Transição bem feita

Você não tem mais entusiasmo com sua atividade profissional? Sofre de quedas de produtividade? Sente-se pouco desafiado? Podem ser sinais de que é hora de mudar de atuação.

A vida profissional é uma parte da rotina de muitas pessoas. Por conta de grande jornada trabalhista, de cerca de 8 horas, é preciso estar satisfeito com a carreira  para se manter disposto e exercendo suas atividades da melhor maneira possível. No entanto, quando a escolha da carreira precisa ser feita ainda na adolescência ou quando não houve a opção de buscar por algo desejável de fato, em algum momento o profissional irá pensar em fazer uma transição e cogitar optar pela mudança de profissão.

Os especialistas apontam que alguns dos sinais de que o trabalho não faz mais bem ao profissional são quando ele não sente mais vontade de trabalhar continuamente, não tem mais entusiasmo, sua produtividade diminui ou não se sente mais desafiado.

Nesse caso, a mudança de carreira é algo a se pensar, embora seja assustadora para  muitos. Quando o profissional se vê na possibilidade de abandonar uma carreira construída para investir em algo novo que o faz mais realizado, é provável que ele duvide se é a decisão certa a ser tomada. Por conta disso, é preciso ponderar tudo que envolve essa transição: riscos, possibilidades de crescimento, investimentos a serem feitos, a criação de um planejamento – e até a chance de dar errado.

Uma das maiores dificuldades encontradas na transição de carreiras é o próprio profissional. Ele pode se mostrar ansioso, inseguro, não ter a determinação necessária e estar sem confiança no seu potencial. No momento em que há a decisão de uma mudança de carreira, o trabalhador precisa voltar a pensar da maneira que agiu quando ingressou no mercado, já que o processo será semelhante. 

Reestruturação
A palavra de ordem para isso é reestruturação. O profissional deve se capacitar para exercer uma nova função, seja por meio de uma nova graduação, seja por meio de  cursos complementares, palestras ou uma pós-graduação. Além disso, é aconselhável fazer uma rede de contatos na área e conhecer quais são os benefícios e desafios dessa nova carreira. 

Tudo isso requer investimento. E, para manter a renda, é primordial que haja um bom fundo reserva para tais gastos, ou é preciso manter-se no emprego enquanto busca fazer a transição completa. 

Muitos profissionais acham difícil essa primeira inserção na nova área. A psicóloga Gisele Studart é Diretora da Studart RH, empresa de consultoria em desenvolvimento humano e organizacional, e trabalha diretamente com esse tema. Ela afirma que “o profissional deve realizar trabalhos paralelos ou voluntários em vários sentidos para ganhar experiência. Dessa forma, seu currículo passará a ser atrativo para outras empresas ou até mesmo para aquela na qual já está inserido”. 

Gisele ainda pontua que esses esforços são necessários porque, mesmo que essa transição não seja rápida ou fácil, ela é possível. “A oportunidade irá aparecer, mas você precisa estar preparado”, ressalta a especialista. 

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Victor Martins (foto acima) trabalhava na área de logística e estava frustrado com a função que exercia. Via-se desmotivado com os desafios do emprego e considerava sua remuneração baixa. Buscando melhorar e se redirecionar profissionalmente, ele buscou ajuda profissional, realizando testes vocacionais e procurando por áreas que o agradassem.

Foi na barbearia que encontrou um novo propósito. Fez cursos e se capacitou para o ofício. “A mudança de carreira mudou minha vida. Eu era uma pessoa fechada, o que eu não sou mais hoje em dia. E é um trabalho que eu faço com amor. Não é existe um dia que eu vá trabalhar apenas por obrigação”, conclui.

Novo mercado
Não basta ter vontade, é essencial que o profissional conheça o novo mercado no qual ele quer entrar. Saber das funções, as formas de visibilidade, buscar as empresas que atuam na área, a remuneração possível, as possibilidade de crescimento e as formas de contratação.

Sem isso em vista e sem um bom planejamento, o profissional pode se frustrar e ter que retomar sua carreira anterior em razão da falta de experiência e da dificuldade em adaptar-se à nova rotina ou ao novo estilo de vida.

Além disso, se o profissional buscar uma transição visando apenas o aumento de receita, ele pode ter que buscar uma nova mudança no futuro porque estará novamente sem o brilho nos olhos, sem um propósito que possibilite a permanência naquela área.

É esse o movimento realizado por muitos profissionais sêniores e mais velhos. Depois de se dedicarem por anos a um emprego em determinada área, eles decidem aproveitar seus anos restantes no mercado de trabalho fazendo o que gostam, buscando um novo propósito. 

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Sucesso
Eduardo Gomes de Matos (foto acima) é sócio-fundador da Gomes de Matos Consultores Associados, empresa que presta consultoria empresarial e pessoal. Antes de trabalhar como consultor, ele era executivo de uma grande empresa. O caminho de transição de carreira foi natural: aliado ao trabalho de executivo, Eduardo prestava consultorias a um grande grupo empresarial e percebeu que essa função o dava mais prazer.

Foi ponderando as possibilidades de crescimento, vendo como era o mercado de trabalho de cada área, como o profissional era valorizado quando mais velho, que ele decidiu migrar para outra carreira. Hoje, Eduardo tem uma empresa há mais de 20 anos no mercado e pensa em continuar investindo em novas áreas de formação.

Como consultor, o empresário sabe da situação do mercado atual. “O mercado de trabalho está mudando e ainda vai mudar muito. O impacto será forte para pessoas e suas habilidades. A empregabilidade será afetada e todos devem se atualizar e pensar no caminho ideal a seguir”, conclui.

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