aviação e que tudo vai depender de pacotes de estímulo às companhias nacionais e às internacionais que voam para Fortaleza. 

"Sem dúvida, teremos uma retração do mercado em número de voos, aeronaves e destinos. Os voos de todas as companhias foram drasticamente reduzidos no mundo inteiro e quando os aviões começarem a voar novamente será dentro de uma nova realidade que precisará ser reavaliada pelas empresas. De toda forma, reitero que o hub de Fortaleza apresentou resultados positivos e isto deverá ser levado em consideração, principalmente se, no âmbito nacional, as companhias aéreas conseguirem manter a conectividade do hub".

Importância de Fortaleza
Tendo um centro de conexões aéreas, Fortaleza também se destaca por ser um destino turístico. Este aspecto possivelmente tornará a cidade mais atrativa para turistas que devem preferir viagens nacionais em um primeiro momento no pós-pandemia.   

"O hub de Fortaleza é um exemplo disso (de desenvolvimento socioeconômico). Penso que será necessário tê-lo em operação para a recuperação econômica do País. Acredito que, à medida em que as operações das companhias aéreas voltarem à regularidade de acordo com a demanda que irá surgir, conseguiremos enxergar melhor este movimento. Além disso, Fortaleza é um destino turístico importante no Brasil e a retomada da indústria começa pela aviação doméstica. Os passageiros darão preferência por voos dentro do País pelos custos", afirma Luis Felipe.

Mercado brasileiro
O Brasil tem elevada importância na aviação na América Latina e Caribe, representando 40% do movimento da região. Entretanto, o caminho de recuperação é longo para o setor que deve atravessar uma retomada lenta. Além disso, tudo vai depender da evolução da pandemia no País. O diretor-executivo da Alta reforça a tendência de retorno dos voos domésticos a partir de junho em países cujo tráfego aéreo é mais intenso, como no Brasil, no México, Colômbia e Chile.  

"Em seguida, poderíamos ver a retomada dos voos intrarregionais, ou seja, aqueles entre os países da região (dependendo das restrições de cada um dos países) e só depois então a volta do movimento internacional extrarregional, a partir de e para países de fora da América Latina e Caribe. De qualquer forma, tanto no Brasil quanto nos outros países da região, provavelmente não veremos antes de dezembro de 2021 números de passageiros e voos nos patamares em que se encontravam em 2019".