Tom Barros: Um goleiro na história

Legenda: O atual goleiro do Ceará, Everson.

Rogério Ceni, 25 anos de São Paulo. Na rotatividade de hoje em que não raro um jogador dorme num time e amanhece num outro em um lugar qualquer, a eternidade de Ceni no São Paulo é exceção. Ceni foi diferente. Fundiu a sua imagem com a do São Paulo e sua história com a do clube. Deixou marcas indeléveis com títulos nacionais e internacionais. Poderia escrever páginas inteiras sobre ele, mas creio desnecessário. Até as novas gerações sabem tudo de Rogério porque cresceram vendo Rogério no gol do São Paulo. E vendo-o praticando defesas milagrosas. E vendo-o pegando pênaltis. E vendo-o assinalando gols de falta e de pênalti. E vendo-o muitas e muitas vezes campeão. Foi o maior goleiro-artilheiro da história do futebol mundial.

Galeria

Ceni está no rol dos maiores de todos os tempos. Dos brasileiros Gilmar, Castilho e Taffarel, do russo Yashin, dos ingleses Gordon Banks e Peter Shilton, dos italianos Dino Zoff e Buffon, do belga Preud'homme e do espanhol Casillas. Observem que nenhum desses foi artilheiro como Ceni. Só o tempo avaliará a verdadeira dimensão de Ceni.

Vocação

Num futebol vocacionado a atacar e fazer gol, inspirado nos ídolos Pelé e Garrincha, o garoto optar por ser goleiro é esquisito, pois a posição é oposta ao que se quer do futebol. Dizem: os goleiros são tão amaldiçoados que no lugar onde eles pisam nem grama nasce. Mas Rogério Ceni conseguiu alterar o rumo das coisas: foi goleiro, mas artilheiro também.

Recordando

27.11.2005. Rogério Ceni no Castelão. Jogo Fortaleza 1 x 0 São Paulo. Ceni com toda a fama e pronto para viajar para o Japão onde foi campeão mundial de clubes, veio enfrentar o Fortaleza. Num lance, o toque genial de Clodoaldo fez Ceni desabar no gramado. Ceni esperava um canhão. Clodoaldo apenas tirou a bola do alcance dele e marcou o golaço da vitória. Ceni deitado mais parecia o monstro Golias, derrotado pelo franzino David.

Ídolos

Hoje é difícil um jogador passar muitos anos num só clube. Depois de Zico no Flamengo e Dinamite no Vasco, nunca mais o futebol brasileiro, exceto Ceni, viu alguém passar mais de uma década num time só. Não há mais a fusão de imagens entre clube e jogador. As revelações vão embora tão cedo que sequer despertam a identificação com o clube.

Encanto

O primeiro encanto que eu tive no futebol foi contemplando a atuação de um goleiro. Aconteceu no PV, em 1957, num jogo Ceará x América. Todo de preto, uniforme tradicional dos goleiros, ali estava Ivan Roriz, do Ceará. Apesar de acima do peso, mantinha a elasticidade e o reflexo. Foi o meu primeiro ídolo. Nunca esqueci.

Mestre

O atual goleiro do Ceará, Everson, aprendeu muito com Rogério Ceni. Everson teve passagem pela base do São Paulo e na época lá encontrou também o ex-goleiro do Fortaleza, Bosco, com quem igualmente muito aprendeu. Everson me disse que sua admiração por Ceni é muito grande. Que siga, pois, as lições do mestre no tocante à dedicação e a disciplina.

Cafu, 45 anos de idade. De 1990 a 2006, é recordista na Canarinho: 149 jogos (142 na principal; 7 na pré-Olímpica (91 v, 36 e,22 d). Foi o mais atuante pelo Brasil em Copas do Mundo (20 jogos; 4 Copas). Único em três finais: campeão 1994 e 2002, vice (1998), 5º em 2006. Campeão da Copa Amizade/1992, Copa das Confederações/1997 e Copa América 1997/1999. Fez cinco gols. Jogou 4 vezes pela seleção em Fortaleza. Na sala João Saldanha há uma camisa da Fundação Cafu doada por ele ao Airton Fontenele, autor desses dados.

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