Na década de 1950, campinhos de futebol, sob frondosas mangueiras. Centros geradores de jovens craques que jogavam seus rachas. Dali saíram ídolos como Moésio, Mozart, Haroldo Castelo Branco, Fernando Sátiro, Pedrinho Simões, Leilá, Zé Mário, William... Os anos passaram. Os campinhos viraram praças bucólicas, agradáveis. Hoje, lamentavelmente, praças de violência e de marginais. Praças de penas de morte, antes executadas isoladamente, mas já agora de execução coletiva, tipo a chacina de sábado passado. Assassinatos em bloco. Desafio em bloco. De bucólica não há mais nada. Praça do medo, do pânico, do pavor. Falência e desmoralização das autoridades. Falta de aviso não foi.
Foco
Queria comentar hoje a vitória (2 x 1) do Ceará sobre o Sampaio Corrêa, a vitória (0 x 2) do Floresta sobre o Iguatu e derrota (1 x 0) do Ferroviário para o Globo. Mas, no momento, nada mais me preocupa senão a segurança dos que moram nas proximidades do PV. Já não há praças, mas sim campos de execução.
Balela muita
No dia 22 de novembro de 2011, às 12h30, em plena luz do dia, o professor do IFCE, Vicente de Paulo Miranda Leitão, 46 anos, foi barbaramente assassinado na Pracinha da Gentilândia. Sua esposa viu a execução. Houve um clamor. Durante alguns dias, a praça ficou cheia de policias. Dias depois, sumiram todos.
Recordando
A partir da esquerda: os irmãos Moésio e Mozart Gomes, ídolos do futebol cearense nas décadas de 1950 e 1960, forjados nos campinhos da Gentilândia, no tempo em que não havia esta violência desenfreada, incontida e avassaladora. Valia o entretenimento, o respeito, a amizade, a solidariedade. Inesquecíveis tempos de paz.
Sabem de tudo
As autoridades, de uma forma geral (PM, Polícia Civil, Ministério Público, Secretaria de Segurança Pública), não podem alegar desconhecimento de tudo o que vem ocorrendo na praça defronte ao PV, ao lado do IFCE, e na Praça João Gentil, principalmente em dias de jogos ou de shows. Sabem. Fingem que não sabem.
Transtornos
Que critérios são usados para a liberação de shows na área da Gentilândia? Escutam a opinião dos moradores? Que tipo de espetáculo? Que segurança? Se os governantes morassem nas casas ao redor das citadas praças aceitariam tais transtornos? Tenham mais respeito para com os moradores das praças.
Praça João Gentil
A pracinha sob frondosas mangueiras. Nos anos 1950, antes de ser praça, foi campinho de futebol. Campinho de areia. Nela os futuros jogadores aprendiam os segredos da bola. Foi cenário da minha infância e da minha juventude. Cenário de harmonia, de um tempo feliz. Hoje é guerra. Matança. Será que alguém conseguirá devolver à pracinha o encanto e a ternura de outrora? Não creio mais.
Desassossego. Ainda estou traumatizado com tudo o que acontece nas Praças da Gentilândia. Novos shows serão programados. Os jogos de futebol continuarão acontecendo no PV. Mais alguns dias, aí a chacina cairá no esquecimento, tal como esqueceram o bárbaro assassinato do professor Vicente de Paulo Miranda Leitão. Então nós, os moradores do bairro, continuaremos sob a mira de armas variadas. E principalmente sob a fictícia blindagem dos diáfanos discursos governamentais à prova de bala.