Não é sonho, nem fantasia, nem miragem. É verdade verdadeira: Ferroviário na final. Vaga conquistada com brio, dignidade. Classificação muito sofrida, principalmente no segundo tempo que o Fortaleza dominou e no qual criou três chances de gol. Numa delas, o milagre de Túlio que salvou o Ferroviário em chute de Everton. Ali ficou no ar a certeza de que a noite seria coral. E foi. Agora este grupo, de Mauro a Mota, de Gustavo a Assisinho, de Jonathas a Mimi, parte para o desafio maior: buscar o título. Ontem, mais uma vez, predominou o modelo coral fechado. E mais retrancado na fase final. Deu certo. Assumiu riscos limitados. Houve respeito ao Fortaleza. Em quatro jogos entre os tricolores este ano, o Ferroviário não foi derrotado uma vez sequer.
"Inveja"
Vi a vitória do Real sobre o Bayern de Munique. O mecânico futebol europeu incorporou a graça dos dribles à velocidade alucinante. Fiquei com uma pontinha de inveja. Há algum tempo, eu não gostava da força física e da velocidade excessivas deles. Tudo parecia mais para hipódromo que para campos de futebol. Mudou.
Bravura
Quando vejo os salários e riqueza dos europeus, entendo que não dá para comparar com o nosso futebol. E aí está a bravura de quem faz futebol no interior como, por exemplo, o Guarani. Só muito amor para mantê-lo. Conclusão: é mais difícil fazer time no interior do Ceará do que no eldorado europeu onde há dinheiro em abundância.
Recordando
1966. Marca incrível do juvenil do Fortaleza (escolinha do Moésio Gomes) que ganhou o tetra estadual da categoria (1963/64/65/66), com 60 jogos invictos. A partir da esquerda: Nivardo, Zé Meu, Neto e Irajá. Detalhes: não sei onde estão Nivardo e Zé Meu. Lídio Neto morreu jovem. Irajá, não raro, visita a Gentilândia para rever amigos. Cheguei a jogar com Irajá no campo da Igreja dos Remédios. (Álbum Elcias Ferreira).
Compensação
É quase unânime: o outro finalista deve ser o Ceará. A não ser que o Guarani encontre o que até agora não encontrou diante do Vozão: o caminho do gol. A rigor, o elenco do Ceará é maior e, por isso mesmo, oferece mais opções. O Elenco do Guarani é mais limitado. Daí a necessidade de o técnico Washington Luís buscar na criatividade a compensação.
Ousar
O Guarani terá de ousar mais. A maioria entende que, se jogar aberto, o Guarani correrá o risco de ser goleado pelo Ceará. Tudo bem. Até concordo. Mas sem ousar um pouco mais não irá a lugar nenhum. Estará condenado à eliminação. Por uma vaga na final, creio, vale a pena arriscar mais, ainda que possa experimentar vexame. Questão de ponto de vista.
Sucinto
Há quem não goste do comportamento fechado do técnico do Ceará, Givanildo. Nas entrevistas, sucinto e reservado. Ora, o que importa é o trabalho dele. Se positivo, está resolvido. Gosto mais do estilo reservado do técnico Givanildo do que do estilo exibicionista e espalhafatoso de alguns treinadores que não podem ver uma câmera de televisão.
Goleadas. O pesquisador Eugênio Fonseca enumerou as maiores goleadas sofridas por times cearenses: 29.09.1941, Tramways 2 x 7 Tramways/PE, amistoso, PV; 05.05.1955, Guarany/S 1 x 6 Flamengo/RJ, amistoso, Sobral; 20.05.1957, Gentilândia 0 x 9 Náutico/PE, amistoso, Recife; 22.05.1957 Gentilândia 1 x 9 Santa Cruz/PE, amistoso, Recife; 17.06.1959 Nacional 0 x 6 Flamengo/RJ, amistoso, PV; 29.01.1967 América 2 x 7 Tuna Luso/PA, amistoso, Belém. Amanhã, citarei as quatro restantes.