Pela primeira vez expresso minha extrema preocupação com o Campeonato Cearense de futebol de 1917. Sempre defendi com unhas e dentes os certames estaduais porque os entendo como tradição e história. São berço e origem de tudo. Mas noto o esvaziamento desse tipo de competição. Antes um esvaziamento gradual, mas agora rápido e ostensivo. Os times estão descorados e fracos. O Icasa na pior crise de sua existência. O Guarany de Juazeiro também atolado em problemas. O Guarany de Sobral, sem dinheiro, desistiu da Taça Fares Lopes. São times que, nesse tempo de desarranjo econômico por que passa o Brasil, não terão onde buscar financiamento. Assim, como realizar o Campeonato Cearense 2017? Não há luz no fim do túnel.
Cedência
Pelos avanços do futebol como atividade de alto lucro, certame deficitário perde força, sem qualquer possibilidade de barganha. É o caso dos certames estaduais. Estão morrendo por inanição. Eu mesmo começo a ceder diante dos fortes argumentos da nova forma de negociar o futebol. Já não vejo intocáveis os "estaduais".
Mudança
Meu elevado respeito pela história e pelas tradições torna-se inócuo diante da verdade presente. Estão resistindo apenas Ceará e Fortaleza. Até o Ferroviário não consegue acompanhar a evolução dos tempos. E por isso mesmo também passa por aflições. Não soube evoluir de "Maria Fumaça" a TGV. A realidade é dura, muito cruel mesmo.
Recordando
Década de 1980. Time do Quixadá. A partir da esquerda (em pé): Dedé, Tico, Evilásio, Eduardo, ? , Cocó. Na mesma ordem (agachados): Félix, Carlos Alberto, Cláudio, Luizinho e Madali. Detalhes: Evilásio teve boa passagem pelo Ferroviário. Lembro que Modali atuou também em vários times da capital. Cláudio me parece ser o mesmo que jogou no Calouros e foi funcionário do Grupo Edson Queiroz. (Colaboração de Val Tavares).
Sem estádio
Times como Quixadá e Itapipoca não puderam contar com seus estádios no início do Campeonato Cearense este ano. Tiveram de sair para jogar em outras praças. Vivem também em extrema dificuldade, ou melhor, sobrevivem. É uma colocação mais correta. Um motivo a mais que depõe contra o Campeonato Cearense. É triste.
Exceção
Dos times médios, só o Uniclinic, com a atual estrutura, dá sinais de vitalidade para seguir. Nesta parte, louve-se a postura de Vanor Cruz, Jurandir Júnior e Maurílio Silva, que estão conseguindo manter o time num padrão capaz de encarar desafios mais difíceis. Mas esse caso é uma exceção. Como fazer um certame só com três clubes?
Senhor Mauro
Pelo que aqui está exposto, o senhor, como presidente da FCF, deve já colocar as barbas de molho. Se o senhor defende a existência dos campeonatos estaduais, medite sobre a situação dos tradicionais clubes aqui citados. É um aviso apenas. Mas os sinais agourentos estão no ar. Os que são contra os campeonatos estaduais me parecem mais fortes.
Calendário. Há alguns dias a CBF divulgou o calendário oficial do futebol brasileiro para 2017. A novidade está exatamente no encurtamento dos campeonatos estaduais, que terão apenas 18 datas (de 29/01 a 30/04), uma a menos com relação ao certame estadual realizado este ano. Já os regionais chancelados pela CBF, como a Copa do Nordeste e a Copa Verde, seguem de forma inalterada, isto é, com oito datas. Pelo visto, só os "estaduais" seguirão perdendo prestígio, até chegarem à extinção.
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