Impeachment de Lula por fala contra Israel pode avançar no Congresso? Entenda cenário
Para avançar no parlamento, um pedido de impeachment depende unicamente da vontade do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)
Cento e vinte e dois deputados federais assinaram, até a manhã desta terça-feira (20), um requerimento que pede o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o chefe do Executivo comparar, em declaração no último domingo (18), as mortes na faixa de Gaza com o extermínio de judeus durante o Holocausto.
A autoria do requerimento é da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O documento diz que a fala do presidente configura um crime responsabilidade por ter cometido um "ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade".
Na declaração que incentivou a criação de requerimento do impeachment pelos parlamentares, Lula disse: "O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus".
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O que é preciso para o impeachment ocorrer?
Apesar da argumentação dos deputados, para avançar no parlamento, um pedido de impeachment depende unicamente da vontade do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Ou seja, para o requerimento ser aprovado, não é necessária uma quantidade mínima de assinaturas.
Nesta posição, Lira pode aceitar ou rejeitar os pedidos, ou ainda deixá-los definidamente em análise, na gaveta. Lira, inclusive, já arquivou outros requerimentos de impeachment apresentados contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Lei do Impeachment
A Lei do Impeachment define que qualquer cidadão pode denunciar o presidente da República por crime de responsabilidade perante a Câmara. O documento deve seguir uma série de requisitos como:
- estar assinada com firma reconhecida;
- estar acompanhada de documentos que comprovem a acusação, ou de declaração de impossibilidade de apresentá-los, com a indicação do local onde possam ser encontrados;
- apresentar uma lista de testemunhas, nos crimes em que houver prova testemunhal.
A Constituição determina que é competência privativa da Câmara autorizar — por dois terços de seus membros — a instauração de processo contra o presidente.
Caso o pedido seja recebido pelo presidente da Câmara, dá-se início ao rito do impeachment com a criação de uma comissão especial, que deve contar com representantes de todos os partidos.
A partir deste ponto, um parecer é elaborado para definir se o processo terá continuidade ou será arquivado. Se aprovado, o parecer é levado a votação no plenário, sendo preciso o voto de dois terços da Câmara (342 deputados) para que o impeachment seja autorizado.
O processo de instauração e julgamento são realizados no Senado, onde é necessário o voto de 54 dos 81 senadores para que, finalmente, o presidente perca o mandato.