Uma pelada em pleno Mundial de Clubes

Leia a coluna de Tom Barros

Escrito por
Tom Barros producaodiario@svm.com.br
Legenda: Bayern vence o Auckland por 10 a 0.
Foto: Divulgação/Bayern de Munique

Nem na pracinha da Gentilândia, sob o frescor dos mangueirais, houve algum dia um racha tão desqualificado quanto foi o jogo Bayern de Munique 10 x 0 Auckland City, da Nova Zelândia. É ainda possível que outros placares extravagantes aconteçam, pois há enorme diferença de qualidade entre alguns clubes disputantes.  

Claro que haverá clássicos. Haverá jogos do mais alto nível porque entre os 32 clubes estão equipes do mais alto gabarito do futebol mundial. Entretanto, pelo menos a princípio, seria interessante rever o número elevado de clubes e o processo de habilitação. 

Há no Brasil um exemplo clássico: a Copa do Brasil. Inchou tanto que perdeu a qualidade original. Antes, quando era a Taça Brasil, participam apenas os campeões estaduais. Uma competição enxuta, bem definida, com jogos classificatórios de ida e volta. Pronto. Estava resolvido. 

A sucessora da Taça Brasil, ou seja, a Copa do Brasil, virou trem da alegria. São 92 clubes que disputam uma competição esdrúxula, cheia de alterações no regulamento, salvando-se apenas pelas cotas que paga. É triste. 

Paralisação 

Honestamente, vendo os jogos da Copa do Mundo de Clubes, não entendo a razão pela qual resolveram paralisar a Série A nacional. Motivo alegado: a participação dos times brasileiros Palmeiras, Botafogo, Flamengo e Fluminense. Ora, compensariam depois. Os 16 times que estão aqui tocariam seus jogos numa flexibilização. 

Experiência 

Pode ser que, após a atual experiência, o modelo agora adotado pela FIFA seja revisado. Eu mesmo poderei fazer uma revisão de conceito, dependendo das próximas jornadas. A priori, porém, reafirma o meu pensamento inicial: considero exagerado o número de 32 participantes. 

Tendência 

O negócio da FIFA é ampliar o número de participantes nas competições por ela chanceladas. Não me parece muito preocupada com a qualidade do produto. Na Copa do Mundo de seleções de 2022, foram 32 participantes. Agora, na Copa de 2026, serão 48 seleções. Em 2030, o projeto será para 64 equipes.  

Falta pouco 

Pelo andar da carruagem e da ganância, a FIFA está seguindo os passos da CFB: quanto mais times, melhor. A Copa do Brasil já tem 92 times na disputa. A Copa do Mundo de Seleções possivelmente já terá 64 equipes em 2030. Então, faltarão apenas 28 seleções para equiparar-se à Copa do Brasil. A FIFA vai chegar lá. 

Banalização 

Se os dirigentes não atentarem para a qualidade dos times e das seleções, terminarão banalizando as competições. No instante em que isso acontecer, as disputas deixarão de ser atraentes. Queira Deus que haja um repensar nesses exageros. Não esqueçam a fábula da galinha dos ovos de ouro.

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