Fogo na exportação

Menos de uma semana depois do lançamento da Plataforma para o Desenvolvimento da Indústria Cearense, um documento de 200 páginas, elaborado por grupo de trabalho designado pela presidência da Fiec e que contém as linhas-mestres pelas quais deverão ser conduzidos, pelos próximos 10 anos, os investimentos, públicos e privados, no setor industrial do Estado, o Sindicato das Indústrias do Mobiliário do Ceará (Sindmóvel) revela alguns dados da performance das empresas associadas neste difícil 2020, castigado pela pandemia da Covid-19, que, no Brasil, já causou a morte de quase 190 mil pessoas de todas as idades. Uma linha mestre da plataforma da Fiec põe foco na exportação, com a qual a entidade, em parceria com o governo estadual, pretende internacionalizar a atividade industrial do Ceará. 

O Sindmóvel-CE informa que seu foco, desde o início da gestão da atual diretoria, é a conquista de novos mercados estrangeiros, sem se descuidar, porém, do mercado interno brasileiro, do qual se emitem fortes sinais de crescimento. Hoje, os móveis domésticos e corporativos produzidos no Ceará, principalmente no Polo Moveleiro de Marco, na região Norte do Estado, já são exportados para os Estados Unidos, Canadá, Itália, Porto Rico e México. 

Mais recentemente, um mercado importante da África – o de Angola – foi também conquistado. Mas isto é apenas um lado bom da movelaria cearense. Há outro: essa indústria alcançou padrões de tão alta qualidade que a colocam entre os mais avançados do mundo, e esta, somada ao avançado e criativo design de suas peças, é uma vantagem comparativa que tem feito expandir suas vendas para o mercado internacional. 

Há mais novidade nessa indústria que, localizada no interior do estado, cresce a um ritmo veloz, mesmo neste ano marcado por muitas dificuldades. Por causa do câmbio a favor, os preços dos móveis cearenses tornaram-se competitivos e já concorrem em condições de igualdade com os da indústria chinesa. Numa competição tão porfiada, o importador – seja ele norte-americano, angolano, italiano ou canadense – leva em conta não só o preço final do produto, mas a qualidade e o design, e é neste relevante detalhe que os móveis fabricados no Ceará se impõem diante dos concorrentes. Uma prova é o que revela o próprio presidente do Sindmóvel, segundo quem o faturamento das 35 indústrias do Polo Moveleiro de Marco registrará, neste 2020, um incremento de 10%. 

Ao priorizar a exportação do que fabricam, as 96 empresas associadas ao Sindmóveis caminham ao encontro das diretrizes estabelecidas pela Fiec na Plataforma para o Desenvolvimento da Indústria Cearense. Uma dessas diretrizes, repita-se, é o da internacionalização das atividades. Isto não vale apenas para as grandes e médias indústrias, mas também para as de pequeno porte, que devem procurar, no estrangeiro, nichos de mercado onde cabem seus produtos, e várias deste porte já os colocaram nas gôndolas dos grandes supermercados europeus. 

Inovar não é só agregar tecnologia ao produto ou produzir mais com menos, mas descobrir oportunidades de negócio onde elas existem, mas não foram ainda descobertas. Descobri-las é o desafio que se apresenta. 


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