Potiguar fica em segundo lugar em concurso de skills para a Alexa da Amazon

Marcos criou a skill "Onde Guardo Isso?" que orienta as pessoas para lembrarem onde guardaram determinados objetos

Legenda: Marcos Medeiros desenvolve uma skill que ajudará bastante a todos, com deficiência ou não, a encontrar objetos perdidos
Foto: Divulgação

O desenvolvedor potiguar Marcos Medeiros, formado em Engenharia da Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ficou em segundo lugar no Prêmio Alexa de Acessibilidade, com a skillOnde Guardo Isso?”. Medeiros receberá R$ 5 mil em dinheiro e um dispositivo Echo Show 8 (hoje ele tem um Echo Dot). Já a ONG selecionada pelo desenvolvedor receberá R$ 35 mil em doação. O prêmio teve a participação de desenvolvedores de todo o Brasil. O objetivo era criar skills para a Alexa, a assistente virtual da Amazon que funciona em dispositivos Echo. Essas skills são aplicativos desenvolvidos para a plataforma Alexa (são similares a apps de celular) e auxiliam os usuários a interagir com os speakers inteligentes da Amazon. No caso específico destas skills premiadas, 10 foram à final, o objetivo é a inclusão e o bem-estar de pessoas com deficiência. 

“Eu nunca tinha programado para a Alexa e não tinha ideia como fazer isso. Sou desenvolvedor há muito tempo (desde 2002). Vi o prêmio e isso me sensibilizou. Foi enriquecedor para mim”, afirmou Marcos Medeiros completando que a ideia vencedora não foi a primeira que pensou para a disputa. “Eu comecei desenvolvendo outra skill para gravar número de identidade. Porém, tive problema na hora de fazer a certificação porque não é permitido gravar documentos e senhas na Alexa. Então eu vi um vídeo da Maria Eduarda, na página do prêmio, ela é uma deficiente visual. Ela falava que queria uma coisa para avisar onde ela deixou o livro ou coisa assim. Então pensei nesta skill ("Onde Guardo Isso?") que poderia, inclusive, abranger um público maior”, disse Medeiros.

Medeiros fez alguns testes na casa dele com o “Onde Guardo Isso?”. Ele convidou os filhos e esposa que deram algumas ideias para melhorar a solução. Mas a grande virada veio com um comentário que recebeu na loja da Amazon dedicada as skills. O usuário falou que a skill era muito boa, mas o processo era muito burocrático, pois tinha muitas fases até a finalização da programação. “Aí, a partir disso, eu fiz essa melhoria com base nessa avaliação (tornou o processo mais direto para programar onde você guardou o objeto). E eu acho que ficou mais abrangente, aumentou o meu público alvo (após a melhoria)”, afirmou.

Quando começou a desenvolver a skill, Medeiros nem achava que ficaria além dos 100 melhores. Chegar entre os 10 foi surpreendente e o fez começar a divulgar mais a solução, pois viu que ela podia ser importante não só para as pessoas com deficiência - o foco do prêmio.

Por fim, Marcos Medeiros acredita que mais importante que o prêmio foi a experiência do processo, foi entender a importância da solução para ajudar pessoas com deficiência a terem mais liberdade e independência. “A primeira coisa em relação ao prêmio, o maior ganho que tive foi nem em termos de perspectivas de melhoria. Foi o fato de ter parado para pensar nas dificuldades que essas pessoas têm, vê que o desenvolvedor pode causar um impacto muito positivo na vida deles. Eu achei que esse foi o maior ganho pra mim. A forma de eu ver as pessoas e a condição de ajudar, entregando uma melhoria, um benefício para essa pessoa”, concluiu.

Os premiados

Confira a lista dos 3 vencedores do Prêmio Alexa de Acessibilidade:

1º "Memória Sonora" por Splora

A skill é um treinamento focado em reabilitação cognitiva. Tem como objetivo ajudar pessoas com diferentes tipos de desordem das funções cognitivas como demência, doenças degenerativas e deficiências intelectuais. Também pode ser usada por pessoas cegas ou com baixa visão. "Memória Sonora" é um clássico jogo da memória, que usa sons no lugar de cartas.

Adriana Rita, desenvolvedora dessa skill, receberá R$ 10 mil em dinheiro e um Echo Studio. Já a ONG que será escolhida por ela receberá doação de R$ 50 mil.

2º "Onde guardo isso?" por marcosamm

A skill visa a auxiliar pessoas com deficiência intelectual, sugerindo locais onde os objetos podem ser guardados e lembrá-lo onde eles estão.

O Marcos Medeiros, desenvolvedor dessa skill, receberá R$ 5 mil em dinheiro e um Echo Show 8. A ONG que será selecionada pelo desenvolvedor receberá doação de R$ 35 mil.

3º  "Localizador de ônibus São Paulo acessível" por Felipe Borges

A skill tem como objetivo ajudar pessoas cegas ou com baixa visão a ter informações a respeito da previsão da chegada dos ônibus, a localização e o endereço do ponto, se o ônibus que está chegando é acessível, se o ônibus esperado passa no ponto onde o usuário se encontra e o destino final de cada ônibus.

Felipe Borges, desenvolvedor dessa skill, receberá um Echo Show 8, um Echo e um kit smart home da Positivo. A ONG que será escolhida pelo desenvolvedor receberá doação de R$ 15 mil.

Os demais desenvolvedores finalistas, classificados entre o 4º e o 10º lugar, ganham 1 Echo Show 8. O Programa ofereceu ainda como brinde 1 Echo Dot para os primeiros 300 desenvolvedores que publicaram uma skill que contribui para inserção e/ou melhoria de qualidade de vida de pessoas com deficiência. Os outros 7 que chegaram à final foram:

A Arte Além da Visão: skill elaborada para a inclusão de pessoas com deficiência visual na apreciação de obras de pintura.

Guia de Tarefas: skill desenvolvida com o intuito de auxiliar pessoas com deficiências intelectuais a realizarem tarefas que exigem várias etapas. O foco é incentivar e dar espaço para que essas pessoas tenham mais autonomia em suas atividades do dia a dia.

Jogo do Braille: jogo interativo para auxiliar pessoas com deficiências visuais a memorizar as letras do alfabeto e números em braille. O jogo também ensina sobre as origens e história do braille.

Mais Acessibilidade:  jogo de Verdadeiro ou Falso que leva conhecimento, informação e educa sobre acessibilidade. A skill traz informações científicas e sociais, diverte, engaja e responsabiliza todas as pessoas que têm vontade de aprender sobre acessibilidade. 

Meu Mapa: esta skill provê suporte relacionado a mapas, trazendo mais precisão da localização atual, retornando a informação na forma de endereço e número. Proporciona que pessoas com deficiências visuais busquem por locais específicos, como supermercados, restaurantes etc e naveguem até o local.

Vagas PCD: a skill contribui com informações úteis e complementares de quais vagas estão disponíveis no mercado brasileiro para pessoas com deficiência, enviando para o e-mail da mesma os links das vagas.

Aproximadamente 100 skills no total foram inscritas na Amazon para o Prêmio Alexa de Acessibilidade por desenvolvedores brasileiros entre agosto e dezembro de 2020. O objetivo era promover assistência a pessoas com deficiência por meio do uso da tecnologia da Alexa. As skills foram avaliadas sob diversos critérios, incluindo usabilidade, desenvolvimento, design, experiência do usuário, e impacto na vida de pessoas com deficiência.

"Estamos honrados e felizes com a dedicação dos desenvolvedores por terem criado tantas skills incríveis para beneficiar pessoas com deficiência. Estamos extremamente orgulhosos de ver uma tecnologia, como a Alexa, ajudar tanta gente, e parabenizamos não só os vencedores de hoje, mas todos que inscreveram suas skills. Esperamos que o legado do Prêmio Alexa de Acessibilidade continue, com novas skills e dispositivos sendo inventados para tornar a vida de pessoas com deficiência mais fácil", diz Thais Cunha, gerente de marketing da Amazon Alexa no Brasil. "Gostaria de agradecer imensamente a AACD, a Fundação Dorina Nowill para Cegos, e o Instituto Jô Clemente, não só pelo trabalho que fazem pelas pessoas com deficiência no Brasil, mas por se juntarem a nós nessa jornada e compartilhar experiências".

Este tipo de iniciativa é muito importante para levar mais acessibilidade para quem já tem tantas dificuldades na rotina diária. Parabéns aos desenvolvedores que pararam e pensaram em ideias que trariam maior bem-estar para as pessoas com deficiência. Todos ganharam no processo.