Tom Barros: Tragédia repetida

Há algo inacessível à compreensão humana que trava o Fortaleza nas decisões de vaga para a Série B. A cada chance perdida pelos tricolores, com Everton, Anselmo e Corrêa, um arrepio a mais, um frio a mais, um medo a mais. E a cada chegada do Juventude, com Hugo e Roberson, um temor a mais. E foi assim, com muita apreensão, toda a fase inicial. Quando Hugo fez Juventude 1 a 0 logo aos dois minutos do segundo tempo, o Castelão silenciou. Veio a sensação de que a tragédia iria acontecer mais uma vez. Mas uma última esperança tricolor surgiu com a entrada de Pio e seu canhão. Pio empatou. Aí começou a cruel luta contra o tempo. A cada minuto um drama maior na medida em que o goleiro Elias repetia Martini, do Brasil/RS. Aconteceu. Fortaleza fora.

Sem explicação

Confesso-me confuso ao tentar explicar o que acontece com o Fortaleza. Analiso causas e efeitos. Vejo que em todas as decisões o Leão teve time e condições de ganhar. E não ganhou. Mas, na decisão deste ano, grave erro de arbitragem tirou o Fortaleza. Explico no tópico ao lado.

Erros graves

No jogo de ida, Daniel Sobralense fez legítimo gol que o árbitro Ricardo Marques Ribeiro (MG) anulou. Teria ganho (0 x 1) e ficaria com a vantagem do empate aqui. Então o Leão teria subido com o 1 x 1. Ontem, o árbitro Bassols (RJ) errou feio ao expulsar Juliano. Esses árbitros...

Recordando

03 de outubro de 2006. Assim se passaram dez anos... O atacante Vavá comemora seu gol na vitória (2 x 0) sobre o Coritiba no Castelão pela Série B nacional. O outro gol foi de Vinícius, de pênalti. O técnico do Ceará era Dimas Filgueiras. O Vozão formou com Adílson, Arlindo Maracanã, Clécio, Preto e Sérgio (Paulinho); Léo, Leanderson, Thiago Almeida (Marcelo Lopes) e Lei (Clodoaldo); Vinícius e Vavá.

Mais distante

O empate do Ceará com o Oeste reduziu as chances de chegar ao G-4. Ainda será possível, desde que haja uma sequência de vitórias do Vozão. Concordo com quem afirma que o jogo diante do Náutico, sábado, às 18h30, na Arena Pernambuco, será definidor. Se não der vitória do Ceará, aí só mesmo muita sorte na combinação de resultados.

Modelo

O Oeste, que faz a bola rolar e tem a admiração de quem gosta do futebol de toques, não é modelo inovador. É imitador. Inspira-se claramente no Barcelona de Guardiola, mas com uma diferença: o Barça ganhou tudo; o Oeste não ganha nada há nove jogos. Falta a esse time o melhor: fazer gols. Só rodar a bola não leva ao pódio.

Talento cearense

O preparador físico cearense, Roger Gouveia, cria do Fortaleza (foto da época em que trabalhava no Leão) foi levado por Marcelo Chamusca para o Guarani/SP. A aposta que Marcelo fez neste jovem profissional valeu a pena: o Guarani subiu para a Série B na vitória (3 x 0) sobre o Asa. Um dos motivos: a excelente condição física do grupo. Parabéns, Roger e Marcelo!

Realidade. O Ceará atual, que ainda sonha com a Série A, não há mostrado a superioridade necessária para gerar confiança entre seus torcedores. Difere do Atlético/GO que estabeleceu uma marcha ascensional e chegou ao cume. Difere do Vasco/RJ que, apesar de alguns tropeços, jamais desgrudou do G-4. Diferente do Náutico, que encaixou vitória por cima de vitória desde que Givanildo Oliveira assumiu. Por isso, a convicção da maioria: com a bola do momento, permanecer na B é a hipótese mais viável.