Há grande diferença entre os jogos comuns e os jogos chamados clássicos. A própria definição já diz tudo. Há jogadores que se inibem e nada produzem diante de desafios desse porte. E há também jogadores que, em situações assim, superam as expectativas e dão as ordens em campo. Domingo passado foi a vez de Erick, atacante do Ceará, assombrar a defesa do Fortaleza. O primeiro tempo dele foi um concerto para a bola amada. Lembrou craques habilidosos como Nado e Jorge Luís Cocota que aqui deixaram a marca de seus dribles irresistíveis. Erick estava num dia tão inspirado que diversas vezes paralisou o lado esquerdo da defesa tricolor. Ninguém conseguiu conter seus passos. Dele o lançamento que resultou no gol de Castilho. Dele, de pênalti, o segundo gol alvinegro.
A virtuose de uns poucos contrasta com a brutalidade de seus marcadores. Geralmente o jogador habilidoso é parado na porrada por adversários desleais. Não foi o caso no clássico passado. Os jogadores do Fortaleza marcaram forte, mas souberam respeitar o talento de Erick, em sua tarde excepcional. A pergunta é: Erick manterá nos próximos jogos a performance mostrada no domingo passado?
Ataque famoso
Já que citei o atacante Nado como referência, cuido de explicar para os mais jovens que Nado foi um dos melhores pontas deste país. O auge de sua carreira foi na década de 1960, quando foi convocado para a Seleção Brasileira. Aqui ele atuou pelo Fortaleza e pelo Ceará. Formou um dos ataques mais famosos do Náutico e do Nordeste: Nado, Bita, Nino e Lala.
Cocota
Outro que citei, pela extraordinária habilidade de aplicar dribles, foi Jorge Luís Cocota. Foi campeão pelo Ceará em 1976 e 1977 e também em 1980 e 1983. Ele veio do Botafogo do Rio de Janeiro. Jorge era muito simples. Eu admirava sua maneira fácil de driblar os adversários. Cocota morreu em 2021. No acervo de memórias do Ceará há uma entrevista com ele, disponível no Youtube.
Atualmente
Thiago Galhardo também é jogador para fazer a diferença nos grandes espetáculos. Aliás, ele está vivendo uma fase muito boa no Fortaleza. Sua participação coletiva tem sido excepcional, ora na construção de jogadas, ora ele mesmo assinalando gols. Tipo do jogador preparado para os grandes clássicos.
Promessa
Fazia tempo que o Ceará estava à procura de um jogador capaz de ocupar com eficiência o comando de ataque. Desde a saída de Arthur Cabral, nenhum outro atleta correspondeu na posição. Agora o jovem Victor Gabriel dá sinais de que poderá se estabelecer. No clássico, a defesa tricolor teve de trabalhar dobrado para contê-lo.
Repercussão
As duas derrotas do Fortaleza para o Ceará devem levar o tricolor a refletir sobre a situação. A princípio, não creio possam comprometer a autoconfiança tricolor com relação à Copa Libertadores. Entretanto, no plano doméstico, passa a ser uma preocupação, pois novos confrontos poderão acontecer.
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