Tom Barros: Vejo o Ceará há 60 anos

Hoje, data festiva para a família alvinegra: 103 anos de existência do time de Porangabuçu. Desses 103 anos, 60 deles eu vi, ao vivo, bem de pertinho, tudo o que aconteceu. Recordo desde a primeira imagem, quando com 10 anos de idade, em 1957, assisti a um jogo do Vozão pela primeira vez. Impressionou-me o porte do goleiro Ivan Roriz com aquela camisa preta, tendo o número um, branco, às costas. De lá até Magno Alves, ídolo de hoje, acompanhei triunfos e fracassos, alegrias e frustrações, tempos de bonança e tempos de penúria, tempos de títulos continuados e tempos de jejuns. Ídolos imortais e ídolos mortais. Hoje, nestes 103 anos de Ceará eu me pego entrando no PV em 1957, quando vi o Ceará pela primeira vez.

Vagando

E lá vou eu com lembranças e relembranças. E vagando e divagando, conduzido mesmo pelos pensamentos, reencontro Aluísio, William e Alexandre; Benício, Mauro e Zé Gerardo; Carlito, Charuto, Gildo, Lucena e Marco Aurélio. Esse foi o timaço do tricampeonato de 1963.

Década

Quero acreditar que serei criticado por concentrar atenção maior ao Ceará da década de 1960, quando o Vozão tem também outros feitos notáveis nas décadas seguintes. É verdade. Mas minha inclinação pelos anos 60 tem uma razão de ser: a meu juízo, o futebol era mais romântico, bonito, criativo e encantador.

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Recordando

Ivan Roriz, primeiro goleiro que na minha vida vi em ação. Foi no PV no time do Ceará, campeão cearense de 1957. Essa foto foi batida já na década de 1980, quando Ivan era diretor da Fábrica de Doce Real, de sua propriedade. Ivan foi também titular da Seleção Cearense, campeã do Norte em Belém em 1954, numa inesquecível vitória sobre o Pará.

Parabéns

Aos alvinegros, a homenagem pela passagem dos 103. Homenagem que resumo na saudosa lembrança de Gildo, o maior ídolo do Vozão em todos os tempos. Mas a data também comporta um recado aos atuais dirigentes: o lugar do Ceará não é a Série B. O verdadeiro lugar alvinegro é na elite, Série A nacional.

Reverência

Hoje, no Castelão, antes do jogo do Ceará, reverência ao saudoso Alexandre Nepomuceno, que há oito dias nos deixou. Alexandre foi o grande capitão, o maior da história do clube. Comandou o time em cinco títulos estaduais: o tricampeonato 1961/62/63 e o bicampeonato 1957/58. Justa homenagem póstuma.

Mais

Everton já foi referência no Fortaleza. No momento, oscila. Conheço a boa qualidade do jogador e afirmo de forma incisiva: ele pode e deve jogar muito mais. Penso que o técnico Paulo Bonamigo, numa conversa franca com o atleta, encontrará o caminho adequado para conduzi-lo de volta ao melhor futebol.

Manter o padrão. Amanhã a vez de o Fortaleza seguir sua marcha ascensional. Bom seria Adenilson em condição. O homem está bem encaixado no esquema. Nada não. Tem substituto para manter o padrão. O Asa, adversário tricolor, não está bem. O técnico Maurílio Silva enfrenta dificuldades. Tem a volta de Leanderson. Tem Doda. Mas tem também a ressaca da derrota em casa para o Sampaio (0 x 1). Todas as condições estão favoráveis ao Fortaleza. Sem menosprezar o visitante.