Mais de 190 vacinas contra o novo coronavírus estão em desenvolvimento em laboratórios de todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Desde o começo da pandemia, cientistas buscam agilizar o processo de conclusão do antídoto que a população mundial inteira espera e, atualmente, cerca de 40 protótipos estão em período de testes em humanos.
Todas as vacinas devem passar por uma fase de teste laboratorial, três períodos de testagens em humanos e, no caso da vacina da Covid-19, uma autorização emergencial será concedida para que possa ir para a aprovação final e distribuição.
Confira as principais vacinas e a fase em que cada uma está:
AstraZeneca/Oxford
A vacina ChAdOx1, em desenvolvimento pela farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, está com fases combinadas: o período 2 e 3 acontece na Inglaterra e Índia, enquanto Brasil, África do Sul e Estados Unidos vacinam para a fase 3.
Após suspender os testes por suspeitas de reações adversas em uma paciente no dia 8 de setembro, a farmacêutica retomou a testagem em 12 de setembro. No Brasil, a Anvisa também autorizou a retomada.
Esta vacina experimental foi a primeira a ser autorizada pela Anvisa para testes no Brasil, em junho. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmou acordo com a biofarmacêutica AstraZeneca pela transferência de tecnologia para a produção no País.
Em 2 de dezembro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o Brasil vai começar a receber em janeiro de 2021 um lote de 15 milhões de doses da vacina do laboratório.
Em 8 de dezembro, a vacina foi a primeira a ter resultados preliminares de fase 3 de testes divulgados por uma revista científica. Os dados foram publicados na "The Lancet", uma das mais importantes do mundo.
Em 17 de dezembro, o governador Camilo Santana (PT) disse que o lote de 1,7 milhão de doses de vacina contra a Covid-19 que deve ser enviado ao Ceará no primeiro semestre de 2021 deverá ser do imunizante em desenvolvimento pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca.
A vacina da AstraZeneca em parceria com Oxford é produzida na Índia pela empresa Serum Institute. O presidente da entidade, Adar Poonawalla, informou em 5 de janeiro que o imunizante poderá ser exportado para todos os países. Devido a isso, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou a importação de 2 milhões de doses da vacina.
No dia 8 de dezembro, a Fiocruz enviou à Anvisa pedido de autorização para uso emergencial no Brasil da vacina.
Sinovac Biotech
A CoronaVac, vacina em produção pela empresa chinesa Sinovac Biotech, está em testes da fase 3 no Brasil desde julho, em parceria com o Instituto Butantan e, no último mês de agosto, foi lançada a testagem na Indonésia.
O laboratório informou que sua vacina parece ser segura em pessoas mais idosas, segundo resultados preliminares de seus testes em Fase 1 e 2, embora as respostas imunológicas induzidas tenham sido moderadamente mais fracas do que em adultos jovens.
No fim de agosto, a China autorizou a vacina para uso emergencial em profissionais de saúde, que atuam na linha de frente contra a Covid-19. O presidente Jair Bolsonaro informou, em outubro, que o Governo Federal não comprará o imunizante. Em novembro, as primeiras 120 mil doses da vacina chegaram a São Paulo. E o governador do Eestado, João Doria, informou, em dezembro, que a vacina CoronaVac será aplicada na população paulista em janeiro de 2021. Os primeiros a receberem a CoronaVac, a partir de 25 de janeiro, serão profissionais de saúde, indígenas e quilombolas.
Em 10 de dezembro, Instituto Butantan, órgão ligado ao Governo do Estado de São Paulo, começou a produzir a vacina, em uma parceria firmada com o laboratório chinês.
Em 15 de dezembro, os governadores do Ceará, Camilo Santana (PT), e de São Paulo, João Dória (PSDB), se reuniram para discutir a produção da vacina. Camilo defendeu que o imunizante seja incluído no Plano Nacional de Imunização, do Governo Federal.
No dia 18 de dezembro, chegou a São Paulo avião com mais de 2 milhões de doses da CoronaVac. Foi a terceira remessa de encomendas, a segunda de material pronto.
No dia 7 de janeiro, o Governo de São Paulo anunciou que a vacina tem eficácia de 78% contra a Covid-19. No mesmo dia, representantes da Anvisa e do Instituto Butantan se reuniram para pré-submissão do imunizante à agência. Durante o encontro, a equipe técnica do Butantan apresentou informações referentes à eficácia e à segurança da vacina chinesa. De acordo com a Anvisa, não houve submissão do pedido de uso emergencial.
Seu pedido de uso emergencial foi feito no dia 8 de dezembro e, assim, a Coronavac deve ser o primeiro imunizante à disposição da população brasileira.
Sinopharm
A estatal chinesa Sinopharm está com duas vacinas de vírus inativados sendo desenvolvidas pelo Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan e outra pelo Instituto de Pequim. Ambas se encontram na fase 3 de testes nos Emirados Árabes Unidos e no Peru.
No Peru, terceiro país mais atingido da América Latina, 6 mil pessoas participam de pesquisa.
O estudo em peruanos é feito em três grupos: os que recebem a dose de Wuhan, outros da cepa de Beijing e os que recebem um placebo, de acordo com os pesquisadores. Em julho, o presidente da Sinopharm disse que a vacina pode estar pronta para uso até o fim do ano.
Moderna
O laboratório estadunidense Moderna Therapeutics colocou sua vacina na fase 3 de testes em julho, com testagem em mais de 30 mil adultos dos Estados Unidos. Anteriormente, em parceria com o National Institutes of Health, a biofarmacêutica descobriu que a vacina produzida protegeu completamente macacos do novo coronavírus. Os resultados da fase dois foram promissores.
Em agosto, o governo estadunidense incentivou a pesquisa da empresa com US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8,4 bilhões) em troca de 100 milhões de doses, caso a eficácia seja comprovada. No fim de novembro, a farmacêutica americana anunciou pedido de autorização para uso emergencial da vacina nos Estados Unidos e na Europa. De acordo com a empresa, o imunizante se mostrou 94,1% eficaz nos resultados finais da fase 3 dos testes clínicos.
Em 15 de dezembro, a Agência de Alimentos e Medicamento (FDA) dos Estados Unidos emitiu uma avaliação positiva sobre a vacina do laboratório americano. E, no dia 18 do mesmo mês, o uso emergencial da vacina foi aprovado pela agência reguladora de medicamentos e alimentos nos EUA.
Johnson & Johnson
A vacina da Janssen Pharmaceutical, do grupo Johnson & Johnson, é a quarta e mais recente aprovada pela Anvisa para testes da fase 3 no Brasil. O experimento da farmacêutica é baseado no Adenovírus 26, assim como a vacina produzida anteriormente para o Ebola pela mesma empresa.
As provas do estágio final serão feitas em mais de 60 mil pessoas em todo o mundo, sendo 7 mil no Brasil. Os voluntários serão dos estados do Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná. Mais recentemente, foram anunciados testes também no Distrito Federal, que devem iniciar em outubro.
Pfizer/BioNTech
Esta vacina é uma parceria entre a farmacêutica alemã BioNTech, com a norte-americana Pfizer e a chinesa Fosun Pharma. Atualmente, testes das fases 2 e 3 estão combinados e sendo feitos em 30 mil voluntários nos Brasil, Estados Unidos, Argentina e Alemanha. No Brasil, os testes estão acontecendo em São Paulo e Salvador.
Nas fases 1 e 2, os voluntários produziram anticorpos e células do sistema imunológico (células T) contra o SARS-CoV-2. A Pfizer se pronunciou dizendo que, se aprovada, fabricará mais de 1,3 bilhões de doses até o final de 2021.
A BioNTech e a Pfizer disseram, no dia 7 de setembro, que receberam aprovação por parte da autoridade regulatória alemã para iniciar os testes da fase 2/3 de sua vacina contra Covid-19 na Alemanha.
Em novembro, a União Europeia fechou um acordo com a Pfizer e a BioNTech que garantiu 200 milhões de doses da vacina para os países do bloco.
No começo de dezembro, o Reino Unido se tornou o primeiro país do ocidente a aprovar uma vacina contra a Covid-19, com o imunizante é produzido pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech. No dia 8 de dezembro, uma britânica de 90 anos se tornou a primeira paciente do mundo a receber a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Pfizer e BioNTech.
Nos Estados Unidos, a vacinação com o imunizante produzido pela Pfizer em parceria com a alemã BioNTech começou em 14 de dezembro.
No dia 27 de dezembro, a União Europeia começou a vacinar a população. A prioridade é vacinar idosos moradores de asilos e profissionais de saúde. Os 27 países do bloco têm cerca de 450 milhões de habitantes.
Novavax
A Novavax, sediada em Maryland, nos Estados Unidos, lançou testes iniciais da vacina para Covid-19 em maio. Atualmente, o antídoto experimental está na fase 3 no Reino Unido, que registra uma nova alta nos casos da doença.
Os resultados das fases 1 e 2, que aconteceram na África do Sul, foram promissores.
Inovio
O medicamento da Inovio obteve resultados positivos na fase inicial de testes em humanos, segundo comunicado divulgado em junho pela empresa de biotecnologia farmacêutica. A segunda fase, no entanto, ainda não foi anunciada.
J. Joseph Kim, diretor-presidente da Inovio, revelou que quer acelerar os testes da vacina por que esta é a única baseada em ácido nucleico, que permanece estável em temperatura ambiente por mais de um ano, não necessitando de congelamento.
Gamaleya (Rússia)
Anunciada pelo presidente Vladimir Putin em agosto, a Sputnik V, vacina produzida pelo instituto Gamaleya, da Rússia, que foi recebida com ceticismo pelo mundo por não ter seus resultados publicados, foi aprovada para uso prévio pelo governo da Rússia. Nesta terça-feira (8), o governo russo liberou o primeiro lote da vacina contra Covid-19 para a população.
Até agora, o medicamento é destinado para pessoas com idade entre 18 e 60 anos.
Na última sexta-feira (4), resultados de um estudo preliminar que foram publicados no períodico científico "The Lancet", anunciaram que os pacientes apresentaram resposta imunológica sem efeitos colaterais graves.
Cientistas russos afirmam que negociam com o Brasil e outros países a produção em larga escala. O estados do Paraná e Bahia anunciaram parceria com o governo russo, no entanto, a Anvisa ainda não aprovou a testagem ou produção do antídoto.
Esta matéria está em atualização, com base no avanço das pesquisas de desenvolvimento das vacinas