Um salto do circo para a selva

Legenda: Manifestação de povos indígenas em Brasília
Foto: Agência Brasil

Hoje não ocuparei os leitores da coluna com a CPI da Covid, porque alguns senadores já estão completamente desmoralizados por vários depoentes que, ao serem inquiridos de forma jocosa, caluniosa e agressiva, ousaram escancarar o prontuário criminoso de Omar Aziz, Renan Calheiros e de outros inquisidores, o fazendo diretamente e às vistas da audiência televisiva que aquele circo catártico (termo que designa o remédio que apressa e aumenta a evacuação intestinal) consegue diariamente graças à imoderação, arroubos, e pela falta de seriedade dos sabotadores que atuam como verdugos e donos da única verdade, naquele bunker-de-delinquentes-chapa-branca.  

Hoje vou abordar temas igualmente controversos: índios, natureza e energia, já que algumas regiões do Brasil poderão sofrer escassez energética devido a uma possível estiagem que se avizinha no Sudeste. 

Indígena
Legenda: Registro de um concurso de beleza, realizado em 2017, no município de São Félix do Xingu, no sul do Pará, na semana dos Povos Indígenas.
Foto: Thiago Gomes/AG. Pará

Vejam que bela Top Model pode ser essa jovem Ameríndia da Geração Banda Larga do Xingu! Pele bronzeada; cabelos negros, lisos e longos; lábios carnudos e olhos castanhos escuros penetrantes, esplêndida de vigor e de beleza. Seria a encarnação de Eva vestida na própria pele, inteiramente nua, tal como a serpente que induziu Adão a desobedecer ao bom Deus para desfrutar das tremuras da carne no Paraíso.  

Para quem está conectado ao paraíso cyber da web, utilizando energia hidráulica das usinas que os naturalistas histéricos tanto condenaram nos anos pregressos, é cômodo demais pretender que grande parte de uma civilização formada por 12,5 milhões de brasileiros permaneça fora dos contextos por falta de energia elétrica, um item básico e indispensável à vida humana nos tempos que correm e mais ainda no futuro próximo.  

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Para os naturalistas, ambientalistas, ecologistas, preservacionistas e onguistas - que vivem em casas iluminadas, climatizadas, sem mosquitos, com água bombeada e aquecida por força elétrica das turbinas de Itaipu, Furnas, Salgadinho, Xingó e outras mais, usando roupas lavadas à máquina e passadas à ferro elétrico, rodeado de móveis de madeira de lei ou fora da lei, podendo trabalhar em espaços refrigerados e andando por ruas iluminadas e, ao final da canseira do dia, como é sublime ir ao barzinho da esquina para ouvir uma boa música, tomando umas geladíssimas - é de fato cômodo não aceitar que a Amazônia se desenvolva aos padrões das demais regiões que à distância a dilapidam todos os dias.  

Aos políticos, preservacionistas e os onguistas exaltados contra a privatização da Eletrobras e contra os novos projetos de produção de energia hidráulica, esses que querem “amerindianizar” os descendentes dos meus antepassados, índios da Amazônia, eu sugiro que ponham em prática as suas teses, começando por se desconectarem agora mesmo da web, em seguida desliguem a energia de suas casas; do prédio, da rua, do bairro, da cidade inteira, e tentem viver assim apenas por uma semana. Eu não gostaria de testemunhar a confusão que causariam, para não dizer, o caos.  

Para os caras pálidas que criticam as propostas ambientais do Presidente Bolsonaro, esses que pensam que os ameríndios são apenas bichos do mato, como os são as pacas, antas e caititus; que são incapazes de se desenvolverem, material e intelectualmente, aos padrões dos ditos civilizados, por isso mesmo não carecem de energia elétrica; eu afirmo com tranquilidade: estão redondamente equivocados, pois no meio da selva de bichos há uma Geração Banda Larga de AMERÍNDIOS BRASILEIROS de todas as idades que adoram o conforto, o regaço de um lar com peixes e biritas à mesa, e são fascinados por engenhos tecnológicos, tais como: computadores, celulares, filmadoras, motos, carros, aviões, e apreciam filmes, teatro, artes, joias, pessoas bonitas, adoram futebol e muitos ali são torcedores do Corinthians, Flamengo e da Seleção Brasileira.  

Os ameríndios da aldeia de Álvaro Tukano são "famintos de tecnologia" e estão convictos de que o aprendizado e a inclusão digital são muito mais importantes para a vida deles, do caçar bichos na selva. Takuno afirma que só a tecnologia poderá salvá-los do canibalismo cultural e da exclusão social levada à cabo pela igreja esquerdista, pelos onguistas financiados com dinheiro nosso, e por esses caras pálidas que subjugam as potencialidades e necessidades da Amazônia com sua gente.  

Os jovens ameríndios do Xingu que descobriram o feitiço da internet (fibra ótica), estão questionando os dolorosos ritos e castigos impostos pelos anciãos das suas tribos e querem viver com o mesmo conforto a que assistem nas novelas e filmes.  

 
Eu tenho orgulho da minha ancestralidade ameríndia (sou bisneto de uma velha feiticeira do Rio Guaporé) e conheço bem a Amazônia brasileira - onde meu pai, ao regressar da 2ª Guerra Mundial, trabalhou na construção da linha telegráfica de Porto Velho a Rio Branco e onde trabalhei a serviço da Petrobrás, na construção da Transamazônica; de modo que, não posso levar a sério esse bom mocismo de ambientalistas e ecologistas que todo dia degradam o próprio entorno impunemente. 

Então, senhores inimigos das privatizações e do progresso, por favor não me venham com o argumento fajutos de que os povos da Amazônia não precisam da energia. Precisam sim, e urgentemente, pois é precisamente lá onde a natureza oferece uma das maiores reservas hídricas do mundo e essas potencialidades devem, sim, serem aproveitados agora e já, em benefício dos índios e de todos os brasileiros, afinal, sem investimentos privados nas diversas formas de produção de energia não haverá desenvolvimento sustentável nas comunidades que vivem secularmente ameaçadas pela ganância e estupidez de naturalistas e onguistas picaretas que não sabem sequer apontar no mapa onde fica o Xingu.  

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.