Tom Barros: Títulos imortais

A Fifa, numa deliberação absurda, resolveu apagar dos anais de sua história os títulos mundiais do Santos (1962/63), o do Flamengo (1981), o do Grêmio (1983) e os do São Paulo (1992/93). Também passou a borracha nos títulos mundiais conquistados por todos os demais clubes antes do ano 2000. Não dá para admitir postura maluca como esta assumida pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino. Qual o motivo que levou esse jovem senhor de 46 anos a gerar gratuita polêmica? Terão sido os interesses comerciais ou publicitários da entidade? O senhor Giovanni Vincenzo Infantino tem mandato para comandar a Fifa, não para sepultar a história. Os títulos do Santos de Pelé, do Flamengo de Zico, do Grêmio de Renato Gaúcho e do São Paulo de Toninho Cerezo são imortais.

Maluquices

Quando se pensa que o mundo caminha para uma época de coerência e decisões sensatas, de harmonia e compreensão, aparecem os fantasmas com suas assombrações. Fora do futebol, o destempero inicial de Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos. Já nos primeiros atos as inconsequências. O mundo apreensivo.

Absurdo

Na Fifa, Gianni Infantino, com menos de um ano de mandato (foi eleito no dia 26 de fevereiro de 2016), além de "cassar" todos os títulos mundiais de clubes de antes do ano 2000, viu passivo o conselho da entidade aumentar para 48 o número de seleções na Copa de 2026. Já, já, vira uma Copa do Brasil com mais de 80 participantes...

Recordando

Guarani, campeão juazeirense de 1964. A partir da esquerda (em pé): Pedro Silva, Veludo, Neco, Damasceno, ?, Gonçalo, Pitaguari, Toinho e o radialista Nestor Gondim. Agachados: Dom Pedro, Zé Branco, Valdir, Cirineu e Luiz Bacana.

Guarani ganhou do Icasa (2 a 1). O ídolo Mozart tinha sido contratado pelo Icasa para a decisão. Mas o técnico do Verdão, Praxedes Ferreira, por teimosia, só o fez entrar na fase final. Perdeu o título.

Acima

Ainda bem a história está acima da vontade dos homens. Fica também eternizada nos registros fora da Fifa. Quem poderá apagar a glória do primeiro título mundial do Santos em 1962, aplicando 5 a 2 no Benfica, na partida final, em pleno Estádio da Luz em Lisboa. Um show inesquecível de Pelé que marcou dois dos cinco gols.

Show

Quem poderá arrancar da história a impecável atuação do Flamengo na decisão do mundial de clube de 1981 ao aplicar 3 a 0 no Liverpool? Impossível deletar. Zico inspirado comandou o time. Nunes fez dois gols e Adílio um. Não será a caneta do senhor Infantino que irá riscar a glória dessa inesquecível conquista rubro-negra.

Diferença

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Pelé construiu sua história com títulos, gols e lances tão geniais que, embora não transformados em gol, assombraram o mundo. Desfilou talento pelos gramados de todos os continentes. Agora, porque o senhor Fifa, Gianni Infantino, decidiu, o bicampeonato mundial santista, 1962/63, será desconsiderado pela Fifa. Pelé constrói. Gianni destrói.

Os fatos. Por que vez por outra aparecerem no mundo essas pessoas más? Demônios que vêm atormentar os ambientes e gerar discórdias. Correto e digno seria a Fifa reconhecer os títulos mundiais havidos antes de seu comando porque aconteceram de forma real, legal, limpa e justa aos olhos do mundo. Fatos concretos, documentados em jornais, revistas, rádios e TVs. Personagens vivos que escreveram as mais belas páginas do futebol. Como ignorá-los agora? Impossível. É muita pretensão da Fifa.

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