Trump ameaça cantar vitória antes do fim da apuração para criar narrativa de fraude

Legenda: Duelo de septuagenários: Joe Biden, 77,se vencer, rouba de Trump, 74, título de presidente americano mais velho da história
Foto: AFP

Um clima de suspense se instala, nesta terça (3), no mundo com a eleição do 46º presidente dos EUA. Donald Trump promete contestar o resultado das urnas, em caso de derrota. A apuração dos votos pode se estender por dias e até semanas diante do risco de o republicano acionar a Suprema Corte alegando fraudes. 

A noite desta terça tende a ser caótica. Trump pode cantar vitória antes do fim da contagem dos votos, provocando confusão. Nas principais cidades dos EUA, há risco de tumulto nas ruas. Comerciantes protegem seus prédios com tapumes. Sem saber quem realmente venceu, o mundo sofrerá uma transição de poder repleta de incertezas. Esse ambiente hostil pode prejudicar o ritmo de recuperação econômica mundial.

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Jornalistas veteranos nunca viram nada igual. Wolf Blitzer, da CNN, postou, em sua conta no Instagram, imagens de prédios em Washington D.C. cercados por estruturas de proteção, já antevendo confrontos violentos, como tem sido a rotina desde o início da onda de protestos antirracistas após a morte de George Floyd pelas mãos da Polícia em maio deste ano. "Isso está acontecendo também em Nova York, Los Angeles e outros lugares ao redor do país. É tão triste!", lamentou o âncora do "The Situation Room".

Onda já se viu uma explosão de violência depois de uma eleição? Em países pobres, de regimes autoritários, que os EUA sempre criticaram e se colocaram como exemplo a ser seguido na defesa dos princípios democráticos. 

No Brasil, o impasse na definição do próximo presidente dos EUA pode ser usado pela oposição ao Governo Bolsonaro, aliado de Trump.  "Lojas cobrindo fachadas com tapumes, com medo de violência política nos EUA. Esse é o clima que Trump criou. Mais uma lição para o enfrentamento eleitoral a Bolsonaro em 2022, já que este é uma cópia de Trump", alfinetou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em sua conta no Twitter, nesta segunda-feira.

Por enquanto, o Palácio do Planalto só observa o desenrolar dos fatos, aguardando os capítulos mais tensos da novela americana nesta terça-feira e nos dias seguintes. Há a preocupação de que uma possível derrota de Trump provoque uma disparada do dólar comercial, usado no comércio exterior, que já se aproxima da barreira psicológica de R$ 6, um efeito manada do mercado financeiro diante do clima de incertezas. 

É evidente que, seja Trump ou Biden o vencedor legítimo, a simples definição do novo ocupante da Casa Branca é apenas um primeiro passo para enfrentar o maior problema hoje da humanidade: a pandemia do novo coronavírus, que entra na fase de segunda onda de contágios em países do continente europeu, piorando as previsões para o desempenho da economia nos próximos anos. Se Trump perder, não há dúvidas de que a pandemia mudou o rumo da história. Até o fim de 2019, ela gozava de uma grande popularidade, com a menor taxa de desemprego em 50 anos. Um vírus invisível mudou tudo.