Tom Barros: Título ao alcance do Ferrão

Não é sonho, nem fantasia, nem miragem. É verdade verdadeira: Ferroviário na final. Vaga conquistada com brio, dignidade. Classificação muito sofrida, principalmente no segundo tempo que o Fortaleza dominou e no qual criou três chances de gol. Numa delas, o milagre de Túlio que salvou o Ferroviário em chute de Everton. Ali ficou no ar a certeza de que a noite seria coral. E foi. Agora este grupo, de Mauro a Mota, de Gustavo a Assisinho, de Jonathas a Mimi, parte para o desafio maior: buscar o título. Ontem, mais uma vez, predominou o modelo coral fechado. E mais retrancado na fase final. Deu certo. Assumiu riscos limitados. Houve respeito ao Fortaleza. Em quatro jogos entre os tricolores este ano, o Ferroviário não foi derrotado uma vez sequer.

"Inveja"

Vi a vitória do Real sobre o Bayern de Munique. O mecânico futebol europeu incorporou a graça dos dribles à velocidade alucinante. Fiquei com uma pontinha de inveja. Há algum tempo, eu não gostava da força física e da velocidade excessivas deles. Tudo parecia mais para hipódromo que para campos de futebol. Mudou.

Bravura

Quando vejo os salários e riqueza dos europeus, entendo que não dá para comparar com o nosso futebol. E aí está a bravura de quem faz futebol no interior como, por exemplo, o Guarani. Só muito amor para mantê-lo. Conclusão: é mais difícil fazer time no interior do Ceará do que no eldorado europeu onde há dinheiro em abundância.

Recordando

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1966. Marca incrível do juvenil do Fortaleza (escolinha do Moésio Gomes) que ganhou o tetra estadual da categoria (1963/64/65/66), com 60 jogos invictos. A partir da esquerda: Nivardo, Zé Meu, Neto e Irajá. Detalhes: não sei onde estão Nivardo e Zé Meu. Lídio Neto morreu jovem. Irajá, não raro, visita a Gentilândia para rever amigos. Cheguei a jogar com Irajá no campo da Igreja dos Remédios. (Álbum Elcias Ferreira).

Compensação

É quase unânime: o outro finalista deve ser o Ceará. A não ser que o Guarani encontre o que até agora não encontrou diante do Vozão: o caminho do gol. A rigor, o elenco do Ceará é maior e, por isso mesmo, oferece mais opções. O Elenco do Guarani é mais limitado. Daí a necessidade de o técnico Washington Luís buscar na criatividade a compensação.

Ousar

O Guarani terá de ousar mais. A maioria entende que, se jogar aberto, o Guarani correrá o risco de ser goleado pelo Ceará. Tudo bem. Até concordo. Mas sem ousar um pouco mais não irá a lugar nenhum. Estará condenado à eliminação. Por uma vaga na final, creio, vale a pena arriscar mais, ainda que possa experimentar vexame. Questão de ponto de vista.

Sucinto

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Há quem não goste do comportamento fechado do técnico do Ceará, Givanildo. Nas entrevistas, sucinto e reservado. Ora, o que importa é o trabalho dele. Se positivo, está resolvido. Gosto mais do estilo reservado do técnico Givanildo do que do estilo exibicionista e espalhafatoso de alguns treinadores que não podem ver uma câmera de televisão.

Goleadas. O pesquisador Eugênio Fonseca enumerou as maiores goleadas sofridas por times cearenses: 29.09.1941, Tramways 2 x 7 Tramways/PE, amistoso, PV; 05.05.1955, Guarany/S 1 x 6 Flamengo/RJ, amistoso, Sobral; 20.05.1957, Gentilândia 0 x 9 Náutico/PE, amistoso, Recife; 22.05.1957 Gentilândia 1 x 9 Santa Cruz/PE, amistoso, Recife; 17.06.1959 Nacional 0 x 6 Flamengo/RJ, amistoso, PV; 29.01.1967 América 2 x 7 Tuna Luso/PA, amistoso, Belém. Amanhã, citarei as quatro restantes.