Verdinha: a primeira transmissão direto da Europa

Até 1989, nenhuma emissora de rádio do Ceará, com equipe própria, havia feito transmissão de futebol direto da Europa. O Brasil, em preparativos para a Copa de 1990, faria um amistoso com a Itália no dia 14 de outubro de 1989. A Verdinha mandou sua equipe. Eu, Sérgio Pinheiro e Carlos Silva fomos a Bolonha. No Estádio Renato Dall´Ara, o Brasil ganhou (0 x 1), gol de André Cruz. Um canhão. O goleiro Zenga nada pôde fazer. No dia seguinte, após a vitória, as equipes de rádio do Brasil foram homenageadas com um almoço em Veneza. Aí aconteceu um fato pitoresco. Num domingo ensolarado, Veneza apinhada de turistas, um senhor alto, loiro, de olhos verdes, com o uniforme da delegação da Seleção Brasileira, surgiu gritando no meio da multidão: “Afastem-se todos, aqui é o prefeito de Mombaça no Ceará. Zenga não pegou e o Brasil ganhou”. Então as pessoas iam se afastando, abrindo espaço para passar o grupo comandado por tal prefeito. Chegamos ao barco que fez o passeio turístico. Logo após, o almoço aconteceu. Esse senhor era o cearense Rogério Vieira, famoso Gata Mansa, relações públicas da CBF.

Simpático e envolvente

Rogério Vieira, o Gata, foi durante anos relações públicas da CBF. Brincalhão, chamava a atenção por onde passava. Em Veneza, os italianos não entendiam o que ele dizia. E, no meio da multidão, ele seguia rindo, abrindo espaços. Guardo do Gata ótimas recordações. Era irmão do Renan Vieira, ex-presidente do Fortaleza.

Composição

Na Copa de 1990, na Itália, a equipe da Verdinha juntou-se à da Rádio Jornal de Recife, comandada pelo brilhante narrador Roberto Queiroz. Lá conheci o ótimo repórter Pedro Silva, da Jornal. Pela Verdinha formos eu, Carlos Fred e Sérgio Pinheiro. Narrávamos de acordo com a escala da Rádio Jornal, cabeça de rede.

Frustração

Tudo terminou com a derrota do Brasil para a Argentina, 1 x 0, nas oitavas de final, gol de Caniggia, que recebeu passe perfeito de Maradona. Caniggia driblou o goleiro Taffarel e fez o gol na maior tranquilidade. A Verdinha amadurecia sua equipe que, na Copa da França, em 1998, finalmente seria cabeça de rede.

Nossos sentimentos de pensar pela morte do jornalista Haroldo Moura, com quem trabalhei na Rádio Dragão do Mar em 1970. Anos depois, Haroldo Moura foi editor de esportes do Diário do Nordeste. Ele escreveu um livro sobre o Ceará Sporting Club.

Depois perdi um pouco o contato com Haroldo, que passou uma temporada na casa de uma filha nos Estados Unidos. Envio aos familiares do saudoso companheiro a minha solidariedade. Cumpriu sua missão. Que ele esteja com Deus.