Um futebol do passado de volta para o futuro

Se vivo fosse, o notável humorista cearense, Chico Anísio, teria completado, ontem, 89 anos. Em homenagem, apresentamos na Verdinha 810 um texto que ele há alguns anos mostrou no Fantástico, da Globo. A proposta era o homem nascer velho e ir ficando jovem até chegar à infância. Uma espécie de "De Volta para o Futuro" ao contrário. Pois o narrador Antero Neto, sábado passado, fez algo semelhante. Ele se transportou para 1958 na Suécia, onde narrou a final da Copa do Mundo no Estádio Rasunda, em Estocolmo. E levou com ele na viagem o comentarista Tom Alexandrino. Entraram, então, no cenário da época, como se lá estivessem de corpo e alma. Viveram o medo de mais um fracasso e a esperança de um Brasil finalmente vencedor. Quando anunciaram a escalação, eles ficaram perplexos quando viram Djalma Santos no lugar do De Sordi. Mas, quando a bola rolou, Antero e Alexandrino pareciam tomados pelo fenômeno da bicorporeidade. Com todas as aparências da realidade, estavam ao mesmo tempo no passado e no presente. Assim, deram um show de narração.

Impressionado

O médico Chico Lopes, que acompanhou essa viagem no tempo feita pela Verdinha, elogiou muito o desempenho de Antero Neto e Tom Alexandrino, quer pela precisão, quer pelo entusiasmo. Pareciam íntimos dos personagens Gilmar; De Sordi e Bellini; Zito, Orlando e Nilton Santos; Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo.

Suecos

Mais íntimos ainda quando Antero e Alexandrino danaram-se a falar do time sueco, que jogou com Kalle Svensson; Bergmark e Axbom; Boriesson, Gustavsson e Parling; Hamrin, Gunnar Gren, Simosson, Liedholm e Skoglund. Pareciam conhecer os suecos como hoje conhecem os atletas do Liverpool, Barcelona, Real...

Retorno

De volta ao presente, esses meus dois companheiros de jornada certamente passaram a ter a mesma sensação de euforia da geração que, como a minha, acompanhou a primeira Copa do Mundo conquistada pelo Brasil. Um time que quebrou complexos e foi buscar o título dentro da Europa.

Até hoje, para mim, a Seleção Brasileira de 1958 é a maior de todos os tempos. Motivo simples: teve de quebrar tabus diante dos europeus que eram considerados superiores. Saiu invicto. Campeão.

E seguiu vitorioso pelos gramados do mundo. Ganhou o bicampeonato em 1962 no Chile. Somente em 1963, quando entrou na fase de transição, deu os primeiros sinais de fadiga.