O Complexo Portuário do Pecém vai receber investimentos da ordem de 5,4 bilhões de dólares. Muito dinheiro para uma iniciativa inovadora: a instalação de uma usina que vai produzir Hidrogênio Verde, a nova aposta em combustível a partir de fontes de energias renováveis para reduzir a emissão de gases de efeito estufa em nossa atmosfera. A proposta, na verdade, já passou de uma simples ideia e foi efetivada, na prática, no último dia 19 de fevereiro, em sessão solene no Palácio da Abolição.
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A proposta de produzir energia limpa no Porto do Pecém ganhou a atenção da Federação das Indústrias do Ceará e da Universidade Federal do Ceará. Coincidência? Claro que não. As duas instituições possuem a credibilidade e o respeito de quem entende de tecnologia, ciência e, claro, economia. Por isso, o secretário Maia Júnior, titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho foi buscar o apoio da FIEC e da UFC.
O objetivo não é apenas produzir, o que por si só já seria uma grande conquista, mas também comercializar o produto a partir de nossas vantagens geográficas em relação a outros países. Assim, o Ceará está pronto para ter o seu HUB de Hidrogênio Verde.
O governador Camilo Santana está entusiasmado e otimista: “O estado do Ceará parte na vanguarda que é a produção de Hidrogênio Verde. O mundo inteiro busca produzir energias renováveis, produzir energia limpa. E surge uma tecnologia de produzir uma nova energia que é o hidrogênio a partir da água. A fórmula da água é H2O, então através de um processo de hidrólise, como chamam, você tira o hidrogênio e produz energia, inclusive, é a única energia verde renovável que pode ser transportada. Nós podemos exportar essa energia para o mundo inteiro. O objetivo aqui hoje é transformar o Ceará, transformar o Porto do Pecém num grande HUB de produção de Hidrogênio Verde e exportar para Europa, Estados Unidos e África”, diz Camilo.
Pelo jeito o governador está em dia na disciplina de química. O processo é exatamente esse. Uma corrente elétrica separa o hidrogênio do oxigênio na fórmula da água. Assim se a energia for obtida a partir de fontes renováveis como eólica e solar, por exemplo, a energia é produzida sem a emissão do CO2, o dióxido de carbono famoso por ser um dos mais perigosos poluentes do ar.
Projeto na prática
A empresa australiana Enegix Energy será a responsável pelo projeto em solo cearense. Ela vai construir a usina para a produção do Hidrogênio Verde e terá o acompanhamento de um Grupo de Trabalho criado pelo governo para a implementação do HUB.
Outro bastante entusiasmado com a proposta é o Secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno: “O hidrogênio Verde é a grande alternativa energética para o futuro. Vai utilizar as fontes de energias renováveis como a energia eólica e energia solar e através de um processo chamado hidrólise vai separar o hidrogênio do oxigênio e esse hidrogênio vai ser utilizado como energia, inclusive, podendo ser armazenado, vendido e até mesmo exportado. O porto do Pecém é o local ideal porque lá nós temos uma ZPE (Zona de Processamento de Exportação). Que é uma área única no Brasil onde se pode comercializar tanto para o estrangeiro como para o próprio país com baixo custo. Do ponto de vista ambiental não poderia ter notícia melhor”, comentou o secretário.
O vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa ressaltou a importância da iniciativa para um futuro muito próximo: “Projeções internacionais mostram que em 2050 o Hidrogênio representará 18% de toda energia consumida no mundo. O Hidrogênio Verde é produzido através de fontes renováveis e com a instalação HUB no estado, o próprio Ceará deverá reduzir a emissão de poluentes e ampliar as oportunidades de negócios”, disse o deputado estadual Acrísio Sena.
Além da produção e comercialização, as instituições que compõem o Grupo de Trabalho já estão detalhando a proposta de logística de distribuição do produto. E, nesse caso, o Ceará também já tem uma alternativa caseira e de confiança para esse serviço. O secretário Maia Júnior admite que a CEGÁS (Companhia de Gás do Ceará) pode fazer esse trabalho com muita qualidade.
Fumaça Negra
O Ceará já vem adotando uma política rigorosa de combate à emissão de gases poluentes no estado. Em 2020, operações realizadas pela Semace contra a Fumaça Negra culminaram na vistoria de mais de 400 veículos em Fortaleza, Região Metropolitana e cidades do interior.
As operações foram iniciadas em março quando a Superintendência Estadual do Meio Ambiente distribuiu suas equipes nas estradas estaduais, nas regiões do Cariri e Sertão Central, e também na capital cearense. Dos 404 veículos vistoriados pelos agentes da Semace, 27 foram multados. No mesmo período, a Gerência de Análise e Monitoramento da autarquia estadual emitiu 524 certificados de índices de Fumaça.
A Fumaça Negra é resultado do desgaste dos componentes de combustão e a falta de manutenção regular de veículos, principalmente, ônibus, caminhões e transportes alternativos, muito embora automóveis de pequeno porte também apresentem esses problemas.
Para medir o índice de emissão da fumaça negra a Semace utiliza a Escala de Ringelmann que possui cinco colorações, variando de cinza claro ao preto total. As emissões de 20 e 40% estão dentro dos padrões estabelecidos. Já nas de 60, 80 e 100% o veículo é multado. A partir da autuação, os veículos têm até 15 dias para passar por uma nova vistoria na sede da Superintendência Estadual do Meio Ambiente. Caso irregularidade tenha sido sanada, o proprietário do veículo pode receber uma redução de 50% do valor da multa, que pode variar de R$ 2.046,60 a R$ 8.186,40.
A Fumaça Preta pode causar muitos danos à saúde humana, tais como, irritação aguda na pele, nos olhos e também nos aparelhos respiratório e cardiovascular.