Cearense no Paris-Dakar

Legenda:
Foto:

Assim como o futebol está para Pelé, o “off-road” parece estar para Riamburgo Ximenes. Atual líder da Mitsubishi Nordeste e três vezes campeão do Rally dos Sertões, esse cearense parte daqui a quatro meses para o vôo mais alto de sua carreira: competir no Paris-Dakar, de 06 a 21 janeiro, em 2007.

Sonho de qualquer piloto, essa competição internacional reúne os melhores de cada categoria automotiva (moto, carro, caminhão) numa espécie de corrida maluca, onde quem ganha não é só aquele que é o mais rápido, mas, pasmem, o que sobrevive!

Tanto é que desde quando foi iniciada, em 1979, mais de trinta competidores morreram envolvidos em acidentes sob um escaldante sol ou sob luares de intenso frio, tidos por testemunha. Não é por acaso que no meio profissional é entitulado como o “rally da morte”.

“Olha, por incrível que pareça, é isso que fascina. Quando têm desafios como este, você fica com mais vontade de superá-los. Mas eu não penso nisso. A minha intenção é voltar vivo! ”, completa Riamburgo, sorrindo.

Dos 240 concorrentes, 180 foram aprovados. Limite máximo dessa edição. Com a inscrição aprovada e atento a essas estatísticas, Riamburgo revela que o que faz o Paris-Dakar ser atraente não é o abuso do pé no acelerador, mas o uso do bom senso em cada bateria. Para ele, a velocidade tem que ser dosada a cada mudança de terreno, fato constante na competição.

Para esse esportista, que há sete anos busca esse objetivo, o sonho agora é realidade. Até sua equipe já tem nome. Será a portuguesa Red Line Mitsubishi e seu veículo é a Pajero Full 3.2 diesel. Entretanto, por três vezes participou apenas como mero observador da competição, mas aproveitando para fazer contatos e conhecer a logística. O que viu deixou-o impressionado: “É uma corrida desumana. Até a própria organização deseja que o maior número de participantes saia imediatamente, tamanha as dificuldades no princípio”, salienta.

Ciente absoluto desse fato, o “rei das areias” usará como estratégia a cautela. “De Portugal a Marrocos serei conservador, sem maltratar o carro, fugindo da quebradeira. Depois, vou em busca da recuperação, porque é a areia do deserto que faz a diferença. E, nesse ambiente me sinto em casa, pois as dunas de Jeri me ensinaram seus truques muito bem”, destaca

Embora não ganhando o Rally dos Sertões recentemente, finalizando em quarto lugar, Riamburgo salienta que nunca uma competição teve tanto em suas mãos como esta. O problema, ele aponta, é que foi traído por um semi-eixo que quebrou num determinado ponto, ficando sem tração. “Fato esse que nunca ocorreu na minha carreira”, relembra.

No Paris-Dakar, Riamburgo salienta que sua meta é concluí-lo. Porém, acredita que tem possibilidade de chegar entre os 20 primeiros na classificação geral. Bom, para esse piloto que costuma dizer que enxerga seguros caminhos no areial onde muitos afundam, nos cabe a pergunta: ele pode surpreender?

PERCURSO

O Rally Paris-Dakar 2007 atravessará dois países da Europa (Portugal e Espanha) e quatro da África (Marrocos, Mauritânia, Mali e Senegal). Serão 15 dias de pura proeza humana onde os competidores encontrarão pela frente contrastes sócio-econômicos-culturais, costumes e tradições exuberantes, cores de paisagens distintas entre poeiras, buracos,
solavancos, trilhas fechadas, pedras e rios .

UMA BREVE HISTÓRIA

A história do Paris-Dakar começa quando o piloto francês Thierry Sabine se perdeu de moto no deserto do Saara, em 1977.

Como não existia sistemas de GPS, as buscas tornaram-se infrutíferas. No entanto, ele continuava vivo, porém, com poucas esperanças de sobreviver. Entretanto, a sorte não o largou. Quando as perspectivas de sobreviver já eram quase zero, um pequeno avião avistou Sabine, salvando-o de um destino fatal.

Apesar de todo o sofrimento, Thierry Sabine adquiriu uma paixão intensa pela experiência. Toda a aventura trouxe-lhe fortes emoções e foram elas que o piloto quis repartir com o mundo. Desta vontade nasceu aquela que hoje é a maior prova de superação do planeta. O maior rally do mundo tem o objetivo de atravessar a África, partindo de algum ponto da Europa até chegar a Dakar.

Jota Pompílio
especial para o Automóvel

CURIOSIDADES

  • A alemã Jutta Kleischmidt tornou-se a primeira mulher a vencer a competição, em janeiro de 2001. Ela pilotou um Mitsubishi Pajero Full com motor a gasolina.
  • A Mitsubishi é a maior recordista de vitórias na história do famigerado rally.
  • Nas motos, a Yamaha é a grande campeã, com oito vitórias.
  • A edição de 1988 teve 603 inscritos. Um recorde até hoje não superado.